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22 DE DEZEMBRO DE 1982 983

quinta, ficam à espera que ele nomeie sucessor à sua altura ou seja substituído por qualquer outro que por muito bom que seja não passará da ajuda para apanhar as laranjas pisadas junto ao muro.

O Sr. Santana Lopes (PSD): - É só fruta!

O Orador: - Na quinta - ele arranjará formas dissuasoras mais ou menos convincentes, mais ou menos agressivas -, nem pensar entrar!
E o dono da quinta manda podar as árvores e deles já só se enxergam umas pontas raquíticas dos ramos. Laranjas caídas, cada vez menos.
De facto ressalta, de forma cada vez mais evidente, que a direcção do movimento sindical não corresponde às necessidades de luta que se põem aos trabalhadores, não quer entender sequer o carácter imperioso de tirar campo de manobra aos governos e governantes reaccionários.
Tudo isto vem na linha das queixas a Eanes, dos pedidos a Eanes, da transferência da luta do campo material para o campo institucional.
Os conflitos sociais seriam em si mesmo um mal - como, aliás, dizem os reaccionários...- e portanto aproveita-se a mínima oportunidade para evitar uma situação de conflito.
Para os trabalhadores o conflito social é uma consequência do regime de exploração e repressão e só terminará com o fim desse regime.
Entretanto o conflito social só pode manter-se e agudizar-se, porque sem ele não haverá melhores condições de vida e servirá para cortar as saídas aos governantes, desde a AD a Eanes, para garantir melhores condições de luta, para transformação da situação política de forma inequívoca a favor dos trabalhadores.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não é a primeira vez que Balsemão se demite. Nem é a primeira vez que se agudizam as contradições na AD e no PSD.
Há cerca de um ano e meio Balsemão demitiu-se. Não faltou, na altura, quem embandeirasse em arco garantindo que Eanes iria assumir as suas «responsabilidades».
Balsemão voltou reforçado por Freitas do Amaral. Na altura dissemos que as lutas dos trabalhadores, se de facto tiveram influência na crise governamental, não tinham tirado o campo de manobra à direita. Porque se mantiveram no respeito pelo jogo institucional. E o executivo ressurgiu mais reaccionário e mais ameaçador.
Hoje insistimos em alertar para o perigo que é rejubilar com uma manobra da burguesia destinada a garantir o reforço e a eficácia da acção antipopular nas novas condições criadas pela derrota eleitoral da AD nas eleições autárquicas.
A demissão de Pinto Balsemão tem, não esqueçamos, o aval de Ronald Reagan. Ela inscreve-se na estratégia imperialista, na qual também entra Ramalho Eanes, de «tirar argumentos» à oposição, reduzir a dinâmica criada, por mais pequena que seja, pela oposição popular, por forma a permitir * reconstituirão das mesmas condições de exploração e esbulho, ainda que com novas caras, salvaguardando o mais possível a coesão dos partidos reaccionários.
Nessa estratégia caem todas as posições, chamem-lhes de esquerda, chamem-lhes de direita, que contribuam para retirar impulso à luta operária popular.
Nessa estratégia caiu, naturalmente, a desconvocação da greve da Petroquímica.
Nessa estratégia cai também a posição do PCP ao proclamar que a demissão do Primeiro-Ministro foi «uma vitória democrática de grande transcendência», numa atitude voluntarista repetida até à exaustão da vontade da luta dos operários para convencer o Presidente da República a dissolver a Assembleia e a marcar eleições antecipadas.
Nessa estratégia cai, ou está, obviamente, o PS, ao fazer a exigência de eleições antecipadas enquanto colabora activamente na divisão, estagnação e paralisia do movimento sindical.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os operários e os trabalhadores em geral perguntam fundamentalmente em que medida a demissão de Pinto Balsemão vai impedir os aumentos dos preços, vai impedir os despedimentos já preparados, vai impedir o desmantelamento da Lisnave e da Setenave e a liquidação da Messa, vai impedir a miséria dos camponeses e a liquidação da Reforma Agrária? Em que medida vai impedir a entrada na CEE, vai impedir cada vez mais dependência das multinacionais, vai impedir a entrega do nosso país à NATO e das nossas bases à força de intervenção rápida americana, vai impedir o envio de soldados nossos para o Líbano ou para a África!
A resposta passa por uma exigência primária, imediata, sem contestação, e que unirá todos os trabalhadores. Essa exigência é: Nem mais um governo ADU
A forma institucional que deverá corresponder a esta exigência é já uma questão secundária.
Até porque, para os trabalhadores, a exigência da queda do governo AD e de nem mais um governo AD se pôs e põe de forma imperativa, haja ou não solução ou resposta institucional.
Ou seja, para os trabalhadores p fundamental é a sua unidade, a sua luta e os caminhos que ela deve tomar.
Naturalmente que se Eanes estiver disposto a corresponder à exigência operária popular, expressa desde há 3 anos, enquanto aumentavam os sacrifícios e diminuía o nível de vida, deverá dissolver a Assembleia e marcar eleições antecipadas. Mas esse é o problema de Eanes e o problema dos operários, dos trabalhadores e do povo é criarem pela luta as condições que impeçam novos governos AD, as condições que impeçam as consequências funestas da política levada a cabo pela AD, mas que tem sido, de uma forma ou de outra, a política do regime do 25 de Novembro.
Por isso, na rua, a exigência dos trabalhadores, de «nem mais um governo AD», deve estar ligada a formas de luta firmes e decididas contra os despedimentos, contra o pacote do Mello, ...

O Sr. Santana Lopes (PSD): - Pacote de mel?

O Orador: -... contra a venda da Setenave, pela reposição do poder de compra, pelo apoio à Reforma Agrária e aos camponeses pobres, contra a cedência