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7 DE JANEIRO DE 1983 1043

como Meios e Britos; abertura da banca, seguros e cimentos e todos os sectores à voracidade dos monopólios, e, enfim, para salvar Portugal, impor estas medidas à porrada.
É esta a elevada missão que Vítor Crespo, já treinado no MEC na repressão a estudantes e professores na corporativização da Universidade e na degradação total do ensino, está decidido a cumprir para corresponder às exigências do Presidente (governo sólido) e às exigências da CIP (governo que assuma as suas responsabilidades e actue sem tibiezas, nem hesitações)!
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Esta estratégia geral da burguesia corresponde às ordens dos Americanos, que, enquanto exigem novos pedaços do território nacional para as suas aventuras belicistas, impõem o ritmo da dança aos ursos e focas que dirigem este país.
Impor o maior número de medidas brutais contra os trabalhadores, o povo e a independência nacional, aproveitando os estertores da agonia da AD, criando uma certa irreversibilidade estrutural que permita ao bloco central, defendido pelo PS, PSD (Balsemão), PSD (ilhas), Eanes e Americanos, consolidar o domínio dos monopólios e das multinacionais com a maior passividade possível dos trabalhadores.
Como o agravar da crise irá também levar à falência da política do centro, a luta e a revolta dos trabalhadores exigirão o aparecimento do segundo cavalo em que jogam os Americanos e que por agora está tirado da chuva, como já dissemos, por Freitas do Amaral, entre outros. O primeiro cavalo é a chamada social-democracia; o segundo é o fascismo. Todos os conhecemos.
Terá êxito esta estratégia?
Para já ela conta à partida com aqueles que, embora não directamente implicados, lhes abram o caminho, mantendo, através do controle das estruturas sindicais e de uma táctica política oportunista, reformista e expontaneísta, os trabalhadores, e em especial a classe operária, na expectativa.
Só de facto grandes ilusões, embora cada vez mais insustentáveis, nas potencialidades ditas democráticas do regime novembrista, permitem que os operários assistam hoje placidamente às negociatas destinadas, todas elas, a partirem a espinha à sua unidade e combatividade e a atirarem, de forma incomportável, com a crise para cima dos seus ombros e não estejam numa acção generalizada e radical, impondo na rua a sua saída para a crise, a única que conjurará a ameaça do fascismo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: 3 questões convém pôr aos trabalhadores, aos democratas e antifascistas. Primeiro, de facto, a vitória de Eanes serviu para afastar Soares Carneiro. Mas serviu depois essa vitória, de facto, para combater a direita? Não está Soares Carneiro no órgão supremo da Justiça Militar? Não nomeou Eanes os governos da AD e o 3.º governo AD, mais raccionário do que o segundo? Não deixou Eanes passar a revisão reaccionária da Constituição? Não consentiu neste terceiro fôlego à AD, exigindo-lhe apenas que esgote o cumprimento da sua missão reaccionária com aptidão e zelo? Não defende Eanes o novo papel das Forças Armadas como instrumento activo dos planos imperialistas dos Americanos para África e Médio Oriente?
Segundo, de que valeram os votos dos trabalhadores dados ao PS? Não serviram o boicote das greves gerais e de muitas lutas pela contratação colectiva? Não deram à AD a possibilidade de cumprir o seu programa reaccionário, de rever a Constituição, impor a Lei da Defesa e agravar as condições de vida do povo? Não deram mais força a Soares e Zenha para prepararem um governo PS/PSD para o futuro? Não foram os governos PS que ajudaram a crescer a base social de apoio da direita?
Terceiro, de que valeu a confiança dos trabalhadores na direcção do PCP sobre o movimento sindical e nas suas alternativas eleitorais? Não alimentaram a ilusão numa maioria de esquerda que nunca existiu de facto? Não amarraram o movimento popular a um presidente que não tomou uma única medida de oposição frontal à direita? Não subordinaram a luta dos trabalhadores às instituições de um regime onde, lenta e democraticamente, se legaliza o terrorismo de Estado e os saneamentos à esquerda - primeiro nos quartéis e agora nas empresas-, se impõe a carestia, o desemprego e a falta de habitação para as famílias trabalhadoras e para a juventude, se acentua a miséria para os pequenos camponeses, se destroiem e leiloam cooperativas e UCP's?
Sr. Presidente, Srs. Deputados: 7 anos depois do 25 de Novembro são uma já longa e dura experiência que mostra à saciedade a falência total de toda a demagogia reformista de defesa do regime novembrista. Todas as soluções falharam e o bloco central não será mais do que repetição de aldrabices antigas e demagogia sem crédito.
A AD quebra-se com certo estrépido, mas a vida dos trabalhadores não está a melhorar. Continua a piorar.
A crise de que todas se reivindicam servirá para o bloco central apoiar as medidas antipopulares de que nenhum dos seus promotores nega a necessidade. Mais miséria e repressão é o que a crise trará para os trabalhadores.
O bloco central é uma porta aberta para a fascização do regime, enquanto vai permitindo a pausa necessária para a direita se recompor. Assim se esgotam, num autêntico círculo vicioso, todas as saídas democráticas do regime, que, como sempre afirmámos, não passam de demagogia.
A UDP aponta aos trabalhadores o caminho da unidade, contra a direita, em torno das suas reivindicações imediatistas. Como sejam: pagamento dos salários em atraso e do 13.º mês, proibição dos despedimentos e fim dos ataques às nacionalizações e à Reforma Agrária, congelamento dos bens alimentares de primeira necessidade, transportes e rendas de casa, recusa de qualquer saída de soldados portugueses para acções no estrangeiro, recusa de cedência de mais bases aos Americanos, saída de Portugal da NATO e saída das bases americanas no nosso país.
Lutando por estes objectivos, lutar-se-á para correr com a AD do poder, avançando com uma greve geral que imponha a imediata convocação de eleições gerais antecipadas e afirme a alternativa operária e popular de obrigar os ricos a pagar a crise, ganhando terreno para a luta contra os governos antipopulares que se irão forjar.
Neste caminho, que destroçará o regime de Novembro e abrirá de novo as esperanças de Abril, está a única solução da crise a favor de quem trabalha.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Lemos Damião.

O Sr. Lemos Damião (PSD): - Sr. Deputado Mário Tomé, é por uma questão de simpatia pessoal que tenho para com V. Ex.ª que eu, depois de todo este arrazoado que aqui nos trouxe, lhe peço alguns esclarecimentos. O Sr. Deputado brindou-nos de facto com questões que são importantes. Falou em ratos e ratazanas. Nós também