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7 DE JANEIRO DE 1983 1045

A Sr.ª Natália Correia (Indep.): - Muito bem!

O Orador: - Se viu o filme Nosferatu, de Herzog, sabe que o fascismo é representado pelo rato.
Além dos ratos que fogem do navio, fazemos a ligação aos ratos que fazem apodrecer as sociedades. Isto para explicar a razão dos ratos que referi na minha intervenção.
Em segundo lugar, queria dizer ao Sr. Deputado que o que digo em nome dos trabalhadores é o que V. Ex.ª não é capaz de dizer, isto é, eu digo: exigimos o pagamento dos salários em atraso e do 13.º mês; a proibição dos despedimentos e o fim dos ataques às nacionalizações e à Reforma Agrária; o congelamento dos preços dos bens alimentares de primeira necessidade, transportes e rendas casa; a recusa de qualquer saída de soldados portugueses para acções no estrangeiro; a recusa de cedência de mais bases americanas; a saída de Portugal da NATO. Isto é o que os trabalhadores e o povo português exigem.

O Sr. Lemos Damião (PSD): - Quais trabalha? dores?!

O Orador: - O senhor não é capaz de defender isso aqui, enquanto que eu sou. É essa a minha legitimidade.
Quanto ao terceiro cavalo, eu não o referi, mas vou dizer-lho. Ele é o único de que V. Ex.ª tem medo. Eu bato-me contra o cavalo da social-democracia e do fascismo, não tenho medo do outro, enquanto que o Sr. Deputado tem medo do terceiro cavalo, isto é, o da revolução popular. É desse que V. Ex.ª tem medo. É esse o cavalo que monto e é com esse que conto para transformar este país.
Quanto à legitimidade dos governos AD, já há muito tempo que digo que a não têm, desde o primeiro dia em que começaram a governar. Começaram a governar contra o povo e perderam imediatamente a legitimidade. O povo, mesmo aquele que votou enganado, votou nos senhores para que trabalhassem a favor da defesa dos interesses populares e, desde o primeiro momento, vocês começaram a governar contra ele. Por isso, não têm qualquer legitimidade.
Diz o Sr. Deputado Manuel Alegre que a direcção do PS rejeita a tese do bloco central.
Em primeiro lugar, já foi bom começar-se a falar no bloco central para as pessoas começarem a ficar nervosas e falarem sobre isso.
Em segundo lugar, não me serve de nada a direcção do PS dizer que rejeita a tese do bloco central, porque a direcção do PS já disse muita coisa que desdisse logo a seguir.
Em terceiro lugar, consideramos que o bloco central pode não fazer-se antes das eleições, mas pode fazer-se depois das eleições, mesmo que não haja alianças. O bloco central faz-se na prática, como já, aliás, o fizeram com a "lei Barreto", com a lei dos contratos a prazo e, de uma forma clara e evidente, com as Leis da Revisão Constitucional e da Defesa Nacional.
Portanto, Sr. Deputado Manuel Alegre, estes blocos políticos não são apenas formais. Devemos ver fundamentalmente qual é a substância política que está na movimentação e naquilo que os partidos fazem.

O Sr. Silva Marques (PSD): - A substância política é o Enver Hoxa, Sr. Deputado. Não há outra substância política!

O Sr. Presidente: - Para um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Lemos Damião.

O Sr. Lemos Damião (PSD): - O meu protesto é no sentido de, em primeiro lugar, pedir ao Sr. Deputado Manuel Alegre para que, com o seu talento, se possível, nos seus momentos de ócio, de boa disposição, faça uns versinhos ao Sr. Deputado Tomé, porque ele, simbolizando, ao fim e ao cabo, o povo, requer uns versos que todos nós, com certo gáudio, poderíamos aceitar de V. Ex.ª.
É pena que o Sr. Deputado Mário Tomé, em vez de se chamar Tomé, não tenha outro nome. Se se chamasse Lacerda, eu, que não tenho jeito, certamente teria facilidade em lhe fazer uns versos...

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Se é para o mandar à merda, eu mando-o!

O Orador: - Há coisas que o Sr. Deputado Mário Tomé não percebe. Quando o Sr. Deputado aqui fala em coisas sérias, não sabe V. Ex.ª o que é um governo sólido? Não sabe nem nunca saberá, porque nunca terá possibilidade de ter a confiança de alguém no sentido de pertencer a um governo. Por isso mesmo não pode entender.
Mas se quiser saber o que é um governo sólido faça favor de o perguntar à Aliança Democrática que nós dizemos-lhe. Ou então, se tem dúvidas, quanto ao Sr. Presidente da República, pergunte-lhe a ele que é capaz de lhe dizer.
No que diz respeito ao povo e aos trabalhadores que diz representar, devo dizer-lhe que V. Ex.ª, hoje, aqui, com muita serenidade, insultou-os e muito.
Sr. Deputado Mário Tomé, perdoe-me que lhe diga, mas quando V. Ex.ª diz que monta o terceiro cavalo, que monta o cavalo popular de que eu tenho medo, é porque, efectivamente, V. Ex.ª quer montar o povo. E o povo não deixa, Sr. Deputado!

Risos do PSD, do CD S e do PPM.

Disse ainda que o povo votou enganado. Sr. Deputado, olhe que o povo português já demonstrou por várias vezes que pode não saber o que quer, mas que sabe aquilo que não quer. E tem dito que não quer quem o monte, que não quer a via revolucionária que V. Ex.ª defende.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, é para, muito rapidamente, dizer ao Sr. Deputado Lemos Damião que eu não tenho vocação para o tipo de rima que me sugeriu, pelo que a deixo ao seu talento poético.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé, para contraprotestar.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Queria apenas lamentar que o PSD, a AD ou aquilo que dela resta ponham nas