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1044 I SÉRIE-NÚMERO 30

conhecemos essa linguagem e sabemos onde V. Ex.ª se formou: aí, sim, há de facto muitos ratos e ratazanas. Por isso ê que, com medo do raticida, o Sr. Deputado saiu de lá e veio aqui parar. Foi pena.
A seguir falou em saídas de aqui, de além e de acolá. Sr. Deputado, é de facto necessário acabar com tudo isto para que V. Ex.ª saia depressa e em força. É que a linguagem que usou não é a linguagem dos trabalhadores. Á linguagem que usou não conduz a nada.
Outro dia, num debate em que falámos de deficientes e de deficiências, eu disse-lhe tudo, mas V. Ex.ª não percebeu. Há com certeza da sua parte uma deficiência terrível que não entende. Essa linguagem não interessa a nós, muito menos ao povo português e ainda muito menos aos trabalhadores.
Que trabalhadores representa V. Ex.ª? Em nome de que trabalhadores é que fala? V. Ex.ª fala em nome de uma força revolucionária que hoje, pelos vistos, já está desactualizada no nosso país.
Mais: O Sr. Deputado vem falar em ladrões primários, dizendo que os primeiros eram os Meios e os Britos. Esqueceu-se de referir a terceira componente. Ponho à sua consideração e inteligência para descobrir essa terceira componente.
A seguir vem falar em 3 cavalos. O primeiro era a social-democracia e o segundo era o fascismo. Gostaria de saber a sua opinião sobre qual è o terceiro cavalo,...
O Sr. Silva Marques (PSD): - O terceiro é o Enver Hoxa!

O Orador: - ... pois devo dizer-lhe que já estamos fartos dele.
Finalmente, gostaria de saber se não acha que, ao fim e ao cabo, todo este brinde que V. Ex.ª nos proporcionou ao longo de todos estes anos era imperioso que acabasse, porque esse seu tipo de linguagem não nos interessa. Pelos vistos, o Sr. Presidente da República, que é a entidade máxima deste país, não o ouve, assim como também não o ouve ninguém de bom senso neste país.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Quer calar-nos a voz!

O Orador: - Não é disso que se trata, Sr. Deputado. Eu não lhe quero calar a voz. Simplesmente, V. Ex.ª clama, clama, mas é uma voz que clama no deserto. Ninguém o ouve.
Sr. Deputado, acha ou não que a Aliança Democrática continua a ter legitimidade para governar até 1984? Todos os trabalhadores e toda a maioria democrática deste país disseram, quando deram o seu voto, que tínhamos legitimidade para governar até 1984 e ainda hoje continuamos a ser a maior força deste país porque, até novas eleições, temos legitimidade para governar.
Gostaria, pois, de saber se entende assim ou não, para vermos se o nosso jogo democrático, o jogo onde, ao fim e ao cabo, nós nos movemos, é ou não o mesmo. Se não for, temos dito, e então, sim, venham os cavalos porque cavaleiros já temos: somos nós, Sr. Deputado.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - De várias cores!

O Sr. Silva Marques (PSD): - O que queremos é melhor informação sobre a história de Enver Hoxa!

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Manuel Alegre (PS): - É para prestar um esclarecimento ao Sr. Deputado Mário Tomé, sob a forma regimental do protesto.

O Sr. Presidente: - Com certeza, Sr. Deputado.
Sr. Deputado Mário Tomé, pretende responder já ao Sr. Deputado Lemos Damião ou no final do protesto do Sr. Deputado Manuel Alegre?

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Respondo no final, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem então a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Recorro à forma regimental do protesto; contudo, ele tem o sentido de um esclarecimento feito muito calmamente para tranquilizar o Sr. Deputado Mário Tomé e a Câmara, porque a vida política portuguesa está tão confusa que não é necessário confundi-la ainda mais.
É para dizer ao Sr. Deputado Mário Tomé que a direcção do Partido Socialista rejeita a tese do bloco central. Provavelmente o Sr. Deputado não lê a Acção Socialista, porque se o tivesse feito teria visto um artigo que eu próprio escrevi em que dizia que a tese do bloco central ruiu em Espanha e não tem qualquer viabilidade em Portugal. A mesma afirmação foi feita pelo secretário-geral do meu partido.
Por outro lado, convém já agora dizer que o Partido Socialista não aceitará participar em nenhum governo antes das próximas eleições e não fará qualquer aliança para essas eleições. Apresentar-se-á com o seu projecto, com a sua sigla, como Partido Socialista, sem alianças.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Era este o esclarecimento que, muito simples e calmamente, queria dar ao Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Queremos é mais informações sobre aquela história dos tiros sobre o Enver Hoxa. Nós queremos é saber como é que ele se conseguiu safar!...

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Em primeiro lugar, vou esclarecer o Sr. Deputado Silva Marques: é que aos fachos Enver Hoxa dá cabo deles.
Sr. Deputado Lemos Damião, nós, às vezes, para falar, temos que fazer uso de determinadas metáforas que exigem, digamos assim, um certo recurso a uma certa cultura básica.

Risos do PSD e do CDS.

Quando falo em ratazanas e em ratos é porque os ratos, de há muito tempo, e nomeadamente no livro A Peste, de Albert Camus, estão associados a formas vis de subversão da sociedade e do homem, especialmente o fascismo.