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1132 I SÉRIE -NÚMERO 33

O Sr. Silva Marques (PSD): - Não voltemos ao debate sobre a questão do aborto, por favor!

Risos do PSD.

A Oradora: - Bem, continuo a não perceber o seu raciocínio. Mas enfim...

O Sr. Silva Marques (PSD): - É que eu tenho filhos na escola, Sr.ª Deputada.

A Oradora: - Então acho que os deve acompanhar melhor, Sr. Deputado.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Aí já admito que não esteja a cumprir bem!

A Oradora: - É pena que não tenha, então, consciência de como estão as nossas escolas. Bem, mas como não me parece que estejamos aqui a medir encargos familiares, vou prosseguir.
O Sr. Prof. Vítor Crespo é responsável neste país por variadíssimas coisas muito graves. Em linhas gerais posso dar-lhe o exemplo de algumas.
Ele criou o 12.º ano;.. Pedia-lhe a sua atenção, se faz favor, Sr. Deputado. É um mero acto de cortesia. Dizia eu que ele criou o 12.º ano de uma forma que leva a uma enorme selectividade. Hoje nas nossas universidades só podem entrar os que tenham possibilidades de pagar a explicadores ou aqueles que vão para a Universidade Livre, quando não são agredidos pelas disputas dos reitores que se puseram à frente dela, ou para a Universidade Católica, para onde se pode entrar com outro tipo de exame, e não há muito mais hipóteses.
Ora isto, num país que tem falta de elites, é muito grave. Mas mais grave ainda é que o Prof. Vítor Crespo quebrou qualquer hipótese de profissionalização neste país. Criou uma via profissionalizante, onde se inscreveram 2000 alunos em todo o País - não sei se sabe o que isso quer dizer- e que abria para o vazio. Quer dizer que os institutos superiores técnicos, médios e politécnicos ficaram no papel, porque nunca foram criados. Hoje não há em Portugal nenhum processo de profissionalização, senão através do Ministério do Trabalho, em cursos acelerados.
Isto para já não falar em coisas mais graves, como é tudo o que se fez na escola primária. As escolas primárias trabalham hoje em 4 turnos. Não sei se o Sr. Deputado tem ideia do que isso é para as crianças e para os professores.
A falta de escolas duplicou, pois o número de alunos cresceu e as escolas não foram construídas, como razão de várias tricas governamentais que não aprofundo neste momento.
Estes pontos...

O Sr. Presidente: - Sr.ª Deputada, peco-lhe que abrevie, pois o seu tempo já terminou.

A Oradora: - Sr. Presidente, as perguntas são muitas e penso que deviam ter sido feitas por 3 deputados.

O Sr. Presidente: - Lamento muito, mas a Sr.ª Deputada dispõe apenas de 3 minutos e, por isso, peco-lhe que conclua.

A Oradora: - Respondo-lhe agora à questão da alternativa e dos 4%.
Os 4% para nós, em número de votos, não têm nada a ver com a organização das populações. O Sr. Deputado vive num mundo em que me é difícil acompanhar o seu raciocínio, porque é o mundo da política governamentalizada que não entendo nem quero entender.
Quanto às alternativas que apresentamos para resolver a crise são simplesmente eleições antecipadas e ver qual será o seu resultado. Nós acreditamos na dinâmica social, Sr. Deputado; nós não vivemos fechados neste hemiciclo ou nos gabinetes; nós não passamos a vida a ver se vamos ou não para o Governo. Há pessoas sérias neste País, Sr. Deputado; há pessoas que acreditam que o povo chega lá pelo seu próprio esforço e que a honestidade dos chefes políticos é indispensável para se criar um ambiente salutar.
E isso, Sr. Deputado, que não pode de forma nenhuma entender, porque senão não estava sentado na bancada onde está.

Aplausos do MDP/CDE, do PCP e do Deputado do PS Marcelo Curto.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Silva Marques pediu a palavra para que efeito?

O Sr. Silva Marques (PSD): - É para um protesto, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr.ª Deputada, utilizei talvez em excesso algumas reacções em termos de aparte à sua intervenção, mas permita-me chamar-lhe a atenção que foi na sequência do facto de a Sr.ª Deputada ter trazido para aqui umas pobres crianças absolutamente inocentes, que por acaso até existem.

Vozes do PCP: - Por acaso?!...

O Orador: - Isto é só para que a Sr.ª Deputada fique ciente e esclarecida da razão por que lhe fiz os meus apartes.
Relativamente à minha falta de educação, peco-lhe desculpa, mas entregaram-me uns papéis nessa altura. De qualquer modo, segui mais ou menos o que a Sr.ª Deputada disse.
A Sr.ª Deputada deixou-me esta dúvida, e eu protesto para que a tente esclarecer. V. Ex.ª, aparentemente, não discordou em relação a qualquer aspecto importante da política do Prof. Vítor Crespo, pois, segundo acabou de declarar, do que discordou foi do facto de as medidas terem ficado no papel. Mas eu tinha dito que punha de lado essas questões.
No entanto V. Ex.ª disse que, quanto ao ensino polivalente, quanto aos escalões médios do ensino, o que era inaceitável era isso ter ficado no papel. Ora eu tinha posto de lado esse aspecto da incapacidade de implementação do nosso governo. Eu tinha tentado que a Sr.ª Deputada discutisse apenas a proposta política do Governo.
Finalmente, coloquei-lhe uma questão em que volto a insistir. Levantei-lhe uma dúvida em relação à, sua atitude quanto à democracia representativa. V. Ex.ª acabou de me dizer que só têm 4%, mas que isso é muito menos do que aquilo que efectivamente têm, porque V. Ex.ª acredita na dinâmica do povo. Volto a perguntar-lhe: e na democracia representativa, acredita?