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1246 I SÉRIE - NÚMERO 37

bleia Constituinte, líder dos esquadrões da morte e do partido fascista ARENA.
Eleições ideais para os Americanos, para os fascistas salvadorenhos e para os nossos democratas de pacotilha, sabujos indefectíveis dos ianques, adoradores de A Balada de Hill Street e de Strike Force, como formas civilizadas e exploratórias dos esquadrões da morte das forças especiais e antiterroristas que Angelo Correia jurou não morrer antes de ter formado.
E, de facto, assim fez, numa encenação grotesca, mostrando ao povo português verdadeiros terroristas encapuçados que é a que eles são. Como a UDP sempre disse, o terrorismo de Estado afirma-se e reforça-se pela mão canhestra do Sr. Angelo Correia, com o apoio, ou pelo menos com o silêncio cúmplice, da democracia institucional e dos partidos do regime.
Para os nossos reaccionários, o mundo está ainda dividido em duas grandes categorias: o Terceiro Mundo - árabes, índios, pretos e amarelos, o mundo das guerrilhas, das revoluções, das experiências das armas mortíferas e sofisticadas e dos esquadrões de morte, e o Mundo Ocidental, civilizado, dos brancos, onde há forças antiterroristas, strike forces, e uma convivência democrática garantida pelo domínio incontestado da ideologia oitocentista, com as adaptações históricas, técnicas e científicas indispensáveis.
Os velhos e novos impérios têm, pois, de pôr ordem no Terceiro Mundo; e, já agora, sacar 5 dólares por cada dólar lá investido em ajudas generosas e tantas vezes incompreendidas.
Quanto à velha Europa, especificamente, nada de revoluções! Isso é para gente atrasada! Quando muito, uma guerra nuclear limitada para deixar os Estados Unidos da América mais aliviados para tratarem da América Latina.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: As eleições em El Salvador foram, não só um desaire total, com uma verdadeira fraude, como, aliás, não podia deixar de ser. Só para os nossos «democratas» do PSD e do CDS, lambendo as pegadas dos seus amigos americanos, para os mesmos senhores que clamam estar a democracia em perigo quando há uma manifestação mais expressiva ou até violenta da parte do povo, é que umas eleições, sob a mira das armas dos militares fascistas e dos assassinatos dos esquadrões da morte, podiam ser democráticas! «Democráticas», porque serviam os seus intentos de tentar desacreditar e desmobilizar a luta heróica do povo salvadorenho.
Vejamos então: foram anunciados ao mundo 1551687 votos. No entanto, um estudo profundo e detalhado realizado pela Universidade Centro Americana de São Salvador (UCA) e dirigido pelos Jesuítas revela o seguinte: antes de se realizarem as eleições e dada a inexistência de censo eleitoral, as próprias autoridades falavam de 1,2 milhões de votantes possíveis! Mas o elevado número de refugiados e a situação interna de guerra levaram essas mesmas autoridades, o pró-cônsul norte-americano Dean Hilton e fontes autorizadas de Washington, a afirmarem que 500000 ou 600000 votantes já seriam uma grande vitória.
Segundo o estudo da UCA, se as 4021 umas espalhadas pelo país tivessem funcionado durante 12 horas e cada votante tivesse demorado 2,5 minutos, o máximo de votantes possível seria de 1,1 milhões.
No entanto, o próprio conselho eleitoral afirmou que 3 minutos seria o tempo mínimo de votação.
Por outro lado, os locais de voto funcionaram 8 horas e houve zonas inteiras, controladas pelo FDR/FMLN, onde não funcionaram. Ou seja, na melhor das hipóteses, o máximo de votos possíveis era de 643000! Em face da situação, o chefe, o cônsul Dean Hilton, reuniu os lideres dos partidos em 29 de Março, e acordaram os resultados finais sob a condição de não serem contestados por nenhum deles.
Foi o conhecido «pacto de 29 de Março» que pretendeu encobrir a introdução de 700000 votos adicionais nas umas - uma grande chapelada que só a AD seria capaz de fazer. Pacto para dar credibilidade e legitimar a fraude que impôs um governo controlado pelos sectores mais reaccionárias da oligarquia salvadorenha, nomeadamente através de Roberto d'Aubuisson.
Como resultado natural, as forças totalitárias e antidemocráticas - no entender dos deputados Silva Marques e não sei qual hei-de escolher em representação do CDS - continuaram a luta, apoiados pela generosidade do povo salvadorenho, que sofre, nas zonas não libertadas, as mais cruéis e bárbaras represálias por apoiar os combatentes da liberdade.
Apesar das vitórias cada vez mais claras da FDR//FMLN sobre as tropas do Governo Fascista, ajudadas pelas armas, conselheiros e combatentes americanos e pelo exército hondurenho - gendarme especial dos Americanos para a região -, os dirigentes da FDR propuseram aos chefões do Governo ilegítimo e fraudulento conversações sem condições, para suturar a ferida e tentar encontrar uma solução que garantisse a liberdade e o bem estar para o povo.
Quem respondeu em primeiro lugar não foram os salvadorenhos, foi o governo imperialista americano, que exigiu a prévia rendição das forças democráticas e revolucionárias salvadorenhas.
D'Aubuisson, fascista responsável pela morte do Monsenhor Romero, considera o diálogo como a «mais vil traição e o absurdo mais inqualificável», dizendo que na luta contra a guerrilha há que recorrer ao Napalm, pois todas essas formas de extermínio são mais do que legitimadas.
Ministros e chefes do Governo reiteraram a posição de que diálogo só com a rendição incondicional das forças de guerrilha.
Todas estas respostas são absurdas no momento em que cresce a força da guerrilha e do movimento internacional de solidariedade que no nosso país tem sido coordenado pelo GSAL e tem amanhã no Coliseu uma das suas manifestações.
Todas as atitudes dos dirigentes do Governo Salvadorenho estão de acordo com a estratégia provocatória, belicista e imperialista americana, que, para além de não querer ver instaurar-se mais um regime democrático - que, certamente lhe não seria submisso -, pretende manter o estado de guerra para garantir as condições de cerco à Nicarágua, onde continua a querer intervir por acções exteriores e interiores.
E é interessante notar o papel que aí desempenham as Honduras, que de 1981 para 1982 viram crescer a ajuda militar americana para o dobro em venda de armas, ou seja, de 5 para 10 milhões de dólares, prevendo-se para 1983 uma ajuda de 15,3 milhões de dólares. Honduras que, para além de serem uma base de acção contra a Nicarágua e Salvador - quer com os próprios elementos do exército, quer como base para os elementos somozistas rugidos à justiça popular-, é também um território base para os aviões americanos.