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1304 I SÉRIE - NÚMERO 38

mente o que se passa na imprensa estatizada -, mas, só para terminar, cito-lhe um caso: há relativamente pouco tempo, o Sr. Dr. Balsemão insurgia-se contra os jornalistas e operadores da TV pelo facto - e isto está em todos os jornais - de, quando ele se deslocava em visita pelo país e usava da palavra, nunca serem filmadas as palmas das pessoas que o aplaudiam.
Por aí se vê como as coisas são, Sr.ª Deputada.

O Sr. Presidente: - A Sr.ª Deputada Adelaide Paiva pediu a palavra para protestar?

A Sr.ª Adelaide Paiva (PSD): - Exactamente, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então e uma vez que o Sr. Deputado Corregedor da Fonseca decidiu responder imediatamente a V. Ex.ª, dou-lhe também, de seguida, a palavra para formular o seu protesto. Dispõe de 2 minutos, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Adelaide Paiva (PSD): - Sr. Deputado Corregedor da Fonseca, o meu protesto é feito, fundamentalmente, por entender que na sua intervenção há uma subestima de muitos jornalistas portugueses. O Sr. Deputado falou aqui numa segunda classe de jornalistas, os tais que trabalham nos jornalecos. Devo dizer-lhe que a formação dos jornalistas em Portugal é uma preocupação que, certamente, sairá nítida das conclusões deste Congresso, e essa dinâmica é algo que compete à classe. Agora quando o Sr. Deputado Corregedor da Fonseca fala na insuficiência e na carência de grandes reportagens ao nível dos órgãos de comunicação social estatizados e depois fala nos jornalecos, não sei se está a classificar os órgãos de comunicação social estatizados como jornalecos. Aí protesto veementemente, porque os órgãos de comunicação social estatizados têm dignidade, têm bons jornalistas, e não se podem comparar como jornalecos. Também não vejo quais são os jornalecos a que o Sr. Deputado faz alvo. Para mim, os jornalistas constituem em Portugal uma classe muito louvável, que tem tido um trabalho muito ingrato; é uma classe que veio de longas vicissitudes no passado e que se tem procurado alicerçar no presente. A minha intervenção foi, justamente, no sentido de entender que este Congresso é louvável, e tanto mais o será se das suas conclusões saírem, não apenas respostas a problemas pontuais, mas uma dinâmica para o futuro que dignifique, cada vez mais, a comunicação social, que, como tive ocasião de dizer na minha intervenção, entendo ser fundamental para a vida dos Portugueses e para a sua dinâmica cultural. Se essa dinâmica não for feita já, vamos efectivamente encontrar, não digo uma grande macrocefalia de Lisboa e das outras grandes cidades, mas um retardamento no interior e nos pontos mais longínquos, inclusive a nível cívico, que poderá ser combatido através de uma comunicação social correcta. Foi justamente nesse sentido o meu apoio a este Congresso.

O Sr. Presidente: - Para contraprotestar, tem a palavra o Sr. Deputado Corregedor da Fonseca, para o que dispõe do mesmo tempo de 2 minutos.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr.ª Deputada Maria Adelaide Paiva, V. Ex.ª diz que estou a tentar subestimar os jornalistas portugueses ao
falar em jornalecos. Sr.» Deputada, eu falei na unidade existente nos jornalistas. Estão 800 jornalistas reunidos, neste momento, na Fundação Calouste Gulbenkian. Quando falo em jornalecos refiro-me aos jornalecos oficiosos, como o Governo pretendia que todos os jornais estatizados fossem. É evidente que não lhe vou citar aqui certos jornais que considero jornalecos, pois a lista é imensa. O que verifico, Sr.ª Deputada, è que as administrações fazem dos jornais uns jornalecos. Agora imagine como é que os jornalistas se sentem. Jornalistas que, trabalhando quer em jornais de direita, de esquerda ou de centro, sejam eles de que tendência forem, são jornalistas e não podem exercer a sua profissão com dignidade. No Congresso tudo isso vai ser escalpelizado e então terá oportunidade de, pela leitura das teses e das conclusões, verificar aquilo que acabo de dizer.
E evidente que a dinâmica para o futuro que a Sr.» Deputada refere é exactamente aquilo que pretendemos. A dinâmica passa, desde logo, pelo afastamento da AD da área do poder, pelo respeito das leis por exemplo, os directores de jornais têm de ser nomeados com o apoio dos conselhos de redacção -, pelo respeito pelos conselhos de redacção, pelo estatuto editorial, pela nomeação dos administradores por parte dos trabalhadores das empresas públicas, e, a partir daí, começarmos a dignificar os jornais.
Porque os jornalistas, Sr.ª Deputada, são dignos e sabem fazer jornalismo digno.

O Sr. Sousa Marques (PCP): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Lemos.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Sr. Deputado Corregedor da Fonseca, ouvi com atenção as suas palavras e posso dizer que, na sua globalidade, as subscrevo.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Claro!

O Orador: - Queria também, em nome da minha bancada, saudar esta importante iniciativa dos jornalistas portugueses que é o Congresso que, neste momento, se está a realizar na Fundação Calouste Gulbenkian. Não irei referir os casos que aqui trouxe - o escândalo ANOP, o que se passou na Televisão -, mas queria fazer-lhe algumas perguntas sobre um caso muito recente, ocorrido ontem mesmo, e que se vem mantendo há cerca de 1 ano. Faria um pouco de história para situar o problema: há aproximadamente 8 meses o Governo tentou impor ao Jornal de Notícias o nome de Freitas Cruz para seu director. Freitas Cruz, homem conhecido pelo seu apego aos ideais antidemocráticos, responsável pela repressão no Primeiro de Janeiro, foi ontem mesmo nomeado para director do Jornal de Notícias.
A primeira pergunta que lhe faço, Sr. Deputado Corregedor da Fonseca, é a de se saber se considera ou não que esta nomeação é uma provocação aos jornalistas e trabalhadores do Jornal de Notícias, já que ocorre no preciso momento em que eles tinham feito uma greve de solidariedade para com um seu colega que tinha sido despedido precisamente por usar a liberdade de expressão.

Vozes do PSD: - E o caso Júlio Pinto em o Diário?!...