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22 DE JANEIRO DE 1983 1309

O Orador: - Devo dizer que me congratulo pelo facto de V. Ex.ª defender os jornais estatizados. Quanto a esse aspecto, estamos no mesmo lado da fronteira, Sr. Deputado.
E já agora, objectividade por objectividade, quero dizer-lhe que costumo ler diariamente o jornal de que V. Ex.» é director.
Quanto ao acto de consciência, eu já disse, na minha intervenção, o que é que os jornalistas estão a fazer no Congresso.
O Século é realmente um problema doloroso que V. Ex.ª aqui relembrou. É claro que quando se ataca um problema de carácter internacional - ou, como ontem, um problema que se discutiu aqui toda a tarde há deputados que falam no Afeganistão e na Polónia. E quando se fala na comunicação social e no escândalo deste governo AD, quando se fala no assalto e este é que é o verdadeiro assalto - aos órgãos de comunicação social estatizados, vêm igualmente os exemplos da República e de O Século, e isto vai ser assim in illo tempore.
É evidente que terá todo o meu apoio se V. Ex.ª, como deputado e como pessoa interessada, até porque V. Ex.ª foi expulso de director de O Século, dinamizar um processo de inquérito a tudo o que se passou neste jornal. Penso que ficará, no entanto, surpreendido, e talvez fique mesmo muito surpreendido, por saber finalmente quem é que dinamizou o processo da sua expulsão, porque não foram de certeza aqueles que V. Ex.ª disse e saberá também que muito menos fui eu um dos autores dessa efeméride quando V. Ex.ª foi despedido.
Pois queira então fazer o favor de promover uma comissão de inquérito em vez de andar a badalar com o problema da República e de O Século. Desde já lhe digo que terei muito gosto em estar nessa comissão, mas apenas a assistir, porque, como era parte interessada, prefiro estar de fora.
O Sr. Deputado tenta atacar o Congresso...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, peço-lhe o favor de abreviar.

O Orador: - Com certeza, Sr. Presidente. Como dizia, o Sr. Deputado tenta atacar o Congresso. Ora, a verdade é que o Congresso está a fazer doer. E quando cita o nome de um camarada meu, jornalista, que teria sido não sei o quê ou não sei que mais, devo lembrar que esse jornalista foi há vários anos afastado de funções na Televisão pelo Sr. Proença de Carvalho e V. Ex.ª está também a não aceitar a evolução deste e de outros jornalistas. A comissão organizadora deste Congresso foi o mais ampla possível, há 800 jornalistas reunidos, de direita, de esquerda e de centro,...

O Sr. Presidente: - Tenha a bondade de abreviar, Sr. Deputado.

O Orador: - ...e V. Ex.ª só vem dar razão àqueles que pensam que o Congresso dos Jornalistas está a fazer doer fortemente a área do poder.

Aplausos do PCP.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, a Mesa tem estado a conceder um certo alargamento, para além do tempo que é rigorosamente contado pelos sinais luminosos. No entanto, pede a VV. Ex.ªs o favor de, embora seja razoável que possam acabar o vosso pensamento e que uma frase não fique em meio, não se alongarem por tempo que às vezes atinge outro tanto como aquele que regimentalmente lhes é inicialmente concedido.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para formular um protesto em relação às palavras do Sr. Deputado Corregedor da Fonseca.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, nunca fui director de O Século; em segundo lugar, fica de pé, está até demonstrado por aquilo que disse, que o senhor foi uma das pessoas que ajudou, pelas funções que lá desempenhava, ao descalabro de O Século, até à sua total extinção; em terceiro lugar, queria vincar que, no que diz respeito aos meus editoriais, eles são assinados, que são uma manifestação de opinião individual do jornal, que não comprometem o jornal, e suponho que, ao contrário daquilo que o senhor diz, se têm manifestado por uma permanente, ou quase permanente, oposição ao partido em que me situo ou à posição que politicamente deveria defender.
Era isso que eu gostava de ver fazer aos jornalistas, era essa manifestaçãozinha de carácter e de coragem...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - ...para utilizar os meios à sua disposição a fim de restabelecerem a verdade em todos os casos e não servirem «senhoras ideias» que é costume reverenciar e que fica muito bem reverenciar.
Lavro, portanto, o meu protesto contra a sua insinuação de carácter pessoal. Essa não pega e bastaria que o senhor lesse realmente, a A Capital, como diz que lê, para reparar que a minha actuação como jornalista nada tem que ver com a minha actuação política. Não há, Sr. Deputado, um único editorial do meu jornal que o comprometa, porque não há um único que não seja assinado.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Presidente, peço a palavra para contraprotestar.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado. Dispõe de 2 minutos.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Deputado Sousa Tavares, o facto de V. Ex.ª me informar que não foi director de O Século é novidade.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Eu não fui director de O Século.

O Orador: - Que eu saiba, só o Dr. Nandim de Carvalho, quando o tentaram impor, foi director de O Século por 1 dia.
Tenho que contraprotestar duramente as palavras do Sr. Deputado Sousa Tavares quando diz que eu fui o responsável pela extinção de O Século. É lamentável que V. Ex.ª o tenha afirmado porque sabe que isso não é verdade: a seguir aos acontecimentos de 25 de Novembro de 1975 fui, pura e simplesmente, afastado das minhas funções, fui colocado na «prateleira», como se costuma