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22 DE JANEIRO DE 1983 1307

parecem fundamentadas, nem justas. Inclusivamente, atirou-se com gana aos jornais do Estado, quando esses jornais têm, de certa maneira, conseguido manter a objectividade jornalística e são um exemplo raro de seriedade jornalística. Sem eles, não sei a que estaria reduzida a nossa imprensa, dominada, por um lado, pela direita, e, por outro, pela esquerda. Se há alguma objectividade na nossa imprensa, isso deve-se, hoje em dia, aos jornais estatizados. E penso que isto não sofre desmentido.
Por outro lado, V. Ex.ª tem agitado muito a bandeira do Congresso. Ora eu penso que o Congresso é útil e, aliás, ontem à tarde houve comunicações bastante brilhantes e inesperadas.
Mas os jornalistas também deviam fazer um acto de consciência porque não são tão puros e tão ingénuos como se querem aqui apresentar. Quando têm, por exemplo, a fazer a comunicação sobre deontologia de um antigo graduado da Mocidade Portuguesa e capitão de Castelo, que esteve intimamente ligado ao Estado Novo, não me parece que os jornalistas sejam um exemplo sem mácula, como V. Ex.ª pretende apresentar.
Além disso, queria lembrar-lhe factos relativamente tristes e que dizem igualmente respeito à objectividade jornalística. V. Ex.ª lembra-se, pois esteve comigo no jornal O Século, como foi destruído aquele jornal, lembra-se da partidarização total que lá se exerceu, aliás, com o seu concurso.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Partidarização que conduziu à destruição das bases tradicionais de recepção do jornal que, na província portuguesa, era o que tinha maior expansão. Ora, não foi possível jamais atalhar esse caminho e o jornal O Século soçobrou, com 3 suicídios e muitos casos de miséria, que teria sido possível evitar se não tivesse acontecido essa partidarização.
Isso angustia-me muito. Angustia-me que muita gente tenha ficado sem trabalho, que muita gente tenha morrido e até se tenha suicidado. Refiro-me ao caso do velho das máquinas - e com certeza que o Sr. Deputado Corregedor da Fonseca se lembra dele, e eu também me lembro, pois passei a noite de fim de ano com ele -, que se enforcou no jornal por não ter trabalho nem salário.
Quem levou este jornal à sua destruição? Foi o senhor...

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Foi o senhor?! Mas isto não se pode admitir!
O Orador: - ... e foram outros como o senhor que partidarizaram o jornal e não tiveram carácter para o defender num momento...

Protestos do PCP.

Srs. Deputados a objectividade é uma regra de oiro para os jornais!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Qual objectividade?! Isso é objectividade? Isso é subjectividade!

O Orador: - Sr. Deputado Carlos Brito,...

Protestos do PCP.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, façam o favor de não interromper o orador que está no uso da palavra.
Sr. Deputado Sousa Tavares, tenha a bondade de concluir.

O Orador: - Sr. Deputado Carlos Brito, não tenho, infelizmente, capacidade de audição para perceber o que é que está a dizer, aliás, não percebo porque é que se encontra tão exaltado. Por acaso pensa que eu disse alguma coisa que o pudesse agravar a si pessoalmente?

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Isto é uma indignidade!

O Orador: - Eu disse-lhe alguma coisa a si que o pudesse agravar, ou o senhor sente também alguma responsabilidade na destruição do jornal O Século?
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Sousa Tavares, tenha a bondade de abreviar.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Deputado Sousa Tavares posso interrompê-lo?

O Orador: - É o Sr. Presidente que poderá dar licença e não eu.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - O Sr. Deputado pode dar licença para eu o interromper e o Sr. Presidente consentir.

O Sr. Presidente: - Bom, autorizo a interrupção, não porque fiz sentir ao Sr. Deputado Sousa Tavares que já excedeu o tempo de que dispunha para pedir esclarecimentos, mas porque ainda não lhe retirei a palavra, e portanto, com a latitude que tenho mostrado para com todos os Srs. Deputados, autorizo essa interrupção se o Sr. Deputado Sousa Tavares também o consentir V. Ex.ª responderá, mas com a nota de que o seu tempo terminou e não poderá continuar a usar da palavra...

O Orador: - Então peço licença para concluir, Sr. Presidente.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Ah, não consente a interrupção?

O Orador: - Mas se não posso fazê-lo, Sr. Deputado.

O Sr. Presidente: - Ó Sr. Deputado Sousa Tavares, durante a interrupção, que será necessariamente breve, a Mesa não conta o tempo do Sr. Deputado interpelado. Tem sido sempre este o comportamento da Mesa, aliás, visível no funcionamento dos próprios semáforos luminosos.

O Orador: - Eu não compreendo então porque é que o Sr. Deputado Carlos Brito, a quem tenho o maior prazer em conceder a interrupção que normalmente autorizo sempre, não usa a figura regimental do protesto, em vez de me estar agora a tolher e a impedir que eu conclua o meu pedido de esclarecimento ao Sr. Deputado do MDP/CDE.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Mas eu facilitava-lhe já o