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1306 I SÉRIE - NÚMERO 38

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Não há palmas? Não batem palmas?

O Sr. Silva Marques (PSD): - Não há televisão, não se batem palmas! Só batemos palmas, quando há televisão!...

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Corregedor da Fonseca.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Deputado Silva Marques, quando fala nos ataques injustos ao Sr. Dr. Pinto Balsemão, quero só dizer-lhe que - quando refere que, com certeza, todos os jornalistas não estão contra o Sr. Dr. Pinto Balsemão - era só o que havia de faltar! Nós somos democratas, Sr. Deputado! Sobre isto quero relembrar-lhe um pequeno episódio: o Sr. Dr. Pinto Balsemão tem actualmente em curso um processo, no Sindicato dos Jornalistas, para ser expulso da classe dos jornalistas. E isto por decisão tomada numa concorrida assembleia do Sindicato dos Jornalistas, onde todos votaram a favor, registando-se apenas uma abstenção. Por aí V. Ex.ª verifica o amor que a classe dos jornalistas tem ao Dr. Pinto Balsemão. Também tenho a certeza de que V. Ex.ª não viu anteontem, na cerimónia inaugural - onde tivemos o gosto, e digo tivemos porque também sou jornalista, de ver o Presidente desta Câmara na Mesa de honra-nem o Sr. Dr. Pinto Balsemão nem o Sr. Dr. José Alfaia entre os convidados da classe dos jornalistas. Os jornalistas não os querem...
Quando o Sr. Deputado fala do grande jornal Expresso é evidente que está a referir-se ao seu conceito de grande jornal e eu não vou dizer que o jornal Expresso não é um jornal bem feito -, mas, Sr. Deputado, é feito por jornalistas! É feito por jornalistas e há lá muito bons jornalistas que respeito muitíssimo.
Quando fala na República, quero dizer-lhe que foi exactamente aí que comecei a minha vida profissional. E não pode comparar o que era a censura na República antes do 25 de Abril com a censura exercida sobre o Expresso. Ê que não tem uma coisa a ver com a outra, Sr. Deputado!

A Sr.ª Helena Cidade Moura (MDP/CDE): - Muito bem!

O Orador: - Não faz a mais pequena ideia - ou deve fazer, V. Ex.ª deve fazer- do que foi, na altura, a luta do República, a luta dos jornalistas, as prisões, os cortes de censura, as suspensões, etc.
Quanto ao apoio à ditadura, Sr. Deputado, vou passar por alto! Parece que V. Ex.ª se vangloria pelo facto de uma triste minoria de pessoas ter apoiado a ditadura. O facto de eles terem sido ou não jornalistas não leva a que me congratule com isso. V. Ex.ª parece ter ficado muito feliz com esse assunto.
Quanto ao «viva o Congresso» dito por V. Ex.ª, enquanto deputado, aceito-o, mas como jornalista, não preciso dele. V. Ex.ª, com certeza, e a área do poder não estão muito felizes com a existência deste Congresso. Amanhã veremos as conclusões, se elas os irão satisfazer.

Aplausos do MDP/CDE e do PCP.

O Sr. Presidente: - Para protestar tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado Corregedor da Fonseca, protesto em relação às suas palavras porque V. Ex.ª elucidou-nos, ou voltou a elucidar-nos, com bastante interpidez, sobre a luta do República antes da ditadura. Quer V. Ex.ª informar-nos das lutas do República depois da ditadura, depois do 25 de Abril?
Por outro lado, Sr. Deputado não fale sobre os meus sentimentos, se fiquei feliz ou infeliz, porque não é disso que se trata.
Finalmente, fico sem saber se V. Ex.ª é um membro da comunicação social que entrou no Plenário, ou se é um deputado.

Vozes do PSD: - Muito bem! Vozes do PCP: - Oh! Oh!...

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para contraprotestar, Sr. Deputado Corregedor da Fonseca.

O Sr. Joio Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Deputado Silva Marques, eu sei que sou jornalista, e há muitos anos. Já não sei é qual é a profissão de V. Ex.ª!
Quando o Sr. Deputado tenta chamar à colação o problema do República, devo dizer-lhe que esse problema se insere num processo dinâmico de implantação e de defesa da democracia que estava em curso. Estávamos a entrar num processo democrático, através da revolução dos capitães de Abril.
O problema actual do panorama da comunicação social nada tem a ver com a situação do República e com o que se passou naquele período. Senão, Sr. Deputado, teríamos que citar muitíssimos outros casos, e não sairíamos daqui tão cedo!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Quem atacou a República?

O Orador: - Sr. Deputado, responda-nos, que eu não sei!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Deve informar-se!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - É fazer-se um inquérito!...

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos tem a palavra o Sr. Deputado Sousa Tavares.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Deputado Corregedor da Fonseca, ouvi com atenção as suas palavras, como não podia deixar de ser, pois interessa-me tudo o que diz respeito à comunicação social.
Tenho pena que um jornalista não seja capaz de ser totalmente objectivo. A objectividade e a imparcialidade são as regras de ouro de um jornalista que se quer apresentar como tal.

Uma voz do PCP: - É uma autocrítica?

O Orador: - E portanto, enquanto jornalista, não deve servir uma ideologia nem outra, mesmo que a tenha. Essa é a regra de ouro e isso é que deveria imperar nos órgãos de comunicação social.
Fez V. Ex.ª acusações de carácter genérico que não me