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1308 I SÉRIE - NÚMERO 38

esclarecimento da minha e da sua posição, Sr. Deputado.

O Sr. Presidente: - V. Ex.ª poderá utilizar a figura regimental do protesto na altura própria.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Bem, Sr. Presidente. Não é muito líquido regimental me n te, mas poderei, pelo menos, usar do direito de defesa.

O Sr. Presidente: - Já tem acontecido os Srs. Deputados, num pedido de esclarecimento, fazerem afirmações que suscitam protestos de outros senhores deputados, mas, em todo o caso, se lhe é permitida a interrupção, o Sr. Deputado fará o favor de intervir agora, uma vez que o Sr. Deputado Sousa Tavares não perde tempo por isso.
Peco-lhe apenas que não vá além dos 2 minutos de que disporia para um protesto. Mas é claro que só poderá intervir agora se o Sr. Deputado Sousa Tavares o consentir.

O Orador: - Consinto, Sr. Presidente. Eu consinto sempre.

Risos.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Deputado Sousa Tavares, nem sequer gastarei os 2 minutos.
Pedi a palavra apenas para dizer o seguinte: é o facto de o Sr. Deputado Sousa Tavares não me ter feito qualquer referência pessoal que dá mais razão moral ao meu protesto. É que entendo que estas não são formas de discutir no Parlamento e, por outro lado, a Assembleia já está bastante degradada para que a poupemos a maiores prejuízos, fazendo afirmações do tipo «o culpado é o senhor!». Não é assim que nos devemos comportar.
E não é assim porque os senhores até não têm muita razão moral para poderem colocar as coisas nesses termos. Nós temos aqui em curso, na Assembleia da República, vários inquéritos parlamentares, foram formadas várias comissões de inquérito que não funcionam porque a AD, aquilo que foi até agora a maioria, não tem permitido que elas funcionem. Os senhores não têm, pois, o direito de acusar porque são os próprios a não permitirem que as coisas, quando estão em termos de apuramento parlamentar, sejam esclarecidas.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Vamos por isso ser mais moderados quando fazemos essas acusações. Porque senão eu digo: vamos então fazer uma comissão de inquérito aos jornais O Século e República, já que o Sr. Deputado Sousa Tavares suscitou o problema. Vamos então ver quem é que tem a culpa?
Mas eu já sei que se formarmos uma comissão de inquérito os senhores não a vão deixar funcionar, como não deixam funcionar as demais.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Sousa Tavares, peco-lhe o favor de ser rápido na sua resposta.

O Orador: - Estou inteiramente de acordo que se faça um inquérito à fornia como acabou O Século e República. Aliás, desejaria muito que a Assembleia da
República realizasse esse inquérito às responsabilidades na destruição destes jornais. Refiro-me ao assalto ao jornal República, depois porque é que, mais tarde, esse jornal acabou não sei.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Certo!

O Orador: - Repito que gostaria muito que esse inquérito fosse realizado.
A única coisa que queria dizer ao Sr. Deputado Corregedor da Fonseca é que me parece errado generalizar ataques. É evidente que há sempre uma grande atracção do poder pela influência nos meios de comunicação social. Seja qual for o poder que exista, seja o poder da AD, o poder da não AD, o poder socialista ou qualquer outro. Existe sempre uma grande avidez do poder em face dos órgãos de comunicação social, mas não me parece justo nem objectivo, não me parece digno de um jornalista, que aqui se quer apresentar como tal, dizer que essa avidez ou essa tentativa de assalto só existe de um lado, ou dizer que só se manifestou agora. Isso parece-me perfeitamente errado, antiobjectivo e injusto.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Corregedor da Fonseca, para responder.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Deputado Sousa Tavares, antes de mais, tenho de refutar as acusações que fez e que, aliás, não são de agora. Não há, pois, surpresa nenhuma naquilo que ouvi e as acusações são facilmente refutáveis.
Quando V. Ex.ª tenta aqui caracterizar a minha personalidade perante deputados que não me conhecem posso ter de citar o meu exemplo pessoal. Quando diz que foi com o meu concurso que o jornal O Século acabou, devo dizer que ainda hoje tenho, e com muito orgulho, os papéis assinados por toda a redacção em que me aceitaram para subchefe de redacção de O Século; estava no estrangeiro em reportagem profissional quando fui eleito por 736 votos para a comissão de trabalhadores e eleito para o executivo da comissão de trabalhadores num momento em que não me encontrava em Portugal.
Como vêem, o apoio que eu tinha em O Século era generalizado e não vou aqui tecer loas à minha personalidade, disse-o apenas para V. Ex.ª não tentar achincalhar a minha personalidade, que isso é algo que não lhe posso admitir.

Aplausos do MDP/CDE, do PCP e da UDP.

Sr. Deputado, em relação à objectividade, devo dizer que esse é um conceito vago que ainda hoje mesmo se discute com certeza no Congresso dos Jornalistas.
E antes de mais, convém recordar a toda a Câmara que não estou aqui em representação dos jornalistas, mas sim como deputado, e como tal me vou comportar. É preciso não facturar as coisas, se não se importa.
Voltando à questão da objectividade, e muito rapidamente, poderia citar-lhe alguns dos seus editoriais quando V. Ex.ª, nas suas lutas partidárias, confusas e confusionistas nos diversos partidos por onde andou, utilizava as páginas do jornal de que V. Ex.ª é director para fazer a sua própria promoção política.

Vozes do PCP: - Muito bem!