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Foi lido. É o seguinte:

Os deputados abaixo assinados, face ao acontecimento que enlutou o desporto nacional, a morte do insigne desportista que foi José Maria Carvalho Pedroto, que sempre bem alto, desinteressada e energicamente defendeu o desporto nacional, assim contribuindo decisivamente para granjear o respeito do País no areópago internacional, entendem merecer este doloroso facto, de todos nós e desta Câmara, legítima representante do povo português, um voto de profunda mágoa e pesar pela sua morte ontem ocorrida no Porto.
0 seu elevado carácter e os altos serviços prestados ao País, exigem-no.
Propõe-se que o Presidente da Assembleia da República dê conhecimento deste voto à família e ao Futebol Clube do Porto, enlutados.

Palácio de São Bento, 8 de Janeiro de 1985. - (Seguem-se assinaturas de deputados dos grupos e agrupamentos parlamentares, com excepção da UEDS.)

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, fizemos um acordo no sentido de se votar e depois se fazerem as declarações de voto.

O Sr. Presidente: - Se assim é, vamos proceder à votação do voto de pesar que acabou de ser lido.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade, registando-se a ausência do deputado independente António Gonzalez.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Joaquim Costa.

O Sr. Joaquim Costa (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É evidente que sempre que se procede à votação de um voto de pesar, fazer uma declaração de voto é uma tarefa que cumpre, pois, por vezes, é necessário esclarecer o sentido desse voto. Porém, tal não deixa de ser uma tarefa dolorosa, tanto mais quanto é certo que o José Maria Pedroto conhecido também nos meios desportivos como «Zé do Boné» - foi um homem que muito fez pelo desporto nacional. E seria «chover no molhado» ou «tentar demonstrar uma evidência» referir o contributo que ele prestou ao desporto nacional, quer como membro da selecção nacional, que muitas vezes integrou, quer como professor das camadas jovens, que ele também foi, quer como treinador e grande artífice de todos ou pelo menos de muitos dos grandes feitos desportivos que Portugal ou os clubes portugueses alcançaram no estrangeiro.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: É por isso e pelo significado que José Maria Pedroto tem no Norte do País, que também é Portugal, que devemos, de facto, associarmo-nos a este voto de pesar que, no fundo, diz respeito a nós próprios, já que ficámos mais pobres.
Mas, para nós, sociais democratas, há uma outra razão para trazermos aqui este voto de pesar. É que José Maria Pedroto foi também um candidato a deputado pelo Partido Social Democrata.

José Maria Pedroto foi membro e militante do nosso partido e pelo facto de ter morrido deixou-o mais pobre. Também por esta razão, o nosso voto de pesar. E todas estas razões fazem com que hoje, e neste momento, seja extraordinariamente pertinente este nosso voto de pesar.
Termino com o poema de Mário de Sá Carneiro que diz: «Para quê a gordura das palavras, se basta um grito!»

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage, para um declaração de voto.

0 Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Fez bem a Assembleia da República em emitir um voto de pesar a propósito do falecimento de José Maria Pedroto, pois ele foi indiscutivelmente uma grande figura do desporto nacional, quer como futebolista de talento, quer como brilhante treinador. Adquiriu um enorme e merecido prestígio popular e, por isso, o grupo parlamentar socialista presta-lhe sentida homenagem realçando, de entre as suas muitas virtudes, a determinação de carácter, a tenacidade na acção e a coragem que sempre evidenciou, inclusive relativamente à doença que o vitimou.
Os deputados socialistas apresentam à família de Pedroto votos de profundo pesar e exprimem à direcção do Futebol Clube do Porto e a todos os seus associados e simpatizantes a sua solidariedade neste momento de grande emoção colectiva.

0 Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado António Mota.

0 Sr. António Mota (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: 0 nosso grupo parlamentar solidariza-se com o voto de pesar pelo falecimento de José Maria Carvalho Pedroto.
Pedroto foi figura de prestígio do desporto, quer como praticante, quer depois como treinador.

José Maria Pedroto cedo se iniciou como jogador de craveira. Com 18 anos (em 1945-1946) já jogava na 1.ª categoria do Leixões e depois jogou em vários clubes, como o Belenenses e o Lusitano de Vila Real.
Com 22 anos ingressou no clube onde acabou a sua carreira como treinador, no Futebol Clube do Porto, tendo a sua transferência sido a mais cara daquela época, pois rondou já os 500 contos, o que avalia bem o valor de José Maria Pedroto como jogador.
Foi duas vezes campeão nacional pelo Futebol Clube do Porto, venceu duas taças de Portugal, foi 17 vezes internacional, capitaneou duas vezes a nossa selecção. Como treinador, iniciou se, na época de l96l-1962, no sector juvenil do Futebol Clube do Porto, tendo sido campeão europeu como seleccionador e treinador.
Na categoria de honra iniciou a sua carreira no União de Coimbra (foi campeão nacional como treinador); nas épocas de 1977-1978 e 1978-l979 venceu 3 taças de Portugal e o clube que dirigia foi finalista na Taça dos Vencedores das Taças, no ano passado. Além disso, Pedroto treinou vários clubes da 1.ª divisão, como o Boavista, o Vitória de Guimarães e o Vitória de Setúbal.
Embora resumido, é, de facto, um belo palmarès, no plano do desporto, o deste homem desportista que foi José Maria Pedroto. Como homem público impôs se mesmo contra os seus adversários quando deles dis-