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I SÉRIE - NÚMERO 79

tica. Mas no essencial Carlos da Mota Pinto identificou-se com o Partido, com os seus militantes e eleitores, com os princípios subjacentes ao nosso programa, com os valores da liberdade e da igualdade de oportunidades, com os interesses superiores do nosso país que sempre defendeu corajosamente.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em poucos anos o PSD perdeu três grandes dirigentes, muito queridos pelos nossos militantes e pelos nossos eleitores. Depois de Francisco Sá Carneiro e Nuno Rodrigues dos Santos, Carlos da Mota Pinto desaparece tragicamente do nosso convívio. A nossa dor colectiva servirá, sem dúvida, em momento difícil da nossa história ao redobrar dos esforços no sentido do engrandecimento do nosso Partido e do nosso País.
A memória desses que foram exemplo, permite-me que termine com palavras de um grande poeta:

Escutemos o seu passado.
Ele está entre nós. Eles vivem na nossa esperança.
Tiveram simplesmente coragem de lutar para viver. E nós também lutamos para os mantermos vivos em nós e contra a morte.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Para os que acreditam, morrer é nascer.

Aplausos do PSD, do PS, do CDS, da UEDS, da ASDI e do Governo.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro (Mário Soares): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar quero agradecer a V. Ex.ª, Sr. Presidente, a bondade que demonstrou ao autorizar-me a usar da palavra neste momento.
Na verdade, depois desta sessão breve mas tão significativa em que a democracia portuguesa deu, certamente, um grande passo em frente, penso que a voz do Governo também se devia fazer ouvir, para se associar, em palavra singelas, à homenagem sentida que toda a Câmara acaba de prestar à grande figura do Prof. Carlos da Mota Pinto.
Penso que foi significativo que partidos da oposição e do Governo pudessem, todos sem excepção, falar e homenagear - embora com ângulos de apreciação diversa - a personalidade de Carlos da Mota Pinto.
Era, de facto, um homem excepcional. Teve uma curta actividade política desde a Revolução do 25 de Abril até hoje e, quando mais se poderia esperar da sua maturidade, como destacou o Prof. Adriano Moreira, foi justamente quando a morte o ceifou.
Mota Pinto foi, como disse nesta Câmara, Manuel Alegre, um constituinte. Foi ele que deu o nome a esta Assembleia da República. Foi, desde sempre, um democrata, e eu pude sentir nas palavras dos deputados Costa Andrade e Manuel Alegre o apreço em que aqueles que foram estudantes do assistente Mota Pinto tinham o professor - pela sua modéstia, pela sua lhaneza de trato, pela sua afabilidade, pela sua cordialidade em relação aos estudantes e também pelo alto sentido de democracia que ele punha na sua acção.
Pude, ontem, assistir emocionado a essa extraordinária manifestação de pesar...

O Sr. Luís Beiroco (CDS): - Que a televisão cortou.

O Orador: - ..., única, decerto, na história da cidade de Coimbra, que foi a saída de toda a Coimbra para a rua - e principalmente os seus estudantes e a forma emotiva como o fez, para homenagear, não somente o Professor e o Partido, mas também o grande político e patriota, que foi Carlos da Mota Pinto.
Nós que com ele convivemos durante 2 anos, e quotidianamente, nas bancadas do Governo, que atravessámos períodos difíceis - como existem sempre num governo de coligação -, pudemos admirar, mas admirar profundamente, o sentido de tolerância, o sentido de interesse nacional, o desejo permanente de realçar a estabilidade política, que existia na acção permanente de Carlos da Mota Pinto.
Na verdade, ele tinha a convicção profunda de que era por verdadeiro imperativo nacional e patriótico que era necessário estar no governo e suportar certo tipo de críticas que são normais para quem está no governo e para quem exerce as suas funções em democracia.
Dividido sempre, como aqui foi salientado, entre 2 apelos destinados: o apelo do homem público que seria legitimamente servir a sua Pátria e o apelo da Universidade que também sempre serviu e soube servir.
Durante estes 2 anos Carlos da Mota Pinto revelou-se um companheiro de jornada, leal, respeitador das ideias dos outros e, mais do que isso, formou-se connosco. Aqueles que aqui estão na bancada do Governo sabem que o digo com sinceridade quando digo que ele se tornou para nós todos um verdadeiro amigo. É esse amigo que nós queremos homenagear, também, neste momento, associando-nos, pois, à homenagem prestada por esta Câmara.
Queria, apenas, dizer mais uma palavra para salientar a modéstia, para salientar a humildade democrática com que Mota Pinto, que tinha sido já Primeiro-Ministro, aceitou ser, depois, Vice-Primeiro-Ministro.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A modéstia e a humildade democrática com que Mota Pinto, no momento em que abandonou a liderança do Partido, regressou a esta mesma Assembleia e veio sentar-se no lugar de deputado - que era dele por direito - continuando, nesse lugar, a apoiar a coligação que serviu, que ajudou a criar e que, efectivamente, por isso se pôde manter.
Curvo-me, portanto, por todas estas razões, perante a memória do Prof. Mota Pinto e apresento à sua mulher - que me habituei também a estimar e a respeitar e que foi uma extraordinária companheira dele e aos seus filhos as sentidas homenagens do Governo Português.

Aplausos do PS, do PSD, do CDS, da UEDS, da ASDI e do Governo.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Více-Primeiro-Ministro.

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro (Rui Machete): Sr. Presidente, muito obrigado por me conceder a palavra agora quebrando uma praxe que leva a que o Sr. Primeiro-Ministro fale em último lugar.
Queria apenas neste momento de homenagem referir, de uma maneira muito singela, que, quando as pessoas são subitamente surpresas por um acontecimento