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I SÉRIE - NÚMERO 79

no exemplo de homens como ele e nas orações de pessoas humildes em todo o mundo - pessoas humildes como os pastorinhos de Fátima - que reside um poder maior do que todos os grandes exércitos e estadistas do mundo.
15to é algo que os Portugueses podem igualmente ensinar ao mundo, pois a grandeza da vossa nação encontra-se no povo. Pode-se constatar isso na sua vida diária, nas suas comunidades e cidades, e especialmente nas pequenas igrejas de província, espalhadas pelo campo e que falam de uma fé que justifica todas as reivindicações da humanidade pela dignidade e liberdade.
Quanto a mim é aí que reside o poder; é aí que reside a compreensão do significado da vida e do objectivo da história. E aí está a base para uma ideia revolucionária, a ideia de que os seres humanos têm direito a escolher o seu próprio destino.

Aplausos gerais.

Espero que me perdoem se terminar com uma história sobre os primeiros tempos da nossa democracia.
Num momento crítico da nossa história, quando a desunião e a discórdia reinavam por todo o lado, um homem, famoso como inventor e cientista, interrompeu os trabalhos da Assembleia Constituinte, que tentava, então, formular a Constituição dos Estados Unidos. Foi Benjamin Franklin que se ergueu para dizer aos seus colegas delegados que já tinha vivido muito e tinha principalmente aprendido que nem o pássaro mais pequeno cai do céu sem que Deus saiba. Então ajoelhou--se e pediu aos delegados que se ajoelhassem com ele para invocarem uma orientação maior do que a deles próprios.
Uma grande democracia nasceu após aquelas palavras, tal como uma grande democracia nasce nos nossos tempos em Portugal. E nasceu porque os Portugueses são um povo que ama a liberdade e a paz, que está pronto a sacrificar-se por uma vida melhor para os seus filhos. Mas acima de tudo nasceu porque os Portugueses não têm medo de reconhecer a existência de uma lei mais sublime, que acciona os acontecimentos da humanidade.

Aplausos gerais.

Uma lei mais sublime da qual emana a liberdade e a dignidade humanas.
Existe na nossa língua uma palavra que me lembro de ter usado num discurso, durante o meu primeiro ano de mandato, uma palavra muito útil, evocando a lembrança de factos passados, «saudades».

Aplausos gerais.

Mesmo durante o pouco tempo que eu e Nancy estivemos convosco em Portugal aprendemos a apreciar mais profundamente o seu significado. Sentiremos a vossa falta; e a falta de Portugal. Esperamos que um dia nos permitam voltar a visitá-los de novo para, como aqui dizem, «matar saudades».

Aplausos gerais.

Até esse dia e como representantes do povo americano expressamo-vos os nossos melhores votos - temos esperança no futuro dos nossos países - um futuro que sabemos irá ser democrático e livre. Um futuro em que, também sabemos, o povo português irá escrever um outro grande e inspirado capitulo da história.
Obrigado e que Deus vos abençoe.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, recomeçaremos os nossos trabalhos às 17 horas.
Está suspensa a sessão.

Eram 13 horas.

Neste momento, a banda da Guarda Nacional Republicana, colocada junto dos Passos Perdidos, executa os Hinos Nacionais dos Estados Unidos da América e de Portugal.
Realizou-se o cortejo de saída, tendo o Sr. Presidente dos Estados Unidos da América sido novamente aplaudido.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, temos quórum, pelo que declaro reaberta a sessão.

Eram 17 horas e 25 minutos.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, com a aquiescência dos Srs. Representantes dos grupos e agrupamentos parlamentares e no desenvolvimento dos trabalhos que justificam esta sessão, vou dar a palavra ao Sr. Deputado Magalhães Mota.

Pausa.

Queira V. Ex.ª aguardar um momento, Sr. Deputado Magalhães Mota, na medida em que verifico que os serviços ainda não recompuseram a tribuna onde deveria produzir a sua intervenção.

Srs. Deputados, quero pedir-vos desculpa porque, infelizmente, os nossos serviços não estão atentos ao sentido do trabalho para poderem recompor as coisas a tempo e horas. É mais uma situação desagradável que nos acontece, pelo que peço a VV. Ex.ªs, Srs. Deputados, o favor de compreenderem e aceitarem a falta de diligência que se está a verificar pela impossibilidade de se recompor de imediato a tribuna onde os Srs. Deputados têm o direito de usar da palavra.
Nesta conformidade, e para que possamos colmatar esta omissão, agradecia que aceitassem a possibilidade de intervir das respectivas bancadas.
Tem V. Ex.ª a palavra, Sr. Deputado Magalhães Mota.

O Sr. Magalhães Mota (ASDI): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Creio que, ao menos alguns de nós, ao enfrentar a notícia da morte de Mota Pinto, não teremos podido furtar-nos a um olhar, porventura desencantado e amargo, sobre aquilo que fizemos das condições em que se desenvolve a vida política portuguesa. Da brutalidade dos combates, da perversidade das armas, de como se tornou preciso quase quotidianamente afrontar mesmo a mentira e mesmo a calúnia, aceitar que o desinteresse seja posto em dúvida, os ideais objecto de suspeição, experimentar que a luta não é apenas contra e com adversários, mas, e não raras vezes, com companheiros e até com amigos.