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2600 I SÉRIE - NÚMERO 65

Quem pode dizer que o nível de vida dos trabalhadores, dos reformados, dos idosos, não melhorou nos dezasseis meses que levamos de Governo?
Quem ousará dizer que o dia de hoje não é melhor que o de ontem para um número cada vez maior de portugueses?
Quem, de boa fé, ousará dizer que não se vive hoje um pouco melhor em Portugal do que há um ano atrás?
Quem ousará dizer que não fomos capazes? Quem terá coragem para dizer que não trabalhámos? Que não cumprimos?
Quem ousará dizer que não travámos o endividamente externo e não introduzimos mais disciplina na utilização dos dinheiros públicos?
Quem pode negar que a nossa agricultura começa a sair do marasmo em que esteve mergulhada durante décadas?

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Vê-se, vê-se!

O Orador: - Quem pode negar que estamos a vencer o desafio da integração europeia? Que temos defendido bem os interesses de Portugal?
Quem ousará dizer que, naquilo que de nós depende, não estamos a cumprir as promessas feitas aos Portugueses em campanha eleitoral? O que não conseguimos concretizar foi porque os Srs. Deputados dificultaram, obstruíram, impediram.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Uma voz do PS: - Impediram em quê?

O Orador: - Quem pode dizer que não fomos capazes?
E por que haveríamos nós - povo com direito a sentir-se orgulhoso de si - de dizer que o nosso sucesso se deve aos outros?
Por que haveríamos de ser nós a dizê-lo se as realidades demonstram o contrário?
Por que haveríamos de ser nós a diminuirmo-nos se são os outros que nos elogiam?
Se organizações internacionais insuspeitas dizem que os méritos são nossos?
Por que haveríamos de ser nós, os Portugueses, as mulheres e os homens concretos que somos, que trabalhamos, que conseguimos, que vencemos, a vir dizer agora que não, que o mérito não é nosso, que foi a sorte ou a caridade a fazer por nós o que nós realmente fizemos?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E podíamos ter feito mais. Bastava que a força, a vontade e o querer, o empenhamento do País real, tivesse tido igual tradução aqui, na Assembleia, no comportamento de alguns partidos da oposição.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É que, se algum mérito pudesse ter esta moção de censura - e não tem nenhum -, seria a de, uma vez por todas, nos dar razão na denúncia que, perante os Portugueses, sempre fizemos das forças políticas que apenas apostavam em dificultar, em obstruir, em não deixar ir mais longe.
Afinal sempre tivemos razão.
Os Srs. Deputados da oposição não suportam um governo que governe bem e que tenha o apoio da grande maioria da população. E, então, querem travar o seu passo, querem derruba-lo.
O Governo está consciente dos seus méritos, tanto, quanto está consciente dos méritos dos Portugueses.
Ao Governo, como primeiro responsável, coube dar o exemplo. Ao Governo coube criar as condições, definir uma linha de rumo, promover um clima de estabilidade e de confiança.
Os Portugueses acreditaram, deitaram mãos à obra e construíram.
Esta moção de censura, se algum mérito pudesse ter - e não tem nenhum -, seria o de provar que certas atitudes de algumas forças políticas da oposição nada têm a ver com o interesse nacional, bem ao contrário, têm por fundamento, apenas, o mero interesse partidário.
Foi aqui apresentado algum motivo sério para esta moção de censura? Nenhum.
Onde poderia fundamentar-se esta moção de censura?
Repito: não restabeleceu este governo a confiança?

Vozes do PCP: - Não!

O Orador: - Não temos vivido um tempo de estabilidade, de paz social e de progresso?

Vozes do PCP: - Não!

O Orador: - Não conseguiu o Governo dar aos Portugueses a ceneza de que tinham um governo que governava?

Vozes do PS e do PCP: - Não!

O Orador: - Não se preocupou o Governo com os mais desfavorecidos, os que mais precisam?

Vozes do PS e do PCP: - Não!

O Orador: - Não enfrentou o Governo, com êxito, o desafio da adesão às Comunidades Europeias?

Vozes do PS, do PRD e do PCP: - Não!

Protestos do PSD.

O Orador: - Não está a economia a crescer e o investimento a surgir?

Vozes do PS, do PRD e do PCP: - Não!

O Orador: - Não foram desvendadas novas portas à juventude?

Vozes do PS e do PCP: - Não!

O Orador: - Não entrou o Governo, com seriedade e rigor, dos interesses fundamentais do povo português?

Vozes do PCP: - Não!

O Orador: - Não é seguramente nada disto que está em causa.
Então porque esta leviandade de derrubar o Governo?