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3 DE NOVEMBRO DE 1988 169

todas as forças políticas e humanitárias, nomeadamente com as que hoje aqui se pronunciaram sobre esta terrível situação, manter bem viva a chama da irmandade e da solidariedade para com o povo timorense e repor a justiça que o mundo deve a um povo bom, infelizmente, protagonista de um dos maiores e dos mais reprováveis genocídios da época contemporânea.
Porque de um problema nacional se trata, agradeço a oportunidade que a Sr.ª Presidente me deu de poder expressar a posição do PRD face a tão lamentável situação e de nos solidarizarmos com a posição tomada pelos outros grupos parlamentares.

A Sr.ª Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Montalvão Machado.

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Vem sendo hábito os líderes parlamentares fazerem uma intervenção política após a sua eleição.
Eleito a semana passada, aqui estou. Cumpro o hábito. Não por mero exercício formal, a que não me furtaria, mas antes e principalmente porque gostaria de dizer algo, aqui e agora, a todos os Srs. Deputados.
Vou liderar, enquanto se mantiver a confiança que me foi atribuída pelos meus companheiros, o grupo parlamentar do PSD.
Tenho a consciência da dificuldade da função mas, ao mesmo tempo, - com a ajuda dos meus companheiros de direcção e do grupo, suponho-me capaz de vir a cumprir.
De outra forma, não teria aceite o cargo.
São várias as questões que, neste princípio de mandato, me assaltam. Na medida do que for capaz e me for possível, irei procurar ajudar a resolvê-las!
A primeira, como não pode deixar de ser, é a de contribuir para continuar a prestigiar a Assembleia da República.
Todos sabemos que, muito por falta de informação e, principalmente, por deficiente informação, o carisma desta Casa para o exterior não é elevado. O povo português, numa grande parte, olha para nós com alguma desconfiança, com certo alheamento e até, porque não dizê-lo, com alguma descrença. Sem razão e a cada passo, somos injusta, ilegítima e imoralmente atacados. Todos o sentimos e todos nos sentimos com esses ataques.
É possível que tenhamos alguma culpa nessa pouco feliz imagem de que nós fazem. Mas, se é que existe, será mínima.
Em todos os países com parlamentos democráticos verifica-se precisamente o mesmo. É o resultado ou a consequência da luta, incorrecta, incompreensível e injusta, contra os regimes parlamentares que, sem razão e antes com ilegítimos mas bem conhecidos objectivos vem aparecendo, aqui e ali, pelo mundo democrático.
Os parlamentos pluripartidários - e por isso democráticos - provocam, no seu natural funcionamento, um permanente choque de ideologias, de estratégias, de tácticas, que levam a mais ou menos longas discussões e decisões que muitos não vêem com bons olhos. O que acontecerá, exclusivamente, como disse por incompreensão.
Classificam-nos de improdutivos, de meros jogadores de palavras, sem resultados palpáveis para o bem comum. Por isso até chegam a julgar-nos dispensáveis, esquecendo-se de que somos o pilar básico da nossa democracia.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Não o entendo assim Nenhum de nós o pode entender assim. Há, pois, que prestigiar a Assembleia da República. É tarefa de nós todos, sem excepção. E esse prestígio há-de vir, necessariamente, do nosso trabalho, do nosso comportamento, da nossa seriedade política e humana, dos resultados que pudermos conseguir. E, ao mesmo tempo, pelo respeito que temos a obrigação de ter por todos, do mesmo passo que o exigir de todos, sejam quem forem. Numa palavra, temos que continuar a ser, com dignidade, os representantes do povo que nos elegeu. Esse povo tem o direito de exigir que cumpramos. Nós temos a obrigação de cumprir cada vez mais e cada vez melhor.
O meu grupo parlamentar irá continuar a luta - não a guerra - pela implantação, cada vez maior, do ideário social democrata, na feliz expressão de Francisco Sá Carneiro.
Para ele, velho e nunca esquecido amigo, quero aqui, deixar hoje uma palavra de saudade. Saudade pelo Homem, pelo Político, pelo Social Democrata. Exemplo que, depois de morto, continua vivo - e de que maneira - na minha memória.
Como quero deixar aqui também uma palavra de grande saudade por um Homem que se chamou Carlos Alberto da Mota Pinto, por outro Homem que se chamou Nuno Rodrigues dos Santos, social-democratas de garra, a quem nunca será demais agradecer o muito que por por nós fizeram.

Aplausos do PSD e de alguns deputados do PS e do PRD.

Como saudade também fica para tantos outros que também já partiram e que nós não esqueceremos.
Vamos prosseguir numa política social democrata, baseada fundamentalmente nos problemas de natureza social, na modernização e desenvolvimento económico do País, na total integração na Comunidade Europeia, por forma a atingirmos, como vamos atingir, a meta que nos propusemos e que é mister encontrar em 1992.
Humanistas como somos e nos orgulhamos de ser, teremos sempre no nosso horizonte o homem, a mulher e os jovens deste país, as suas carências, as suas necessidades, os seus desejos, o seu bem-estar e o seu desejo
de uma vida cada vez melhor.
Sentimos que estamos no bom caminho. Não desconhecemos nem procuramos ignorar as dificuldades de percurso. Mas estamos certos de que iremos vencer. Aliás, os resultados já conseguidos avalizam a seriedade dos nossos propósitos e da nossa vontade. Como avalizados estão e continuam a estar pela maioria do povo português.
Não admitiremos que outras forças políticas invadam o nosso espaço ideológico e damos ao desprezo todos aqueles que, sem razão, procuram descaracterizar-nos ideologicamente.
Somos o que somos e temos muito orgulho nisso. Temos uma linha política bem definida, um grupo parlamentar que a sustenta e desenvolve, um partido que