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170 I SÉRIE - NÚMERO 7

a representa, um Governo que a executa com a consciência de que sabe o que quer, para onde vai e a meta que quer atingir.
Temos um líder governamental que tem confiança em nós e a quem nós retribuímos por igual forma. Acreditamos nele. Sabemos que e um homem, capaz, sério, trabalhador e digno.
Temos sido acusados, sem razão, de sobranceria, demasiado orgulho, senhores de verdade única, falta propositada de diálogo. Não é verdade!
É certo que somos majoritários, não nos esquecemos disso, temos o honroso orgulho que daí nos advém. Nos e o povo que em nós confiou. Mas quero aqui deixar bem expresso que, não obstante esse orgulho, não desprezamos ninguém nem nos consideramos senhores de uma verdade única. Temos a humildade de ouvir sempre que as palavras são boas e produtivas. Ouvir será também aprender sempre que a lição seja boa.
Não só não fugiremos ao diálogo com as oposições como, pelo contrário, o procuraremos sempre que dele sintamos necessidade ou nos seja solicitado.
Mas, com não menos vigor e verdade, quero aqui dizer também que o diálogo não pode ser paralisante, não pode servir como pretexto para arrastar soluções que cada vez são mais precisas e mais urgentes. O diálogo para entravar, para passar tempo, para fugir a soluções, não será connosco.
Nesse diálogo produtivo que, repito, queremos e desejamos, será evidente que não podemos nem devemos esquecer a nossa força e a nossa determinação. É uma regra democrática que não poremos de lado. É uma regra democrática que as oposições também não podem esquecer.
Respeitaremos as oposições na mesma medida em que nos respeitarem. Reconhecemos às oposições os direitos que lhes cabem, sempre que estas nos não queiram ou nos não retirem os nossos.
Trabalharemos, como é evidente, em íntima ligação com o Governo, que sustentamos e fiscalizamos. O Governo quer trabalhar connosco e nós com ele. A tarefa é uma só e, por isso, se compreenderá a íntima ligação.
É nosso objectivo respeitar e dignificar os restantes Órgãos de Soberania, em relação aos quais teremos o comportamento ético e político que a democracia impõe e é nosso vivo desejo. Mais que isso, com eles queremos o diálogo e a colaboração. Mas será evidente que também desses Órgãos de Soberania quereremos o respeito a que legitimamente temos direito.
Acontecimentos recentes vieram trazer alguma perturbação ao mundo democrático deste país e, por isso, também ao seio da Assembleia da República. Quero referir-me à crise directiva do Partido Socialista.
É evidente que não posso, não devo, nem quero, emisquir-me nos problemas internos deste partido, que sempre respeitei e respeito. Mas ficaria de mal comigo próprio se aqui não deixasse uma palavra aos Srs. Deputados do Partido Socialista.
Nunca uma palavra de regozijo, como alguns erradamente tiveram. Muito menos uma palavra de conselho, de que não precisam. Apenas uma palavra de lamento.
Segundo ouvi, o vosso Secretário-Geral demitiu-se por falta de solidariedade de alguns dos seus camaradas e por boicote interno à sua direcção.
É aqui que fica o meu lamento. E lamento porque, razões desta natureza, dentro de um partido democrático, são sempre de lamentar. A solidariedade, o trabalho comum e o respeito, são raízes demasiado sérias e profundas para que quaisquer democratas as esqueçam. Sei bem o que isso significa, porque já as passei em minha casa política e por isso bem as sinto.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O Partido Socialista e, sem contestação válida possível, o leader da Oposição. E nós, Partido do Governo, queremos nesta Assembleia essa Oposição. Mais que isso, precisamos dela. Mais que isso ainda, ela é necessária ao funcionamento normal da nossa democracia.
Tenho a certeza que o Partido Socialista vai resolver, tão rapidamente quanto possível, o problema que se lhe colocou. Tem capacidade para tanto e tem gente de sobra para o dirigir. Ficarei satisfeito - e os que me conhecem sabem que sou sincero - que tal aconteça em breve.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados a nossa democracia precisa de nós todos. Exige o nosso trabalho, o nosso esforço, a nossa dignidade. Não estamos em tempo de, seja quem for, se alhear dos problemas do País. Ò meu grupo parlamentar vai cumprir.

Aplausos do PSD, de pé.

A Sr.ª Presidente: - Inscreveram-se para formular pedidos de esclarecimento os Srs. Deputados Narana Coissoró, Eduardo Pereira e Rui Silva.
Tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: As minhas primeiras palavras são de felicitação ao novo presidente do grupo parlamentar do PSD. Não quero deixar de o fazer por várias razoes: na qualidade de representante do meu partido nesta bancada, presidente do meu grupo parlamentar e como seu amigo de há muitos anos. Muito folgo em vê-lo hoje na primeira linha de combate que doravante vai travar com as oposições. Desejo-lhe muitas felicidades, e espero que ao desempenhar este cargo tenha a postura que hoje revelou e que sempre foi a de V. Ex.ª - um homem dialogante, um homem inteligente, um homem que não precisa de cumprir recados.
Em segundo lugar, também quero dirigir-me a V. Ex.ª para dizer-lhe que não lhe permitiremos que «dê ao desprezo aqueles que querem descaracterizar a vossa ideologia» como V. Ex.ª disse do alto da Tribuna. Nós estamos aqui no mesmo espaço sociológico que V. Ex.ª ocupa porque integramos a mesma «maioria sociológica» que o povo português sufragou embora politicamente estejamos na oposição, no mesmo campo que se põe aos socialismos. E, todas as vezes que nós, deputados do CDS, verificarmos que V. Ex.ª trai esse espaço ideológico, todas as vezes que registarmos que aquilo que V. Ex.ª sustenta é contra a vontade da «maioria sociológica» que sustenta o Governo - e que é nosso dever aqui aplaudir ou combater conforme o mérito ou demérito das soluções propostas - nós dar-lhe-emos a ajuda ou o combate e V. Ex.ª nunca nos dará desprezo, dar-nos-á antes respostas democráticas, dar-nos-á respostas sensatas, dar-nos-á respostas à altura do PSD sem ser subserviente da vontade do