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800 I SÉRIE - NÚMERO 21

necessidade de se pronunciar. Penso que deverá ser assim.
De qualquer maneira, de momento, esse problema não me preocupa porque, mesmo com a composição que a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias tem, com a determinação, boa vontade e a capacidade dos deputados que dela fazem parte...

Risos do PS.

Não sei por que é que se estão a rir, Srs. Deputados. Não acreditam na capacidade dos vossos colegas? Se é isso, lamento imenso, mas vão dar-me o benefício de também pensar que VV. Ex.ªs, Sr.ªs Deputadas do PS, não serão as detentoras da capacidade maior!...

A Sr.ª Luísa Amorim (PCP): - Isso foi nos séculos XVIII e XIX!

A Oradora: - Penso que o problema fundamental da composição da eventual subcomissão poderá ser um assunto a tratar brevemente nesta sede ou em conferência de líderes, mas também penso que não é uma questão fundamental.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Natália Correia.

A Sr.ª Natália Correia (PRD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sou forçada a pedir me exprimir numa intervenção, visto que não pude responder porque a Sr.ª Deputada Mary Lança não me interpelou no final da minha intervenção, pelo que tenho de intervir sob a forma de intervenção.
Estranho que a primeira vez que a Sr.ª Deputada intervém nesta Assembleia seja para fazer o jeito à misogínia dos homens do seu partido. Não lhe fica bem, Sr.ª Deputada!

O Sr. Herculano Pombo (Os Verdes): - Mas fica na história!

A Oradora: - A Sr.ª Deputada limita-se a reproduzir o discurso masculino desactualizado...

O Sr. José Magalhães (PCP): - E mal!

A Oradora: - ..., porque, Sr.ª Deputada, há uma nova atitude cultural no mundo e, particularmente, na Europa. Chame-lhe pós-moderna, se quiser, mas há uma nova atitude cultural que rejeita os dogmas da razão absoluta, do progresso contínuo, da ciência totalitária - que são valores masculinos -, recuperando os direitos do imaginário, característico da cultura feminina, contra o racionalismo clássico do discurso masculino que a Sr.ª Deputada reproduz servilmente.
Sr.ª Deputada, este é um problema que já vem de longe. Leia Simel, por exemplo, no seu livro notável «A cultura feminina». Leia também Teixeira de Pascoaes que dizia, metaforicamente, bem entendido, que «o homem era uma mulher incompleta», Sr.ª Deputada. Não irei tão longe, mas respeito muito a opinião deste poeta.

O Sr. Silva Marques (PSD): - O mesmo se pode dizer da mulher!

A Oradora: - Exactamente!

Quando a Sr.ª Deputada diz que as mulheres têm direitos e se conforma com eles e quando oiço dizer que é suficiente para a problemática feminina que esta seja representada numa subcomissão integrada na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, penso que as Sr.ªs Deputadas estão a fazer concessões a um feminismo arcaico que teve a sua oportunidade no tempo das sufragistas.
Hoje a problemática é outra. É uma mutação cultural que compreende essencialmente a dimensão da mundividência feminina e que, inclusivamente, se exprime na mitologização de um George du Mesil, na mitologia de um Gilbert Durand! Em todos existe uma nova perspectiva cultural que não dispensa a mundividência feminina. E mesmo para converter os direitos legais em realidade, como foi aqui reconhecido, essa conversão implica uma acção cultural de mentalização, o que só por si justifica a especificidade da Comissão da Condição Feminina.
Quero ainda chamar a atenção da Sr.ª Deputada para o seguinte: como explica que o Governo tenha criado e alimente - e devo dizer que não foi só este Governo - um Gabinete da Condição Feminina e se suprima aqui a Comissão Parlamentar da Condição Feminina? Esta Casa é indicada como nenhum lugar para representar os interesses femininos, porque a maioria do eleitorado é feminino e constitui uma traição feita a esse eleitorado suprimir uma comissão que representa os interesses das mulheres, que não se cingem só aos direitos, liberdades e garantias.

Aplausos do PRD, do PS, do PCP e de Os Verdes.

A Sr.ª Mary Lança (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para exercer o direito de defesa.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Natália Correia (PRD): - Mas eu não ofendi a Sr.ª Deputada!

O Sr. Presidente: - A Sr.ª Deputada Mary Lança tem o direito de defesa e a Sr.ª Deputada Natália Correia tem o direito de responder. O direito de defesa é um juízo que cabe a cada um e veremos o que a Sr.ª Deputada Mary Lança tem a dizer.
A Sr.ª Mary Lança (PSD): - Sr.ª Deputada Natália Correia, a ofensa foi precisamente tentar criar uma ideia de divisão na bancada social-democrata.
Pessoalmente, subscrevo inteiramente as palavras da minha colega. Simplesmente, na intervenção que fiz não era minha preterição falar sobre os assuntos tratados pela Sr.ª Deputada Cecília Catarino.
Srs. Deputados, o importante é que as questões relativas às mulheres sejam tratadas na sede própria. Estou absolutamente de acordo em que exista uma Comissão da Condição Feminina...

O Sr. José Magalhães (PCP): - É um grande direito de defesa!