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1466 I SÉRIE - NÚMERO 42

O Orador: - Mas acaso os senhores não constatarão que tal comportamento constitui simultaneamente um afrontoso desrespeito à inteligência e patriotismo dos portugueses e a degradação mais flagrante da dignidade da política, transformada desta forma em malabarismo de oratória desgarrada e inconsequente?
Que estamos nós, Srs. Deputados, que estão os nossos partidos a fazer de Portugal? Que valores temos para lhes oferecer? Que soluções de governo lhes propomos? Será, Srs. Deputados, que vos move uma tal obsessão antimaioria e antigoverno que tudo serve desde que seja contra?
Freitas do Amaral, depois de uma infrene investida de crítica radical - esquerdizante ao PSD...

Risos do PSD, do PS e do CDS.

... limita-se hoje a pedir aos portugueses que lhes dêem amanhã os votos suficientes que obriguem Cavaco Silva a metê-lo no Governo. Acaso não compreenderá que o que lhes está a pedir é que votem contra os governos de estabilidade, que coloquem de novo na governação do País a conflitualidade interna, a rivalidade interpartidária, numa palavra, que coloquem de novo no governo de Portugal a desgovernação do País?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Freitas do Amaral, no fim de contas, pede aos portugueses que votem, não para que Portugal ande para a frente mas para trás.
À parte tão bizarra proposta para fraccionar e fracturar o poder governativo do País, nenhuma outra ideia sólida de política de governo e de projecto para Portugal resulta das suas palavras. Como é possível Srs. Deputados? Como é possível que uma pessoa de tão grandes responsabilidades, cívicas e políticas, possa propor tão desvairado caminho aos portugueses? Que profunda e inconsolável frustração o move, que cego pretensionismo lhe tolda os valores supremos da necessidade de um bom e eficaz sistema de governação para Portugal?
O novo PS! O novo PS não faz hoje outra coisa que não seja acusar. Escasseia-lhe a razão, a solidez de um projecto alternativo, mas sobram-lhe as palavras. E, senão, vejamos: acusa o governo de incapacidade para assegurar a modernização de Portugal, mas, através de um salto malabar, passou a repetir - mal, muito mal, porque sem consistência nem credibilidade - as ideias do PSD e discursa como se fosse a nossa própria direita. Arvora-se em campeão da defesa das classes médias, mas a sua prioridade são - e cito o último comunicado da Comissão Directiva do PS: «as iniciativas de luta contra a política social do Governo». Opõe-se à revisão das leis laborais, que considera injustas e gravosas, parecendo lembrar-se dos trabalhadores, mas tudo fez para que o novo sistema fiscal não estivesse já em vigor e com ele uma maior justiça fiscal e mesmo - e está agora demonstrado - o desagravamento tributário dos trabalhadores por conta de outrem.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Está demonstrado o contrário!

O Orador: - Tem o PS - agora, Sr. Deputado, é a vez do PS...

Risos.

... um projecto próprio e novo para o Portugal novo que queremos construir?
Ainda há pouco, a propósito da lei eleitoral para o Parlamento Europeu, nos demonstrou que apenas tinha uma ideia velha, muito velha, que a nossa profunda universalidade sempre rejeitou: a de uma nação encolhida nos limites das suas pequenas fronteiras.
O PS, em esforços desajeitados de marcar a sua diferença e de se afirmar alternativamente, desfralda hoje a sua grande bandeira: é o partido do diálogo e do consenso. Como se nós próprios também não o fôssemos! Mas o consenso, Srs. Deputados do novo PS, transformado em mito, constitui a mais paralisante e pantanosa das ideias.
Consenso entre quem, Srs. Deputados do novo PS? Entre quem? Entre os que nada querem mudar, entre os que se sentem satisfeitos com o País corporativista, salazarista, gonçalvista que se recusa a desaparecer, 15 anos depois do 25 de Abril? Com que tranquilidade de consciência os senhores vão comemorar o próximo 25 de Abril? Consenso entre esses e os que apostam na mudança e na modernização de Portugal para que sejamos de novo um país livre, próspero e orgulho de todos os portugueses no mundo?
Consenso entre quem, Srs. Deputados do novo PS? Consenso entre o País produtivo, laborioso - não se esqueçam que os senhores se reclamam de um partido de trabalhadores - e inovador e os núcleos parasitários que sugam as energias e as forças de Portugal?
Consenso entre quem Srs. Deputados do novo PS? Consenso entre os que querem continuar abanquetados à mesa do Orçamento do Estado e das pesadas contribuições fiscais e os que têm o direito de esperar que os dinheiros públicos sejam rigorosamente utilizados, combatendo desperdícios e criando melhores serviços públicos, melhores vias de comunicação, melhores e mais meios de desenvolvimento e de progresso? Consenso entre quem, Srs. Deputados do novo PS?
Consenso com os inimigos da liberdade e da democracia? O PS, o novo PS, pretende incluir nas suas listas eleitorais comunistas dissidentes ou, pelo contrário, os que representam um partido visceralmente antidemocrático e totalitário?

Protestos do PS.

O PS, o novo PS, pretende quebrar a cortina de ferro do PCP ou dar-lhe um novo fôlego emprestando-lhe, quiçá hipotecando-lhe, a sua própria credibilidade de partido democrático, campeão da luta pela liberdade? Será que vos move, Srs. Deputados, uma tal obssesão antimaioria e antigoverno que tudo serve, desde que seja contra? Não posso acreditar! Srs. Deputados da Oposição, o facto de serdes oposição não poderá impedir-vos, não posso crer, de connosco travarem um combate comum pelos valores da liberdade, desmascarando e combatendo todos aqueles que a ela se opõem.
Não poderá impedir-vos - não posso crer! - de connosco travarem um combate pela dignificação da política e pela credibilidade e solidez das instituições do estado democrático.
Srs. Deputados da Oposição, não vos pedimos tréguas, antes pelo contrário, pedimo-vos que connosco travem os combates que a todos nós dizem respeito, sem prejuízo da legítima oposição que vos cabe conduzir.