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1468 I SÉRIE - NÚMERO 42

Não atacámos - e é bom que se diga isto - nada de ético em relação ao PSD. Hoje, somos um partido de Oposição e, como tal, temos feito claramente uma crítica de oposição que não é, obviamente, sistemática e permanente. Temos todo o direito de fazê-lo e o senhor não deve estranhar que apareçamos como oposição.
Agora, o Sr. Deputado não pode dizer - e esse é um aspecto importante - que essa oposição se reduz a um pedido de um lugar no futuro Governo.
Devo dizer-lhe que não temos interesse, nem sequer era bom serviço prestado ao país, em qualquer coligação que fizesse permanecer o estilo de governação que o seu partido está a imprimir.

O Sr. Presidente: - Queira terminar, Sr. Deputado.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente.
O Sr. Deputado perguntou com quem é que se faz consensos. Eu digo-lhe: com efeito, o seu Governo, ao contrário do que pode dizer-se, não é um Governo que só faz divergências na sociedade portuguesa. Não é verdade! As divergências fá-las com quem trabalha, com quem produz, sejam eles magistrados, advogados, autarcas, trabalhadores indiferenciados. Com esses há divergências, mas não há divergências com os outros.
Com esse núcleo fundamental do grande «Estado laranja», com esse núcleo fundamental que leva a que as pessoas já temam que alguns assuntos sejam aqui levantados pela sua própria segurança, com esses não há divergências, com esses há um profundo consenso. Mas é contra esse consenso que o CDS está e é contra esse consenso que o CDS se ergue, diga o Sr. Deputado, em seu nome ou em nome da sua bancada, as aleivosias que entender.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, não desejo pedir esclarecimentos mas, muito rapidamente e em nome do PCP, fazer um protesto contra os insultos dirigidos ao meu partido pelo Sr. Deputado Silva Marques. Faço-o para que fique registado no Diário e não para responder ao Sr. Deputado Silva Marques. O Sr. Deputado Silva Marques «respondeu-se»; não fez uma intervenção, fez a sua demolição.

Risos.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Silva Marques, uma vez que o Sr. Deputado Carlos Brito usou a figura regimental do protesto, pergunto-lhe se pretende dar explicações já ou no final dos pedidos de esclarecimento?

O Sr. Silva Marques (PSD): - No final, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Natália Correia.

A Sr.ª Natália Correia (PRD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado Silva Marques mostrou-se favorável à modernização do País. Óptimo! Estamos todos de acordo. Mas não acha que esse cliché do «papão comunista», que usou a propósito do eventual entendimento entre o PS e o PCP, é uma imagem que já nada diz ao tal país novo pelo qual V. Ex.ª se bate, ao tal país novo que a juventude espera, que tem como motor essa juventude e para quem «tais narizes de cera» não têm qualquer significado?
Muito objectivamente, pergunto ao Sr. Deputado o seguinte: será que reconhece, no actual PCP, energias que sirvam a intenção de imolar a democracia a um Estado totalitário? Será que tem essa ingenuidade, Sr. Deputado?
V. Ex.ª sabe que, formalmente, nada tenho a ver com o PCP; para além das simpatias que alguns dos seus membros me inspiram, nada tenho a ver com a sua ideologia, mas causa-me tédio que a antiga cassette do PCP se tenha convertido na cassette de um antigo comunismo, do qual o mínimo que se espera, esteticamente, é que, pelo menos, se modernize, porque essa cassette anticomunista está a tornar-se perfeitamente esclerótica.

Risos.

O Sr. Presidente: - Por último, tem a palavra o Sr. Deputado Raul Rego.

O Sr. Raul Rego (PS): - Sr. Deputado Silva Marques, a sua intervenção podia ter sido feita na Assembleia Nacional...

Risos do PSD.

... separatista, isolacionista, de portugueses de primeira e de segunda.
É lamentável que, 15 anos após a conquista da democracia em Portugal, haja intervenções destas de um deputado que tem convivido com outros deputados.
Em determinada altura, o Sr. Deputado diz: «a pergunta esperamo-la nós». Mas, Sr. Deputado, mais do que nós, esperam-na os portugueses. Por isso, pergunto ao Sr. Deputado Silva Marques se também se considera português.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado Raul Rego, evidentemente que me considero português.
Por outro lado, não era possível ter feito a minha intervenção na Assembleia Nacional porque ela não era livre, mas sobretudo, Sr. Deputado Raul Rego, porque ela era a cúpula de um Estado, por definição, corporativista e salazarista. E o meu discurso, como V. Ex.ª reparou, foi um discurso essencialmente anticorporativista, antisalazarista e, mais, antigonçalvista.
O Sr. Deputado sabe muito bem que o gonçalvismo, do ponto de vista sócio-político ou se quisermos histórico-cultural, poderá ser definido - permitam-me a definição - como o agravamento dos vícios corpórativistas-salazaristas, só que, com beneficiários diferentes. Portanto, hoje, a nossa tarefa não é só a de «descorporativizar» ou a de «dessalarizar» o País; é também a de «desgonçalvizar» o País.