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1774 I SÉRIE - NÚMERO 50

O Sr. António Vitorino (PS): - Antes boa forma física do que pobreza de espírito!

O Orador: - Quando o Sr. Deputado Torres Couto fala faz-me lembrar - e isto é um elogio - o Presidente da Confederação das Corporações...

Risos do PSD.

..., porque repare, Sr. Deputado: V. Ex.ª é sindicalista - representante do proletariado - mas, ao mesmo tempo, tutor das classes médias (advogados, juristas, juizes, comerciantes, enfim, tudo o que seja classe média, independentemente do estado de miséria evidentemente!)

Risos do PSD.

Mas, Sr. Deputado, eu pergunto-me: será que esse povo faminto toleraria uma central sindical fazendo obras de luxo? Julgo que não!! Estou a colocar-lhe uma questão incómoda, mas não lhe peço desculpa por fazê-lo.
O vosso discurso miserabilista obriga a que os Srs. Deputados respondam a estas questões! Se há famintos, se há miseráveis, se há esse tal dramatismo social, Sr. Deputado, seria um escândalo, uma imoralidade, que os representantes dos pobres se dessem a actos de luxo no que diz respeito às suas instalações institucionais.
Pergunto-lhe com toda a frontalidade, Sr. Deputado: como é possível esse ambiente de miserabilismo social, de angústia, de drama e os senhores, tranquilamente, instalando-se em condições de certa forma sumptuosas e que a imprensa não viu desmentidas?

Risos do PS.

Mas deixemos esses aspectos!
Sr. Deputado, em relação às greves, V. Ex.ª não falou senão de advogados, de juristas, de médicos, etc. Sendo o Sr. Deputado um representante sindical, um dirigente sindical, em pergunto-lhe: então, onde estão as greves dos operários? Onde estão as greves dos empregados de serviços? Dê exemplos!
À parte alguns casos pontuais - e mesmo assim, apenas do sector público -, desafio-o a dar-me uma lista, Sr. Deputado.
Na sua circunscrição eleitoral, na região de Leiria, quantas empresas estão em greve? Nenhuma, Sr. Deputado! Nem mesmo serviços públicos!... E muito menos empresas do sector privado!...
Naquela região, Sr. Deputado, empresários e trabalhadores estão hoje, conjugadamente, empenhados em construir o País de amanhã, sem complexos e, felizmente, sem ouvir o «canto da sereia» catastrófico das centrais sindicais.
A Marinha Grande é hoje um exemplo. A Marinha Grande está hoje transformada, está hoje a erguer-se das cinzas que o radicalismo sindical causou.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado está, neste momento, a conduzir que lutas sindicais? As dos médicos? As dos juristas?
Não está a conduzir luta alguma, Sr. Deputado, porque, neste momento, os trabalhadores portugueses estão empenhados, numa acção conjunta com os empresários que têm iniciativa e que estão a correr os seus riscos, em construir o futuro.
As palavras, Sr. Deputado, não constróem a realidade, porque se construíssem,
quer o senhor quer nós, transformávamos o mundo amanhã.
As palavras não substituem os actos, Sr. Deputado! ... Os senhores falam de greve geral e, até hoje, não fizeram qualquer greve geral!... Os espanhóis fizeram-na!... No dia em que os senhores tiveram cá uma greve geral - que não terão - com o excesso de facilidade que têm para abordar a questão apanhavam um susto!... Nunca mais falavam nisso!...
Não abusem das palavras, Srs. Deputados!... Que delas, sobretudo, não abuse o Sr. Deputado Torres Couto, pois é dirigente* sindical!... Se algum abuso cometer, que seja um abuso do trabalho. Mas não abuse demasiado, não faça horas extraordinárias!...

Risos e aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Hermínio Martinho prescindiu do seu pedido de esclarecimento. Por isso, para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Lemos Damião.

O Sr. José Lello (PS): - Isto são só «armas secretas»! ...

Risos.

O Sr. Lemos Damião (PSD): - Sr. Deputado Torres Couto, ouvi com alguma surpresa - e, com pena minha, não na sua totalidade - o discurso de V. Ex.ª, que me deixou, de certo modo, confuso.
Interrogo-me sobre se quem aqui falou foi o Secretário-Geral da União-Geral dos Trabalhadores ou o Sr. Deputado Torres Couto. A interrogação põe-se porque eu estava habituado a vê-lo e a reconhecê-lo apenas como o líder de uma grande central democrática.
Fiquei confuso porque me pareceu que V. Ex.ª tomou a senda daqueles seus companheiros de bancada que, por vezes, misturam as coisas.
Hoje, Sr. Deputado Torres Couto, fiquei com a impressão de que - e queria que me clarificasse esta situação - quando V. Ex.ª faz acordos com o Governo tem um discurso e que quando faz acordos com a Intersindical tem outro discurso. A pergunta que lhe faço, Sr. Deputado, é a seguinte: onde está o discurso da UGT? A UGT já não tem discurso próprio? O Sr. Deputado Torres Couto, hoje, com o discurso que aqui fez, quer dizer que prevê a capitulação da UGT perante a Intersindical?
Falou a seguir no emprego precário. Então o Sr. Deputado Torres Couto acha que não ter emprego é melhor do que ter emprego precário? Quer substituir o emprego precário pelo desemprego?
Disse ainda que era preciso mais e melhor educação. O que têm feito o Sr. Deputado Torres Couto e a UGT para aleitar o Governo e o País para a criação de novas profissões, que são inevitáveis à medida que nos aproximamos de 1992? Entende V. Ex.ª que a UGT tem dado o seu contributo para detectar novas profissões que possam debelar o cancro do desemprego?
Quando na sua intervenção referiu que era preciso meter a justiça social na macroeconomia, o Sr. Deputado lembrou-me uma frase de má memória. Eu sabia