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21 DE JUNHO DE 1989 4647

Não foi seguramente este o caminho seguido pela classe dirigente da China que, para mal da democracia e da liberdade, não segue, nem. de longe nem de perto, o exemplo exaltante da sábia ponderação dos que merecem o respeito dos mais novos. Pena é que se frustrem impiedosamente os sonhos efemeramente acalentados.
O diálogo e a abertura reclamados receberam, como inadequada resposta, o avanço, ameaçador das armas que semearam, na praça maior de Pequim, o sangue e a morte.
O desalento e a impotência perante a força foram os companheiros incómodos e indesejados de quem esperaria tudo menos isso.
Contudo, a semente vertida logrou espalhar-se vertiginosamente a, outras paragens da milenária China, questionando corajosamente os rumos de uma política que, de todo, não perfilham. Também nós, não nós pomos, naturalmente do lado, dos que disparam ou mandam disparar sobre os seus concidadãos indefesos. Tanto menos, quanto as vitimas são o melhor da sua gente uma juventude ávida de expressão livre e consequente doa seus nobres ideais. Dai o sentido do nosso voto.
Querermos deixar bem claro ainda que não aceitamos, igualmente, tentações ou actos, totalitários de origem diversa que, Indiscutivelmente, não podem coexistir no tempo em que vivemos.
Quando se comemora o II Centenário da Revolução Francesa, momento histórico decisivo que fez mudar de rumos desumanos de regimes absolutos, constitui um penoso anacronismo a permanência de situações que subestimam o Homem! ou atentam mesmo contra elementares princípios que deviam ser pertença vivida e assumida pelos homens, qualquer que seja a sua condição.

Aplausos do PRD, do PSD, do PS e do CDS.

A Sr.ª Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Pacheco Pereira.

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Manifestámos através da apresentação do nosso voto e do apoio que demos aos outros votos, com excepção do apresentado pelo PCP, o nosso repúdio pelos recentes acontecimentos na China.
Somos contra o massacre indiscriminado de civis, contra uma repressão ao movimento estudantil que apelava para aquilo que são direitos que todas as nações civilizadas consideram adquiridos, contra a humilhação de presos, contra a instauração de um clima de brutalidade e de violência, que tem de provocar o sincero repúdio de todos os homens livres e de todos os homens conscientes das dificuldades da situação- mundial e do caminho que essa situação leva.
Consideramos que no momento em que a humanidade caminha para consolidar a paz, no momento em que os regimes autoritários se encontram postos em causa, quer pela manifestação clara da vontade popular, quer todo um processo de conflitualidade e de lutas, acontecimentos como os que ocorreram na China lançam uma sombra sobre essa evolução e levantam uma suspeição sobre esse caminho.
Fernando Pessoa dizia que «a esperança era um dever do sentimento». Nós manifestamos aqui um sentimento de protesto, esperando que esse sentimento dê
origem a uma esperança de que à situação na China melhore, que prossiga a via das reformas - e que os cidadãos possam ter- os plenos direitos que consideramos essenciais para a sua dignidade.

A Sr.ª Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Adriano Moreira.

O Sr. Adriano Moreira (CDS): - Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, queria dizer sem nenhum equivoco que sou um profundo admirador da cultura e da civilização chinesas, e que a circunstância do supor saber que é um país profundamente cultor do equilíbrio foi demonstrado em vários acontecimentos históricos importantes. Inventou a palavra não inventou o canhão, inventou o papel não inventou a imprensa e_ inventou a bússola não fez as navegações.
Este sentido de equilíbrio, por várias circunstancias, foi muitas vezes perdido na China e o seu povo martirizado durante a nossa vida pelos senhores da guerra, pelos morticínios, pelas chacinas constantes que foram a sua forma de reflectir as dificuldades que ocorreram em toda a humanidade.
Mas os acontecimentos que se verificaram nessa praça, que vai ficar certamente como um dos nomes mais angustiantes da história da humanidade, foram os massacres da praça de Yananmen, a primeira coisa que me lembraram foi o nosso poeta: «Mas as crianças Senhor.» Para mim não há nada de mais fascinante, porque nada há de mais frágil, do que a juventude; nada há mais respeitável do que essa total liberdade que representa a juventude capaz de todas as opções, por estar, comprometida apenas com os futuros possíveis que é capaz de construir.
Foi isto que foi barbaramente esmagado naquela praça, que eu conheço, onde estive e onde pensei que tinham começado a soprar os ventos do discurso que gosto de chamar o «discurso da humanidade».
É justamente por isso, com, profunda dor, com a profunda angústia do nosso peta, que pedi ao CDS que tomasse a iniciativa de incitar a juventude, todo o mundo a manifestar-se, a solidarizar-se com aqueles que morreram, justamente na altura em que eles podiam representar aquela luz que a humanidade espera que cada homem seja e que cada homem, por isso mesmo, seja uma luz que, acesa de uma vela, vai dando essa, enquanto vai morrendo. Nada há mais angustiante, de mais inconcebível, de mais inaceitável, de mais condenável do que desta maneira bárbara, de uma vez só, esmagar a esperança de tantos milhares de jovens, sobretudo, se posso fiar-me nas noticias da imprensa, que o responsável político por um grande povo tenha a possibilidade, o impudor de declarar que procedeu desta, madeira porque «devem deixar-se crescer as ervas más para as poder destruir completamente».
Nós não podemos deixar de condenar, veementemente, esta atitude de um governo e aqueles que são crentes ficaram com a perplexidade do poeta «e as crianças Senhor?» ... .

Aplausos do CDS, do PSD, do PS e do PRD.

A Sr.ª Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos. Brito.