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18 DE OUTUBRO DE 1989 7

O Partido Comunista também diz que assim é, embora afirme que a sua vontade seria a de que a mesma se estendesse a todo o País. Desde logo nos fica a interrogação de qual o preço que os comunistas terão cobrado para aceitarem essa retinta coligação.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador:-E daqui teremos de tirar, para alem de outras, duas conclusões: ou a coligação para Lisboa é positiva, e então será uma injustiça não a estender ao resto do País; ou a coligação é má, ou pelo menos de má fé, e, então, os injustamente tratados são os lisboetas.

Aplausos do PSD.

Se, por remota hipótese, o Dr. Jorge Sampaio viesse a ser eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, largando, assim, a não menos remota hipótese de vir a ser primeiro-ministro de Portugal, ele leria de tomar uma opção: renunciar a um dos cargos, nele dando homem por si, sem que, então, os lisboetas ou os demais portugueses sobre tal fossem ouvidos. E já se sabe que o eventual autarca substituto seria, pelo menos durante algum tempo, um autarca comunista.
Não me parece, com o devido respeito, solução democrática para o bem nacional.
É, nitidamente, o interesse partidário a prevalecer sobre o interesse nacional.

Aplausos do PSD.

Por outro lado, como será possível funcionar frutuosamente uma câmara, como a de Lisboa, quando, no seu dia-a-dia governativo, sé entrechocam ideais democráticos com ideais não democráticos? Será que esta coligação de esquerda retinta ainda não percebeu que tem de resvalar, inexoravelmente, para um dos lados ou desfazer-se aquando do primeiro problema sério?
Estou convicto, seriamente convicto, de que esta coligação é o princípio ou, quando muito, a experiência para uma coligação a nível nacional. Não compreendo o risco apenas circunscrito à autarquia de Lisboa. O prémio é demasiado pequeno para tanto capital empenhado.
É caso para se dizer que o bilhete da lotaria custa mais do que o primeiro prémio da mesma.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Mas, repito, estou convicto de que é o princípio de uma coligação a nível nacional e a prazo relativamente curto. A coligação já envolveu reuniões das direcções de ambos os partidos, o PS já vai a casa do PCP, a UGT, que o PS tanto ajudou a criar, a combater e a manter, para conceder liberdade aos sindicalistas, já se reúne com a CGTP-Intersindical. E tudo isto tem um significado muito visível!
Tenho pena que assim seja! É que desde o início da nossa democracia habituei-me a ver o Partido Socialista como uma força política indispensável à vida democrática portuguesa. Não me habituei a vô-lo, ainda que só aqui ou ali, de mãos dadas com o Partido Comunista.
Os ataques que os socialistas democráticos sofreram por banda dos comunistas, e a que sempre responderam de cara levantada, tinham arreigado em mim a ideia de que a democracia não podia misturar-se nunca com o totalitarismo. E é por isso que tenho pena!
Onde está o Partido Socialista que ainda recentemente, no processo de revisão constitucional, tão mal aqui foi tratado pelos comunistas?
Onde está o Partido Socialista que em 1975, na Alameda de D. Afonso Henriques, fez uma das maiores mobilizações de massas populares contra o Partido Comunista Português?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Onde estão os socialistas democráticos portugueses que, connosco e outras forças democráticas, ajudaram, no Porto, à marcha sobre o RASP, onde, por forças não democráticas, se verteu sangue dos defensores da liberdade?

O Sr. António Barreto (PS): - Estão aqui, Sr. Deputado!

O Orador: - Onde estão os socialistas que ajudaram ao 25 de Novembro, que se bateram contra o 11 de Março, que ajudaram ao derrube do gonçalvismo?

O Sr. José Lello (PS): - Onde é que estão os da União Nacional?

O Orador: - Esta coligação de esquerda, em embrião já bem desenvolvido, da exclusiva responsabilidade da direcção do Partido Socialista e com lucro já evidente para os comunistas, tem a já bem visível vontade de vir a governar o País. A coligação para a autarquia de Lisboa, repilo, é para mim uma mera experiência ou um princípio de união com caminho previamente traçado.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E então, juntos que venham a estar, por hipótese remota, na governação, estou a ver o que poderá acontecer ao Dr. Jorge Sampaio quando, Primeiro-Ministro deste país, tiver de resolver, com os seus parceiros comunistas, problemas tais como os da CEE ou da NATO. São apenas dois exemplos, mas que bastarão para ver como não tem solução credível aquilo que agora se pretende vender ao povo lisboeta em primeira mão e ao povo português em segunda fornada.
O mal não será nosso, dos sociais-democratas. O mal será para a democracia portuguesa e para o País.
Nós estamos calmos e serenos.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Seguimos o nosso caminho, os socialistas seguirão aquele que entenderem!
O povo português, agora e sempre, saberá resolver com a capacidade que tem demonstrado.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Pura formular pedidos de esclarecimento, inscreveram-se os Srs. Deputados António Guterres, Carlos Brito e Helena Roseta.
Tem, pois, a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): -Sr. Deputado Montai vão Machado, só não lhe digo que começa o ano com o pé esquerdo porque isso dito por mim seria um elogio.