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18 DE OUTUBRO DE 1989 9

A vida parlamentar, que todos conhecemos como a vida política nacional, mostra quem; crescentemente, introduz na vida nacional tendências autoritárias, dogmáticas, totalitárias: é o vosso próprio partido!

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado Montalvão Machado não se dá conta de que a sua intervenção, os ataques para a esquerda e para a direita, são uma manifestação do isolamento do PSD no quadro político nacional? Essa, é uma novidade, (uma forte novidade da presente situação política!
Aqueles que o Sr. Deputado acusa de antidemocratas estão no centro do diálogo democrático na vida política nacional, não só com o PS, mas com todos os partidos à esquerda do PSD, e, em algumas circunstâncias também, fazem diálogo com partidos que estão à sua direita. Entretanto, o PSD é um partido que se isola, é um partido que, como um velho que perde um pé, sente ameaçada a sua posição, protesta, clama, insulta, como o Sr. Deputado acaba de fazer!

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - São estas as minhas palavras, é este o meu protesto! Responda de uma forma convincente e verdadeira, Sr. Deputado!

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Roseta.

A Sr.ª Helena Roseta (Indep.): - O Sr. Deputado Montalvão Machado sabe que o respeito e considero, mas hoje creio que V. Ex.ª fez um discurso de facilidade, um discurso para os aplausos da bancada, um discurso para sentir um certo calor que há alguns meses não. tem tido porque os trabalhos tem estado encerrados em termos de hemiciclo.
Ora, não gostaria de deixar passar esta ocasião, sem levantar algumas questões em relação às quais gostaria que respondesse com a maior isenção possível.
O Sr. Deputado quis trazer para aqui a questão da campanha de Lisboa. Congratulo-me por ver que, pela primeira vez desde o 25 de Abril, a cidade de Lisboa está no centro dos debates políticos. De facto, até esta altura, a cidade de Lisboa era como outra qualquer e as eleições' para a cidade de Lisboa eram como outras quaisquer!
A primeira questão que pretendo colocar é no sentido de saber se o Sr. Deputado considera ou não que ao longo dos últimos 10 anos á solução que esteve à frente de Lisboa, a coligação CDS/PSD, conseguiu resolver os principais problemas da cidade de Lisboa? É isto o que está em causa na campanha eleitoral para Lisboa!
Lisboa continua a ter problemas gravíssimos de trânsito, de habitação, de lazer, de animação cultural, e de limpeza, de higiene, etc. Porém, o Sr. Deputado não nos falou de nada disso! Fala-nos de soluções políticas e não de respostas...

Vozes do PSD: - E Cascais?

A Oradora: - Já vamos abordar o problema de Cascais! Aliás, essa era a minha segunda pergunta!

O Sr. Deputado fez aqui considerações acerca do PCP e a verdade é que não tenho de responder sobre isso. Porém, gostaria de recordar um facto: na Câmara de Cascais -:uma pequena experiência, de três anos - estive à frente de uma lista do PSD que ficou em minoria.
Como condição a essa minha candidatura - condição essa que foi colocada à concelhia, à distrital e à Comissão Política Nacional do PSD - referi que só aceitaria candidatar-me à Câmara Municipal de Cascais desde que, no caso de ganhar, me fosse autorizado colaborar com todas as forças políticas do concelho. Esta condição foi aceite e o PCP em Cascais teve atribuição de pelouros, como os outros partidos, e colaborou democraticamente connosco, como os outros partidos.
Ora, o que gostaria de saber era se o PCP nessa altura e em Cascais era democrático e hoje, noutros sítios, não o é!

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - É, claro que é democrático!... Profundamente democrático!... Até é mais democrático que os outros!...

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Já fala sozinho!...

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Montalvão Machado.

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Nilo sei como é que o Sr. Deputado António Guterres, inteligente como é e não faço favor algum em dizer isso -, pode ter tirado a conclusão de que a minha intervenção significa que o PSD está atrapalhado! Ora, isso não é verdade! O PSD não está nada atrapalhado!

Vozes do PS: - Que ideia!

O Orador: - Quem está muito atrapalhado são os Srs. Deputados! E estilo tão atrapalhados que tem de ir buscar «parceirinhos» de coligação!

Vozes do PS: - E vocês?

O Orador: - O Sr. Deputado António Guterres diz que nós não compreendemos o País! É claro que eu poderei dizer que os Srs. Deputados é que não o compreendem. E poderei dizer isso com base no voto popular: mais de 50% do povo português compreendeu-nos a nós!

Q Sr. Carlos Brito (PCP): - «Compreendeu». Está a falar no passado.

O Orador: - Sr. Deputado Carlos Brito, dentro de pouco tempo já lhe respondo!
Como estava a dizer, o povo português compreendeu-nos nas últimas, eleições em mais de 50%.

Vozes do PS: - Nas últimas eleições nem por isso!

O Orador: - E nas próximas eleições vai compreender-nos igualmente!
Daqui até lá, tudo quanto se diga-a esse respeito é querer adiantar-se à vontade do povo português, que é, por si só, absolutamente incapaz de ser influenciada quer pelas palavras do Sr. Deputado, quer pelas minhas.