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516 I SÉRIE - NÚMERO 17

O Sr. Deputado também argumentou dizendo que a falta de credibilidade junto dos trabalhadores era notória. Mas porque?
Perguntei igualmente aos meus assessores se acaso o emprego estava a cair e o desemprego a subir, se o rendimento real disponível das famílias estava a baixar, o consumo a baixar, o bem-estar a bater no fundo, tal qual o investimento e as pensões a degradarem-se. Responderam-me os meus assessores: "Não, passa-se o contrário! Isso aconteceu há alguns anos atrás, quando o PS era governo!"

Aplausos do PSD.

Vozes do PS: - E o seu partido também!...

O Orador: - Um dos argumentos utilizados pelo Sr. Deputado António Guterres para explicar a eventual, hipotética, falta de credibilidade da política económica conduzida por este Governo, em particular por este Ministro das Finanças, foi o dos contribuintes. Também quanto a este assunto, Sr. Deputado, mandei saber o que se passou com os salários reais em termos de garantias durante os últimos 15 anos.

O Sr. José Lello (PS): - Afinal, o ministro não sabe nada!

O Orador: - Não, tenho muito respeito pela opinião do Sr. Deputado António Guterres e nunca pensei que ele falasse de cor e sem conhecimento de causa, ainda por cima.
Mas, como estava a dizer, mandei saber o que se passou durante os últimos 15 anos em termos de salários e concluí que, há alguns anos atrás, quando o PS era governo, a inflação chegou a "picar" os 30 %, e nem por isso os impostos profissional e complementar que recaíam sobre as famílias viram os seus escalões actualizados! O rendimento real, bruto, sem considerar os impostos, baixou! Teve evolução negativa! E se considerarmos os impostos, pior ainda! Os salários reais, em termos líquidos, foram violentamente tratados quando o PS liderava o Governo.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Isso é um pecado mortal, não é um pecado original!

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado.

O Sr. Gameiro dos Santos (PS): - Mais um assessor!

Risos do PS.

O Orador: - O Sr. Deputado António Guterres referiu igualmente que este Governo não tinha credibilidade porque cada ministro tinha a sua política. Aí, meu Deus!... Isso fez-me lembrar alguns anos atrás quando no Governo dirigido pelo partido de V. Ex.ª cada cabeça sua sentença, ninguém se entendia no meio daquela...

Vozes do PS: - Dirigido por quem? Diga, diga!

O Orador: -Era o PS quem governava e cada cabeça sua sentença!...
Neste Governo...

Protestos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, agradecia o silêncio da Câmara para que o Sr. Ministro possa continuar a responder às questões que lhe foram solicitadas.

O Orador: - Sr. Presidente, de facto, o desnorteamento de uma bancada nunca foi bom sinal!

Risos do PSD.

Alguma coisa corre mal. Espero não ter contribuído minimamente para esse desnorteamento.

Risos do PSD.

Mas de uma coisa posso assegurar VV. Ex.ªs, e de uma coisa podem estar certíssimos: é que no Governo de Cavaco Silva cada ministro não faz a política isolada e de costas voltadas para os outros. Há coordenação, há articulação e há coerência da política económica, social, global ou sectorial.

Aplausos do PSD.

Já agora, quanto aos enganos dos impostos em 1990 a que fez referencia o Sr. Deputado António Guterres, gostaria de dizer que a sua receita é determinada, matematicamente e com erros estatísticos perfeitamente justificáveis, em grande parte, em função da evolução do rendimento, do PIB, bem como do emprego, da inflação, da eficiência do sistema fiscal e também da confiança que os agentes económicos depositem no País.
Já agora perguntar-lhe-ia, Sr. Deputado, se se recorda qual era o desvio entre receitas orçamentadas e receitas efectivamente cobradas nos governos em que o partido de V. Ex.ª era determinante.

Vozes do PS: - Mas olhe que o Secretário de Estado do Orçamento era do PSD!

O Orador: - O que acontecia várias vezes - meu Deus, isso sim, é que é condenável - era as receitas cobradas no fim do ano ficarem abaixo do orçamentado.
Connosco nunca isso aconteceu, e isto é boa gestão orçamental.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Isto é boa gestão orçamental. Está nos manuais mais primários, Sr. Deputado.
O Sr. Deputado Octávio Teixeira diz, no seguimento do Sr. Deputado António Guterres... É interessante que se tem notado nos últimos tempos um entrecruzar de bolas de um lado para o outro, e um segue na sequência do outro e vice-versa.

Protestos do PS e do PCP.

O Sr. Deputado Octávio Teixeira diz que é o meu último Orçamento do Estado.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Provavelmente!

O Orador: - Provavelmente essa é a sublime esperança do Sr. Deputado'. O próximo Orçamento será do Partido Comunista mais Partido Socialista. Falta saber se o Partido Comunista é o da linha dura ou o da linha soft. Espero que isso seja resolvido internamente. Não direi qual é o meu desejo, mas adivinha-se.

Risos do PSD.