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6 DE DEZEMBRO DE 1989 767

zado o XII Congresso, essa reflexão e essa assimilação críticas têm continuado, como decorre da primeira parte da minha intervenção e como, aliás, o Sr. Deputado Basílio Horta teve o cuidado de assinalar.
Quanto à segunda parte, compreendo que para os seus ouvidos seja doloroso ouvir falar de desigualdades, de exploração, de injustiças sociais. Compreendo isso.

O Sr. Joaquim Marques (PSD): - E Cuba, Sr. Deputado? Como vamos de Cuba?

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - É doloroso ouvi-lo outra vez.

O Orador: - Mas essa posição é a sua. A nossa é a de denunciar as desigualdades, a injustiça... E assim estaremos aqui, de uma forma pluralista, contribuindo para o desenvolvimento deste país.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares pergunta: desde quando? Encontrará nas posições do PCP, desde há muito, por exemplo, o combate à ideia de modelo. Há décadas, como há pouco tive ocasião de dizer da tribuna, que denunciamos e combatemos essa ideia.
Pergunta-me depois se isto é uma crítica a fulano ou a beltrano. É uma crítica geral, profunda, que, naturalmente, engloba as pessoas que em dado momento desempenharam determinadas funções. Não fulanizamos a apreciação que fazemos dos acontecimentos.
Em relação ao Sr. Deputado Carlos Encarnação, devo dizer que, apesar de tudo, distinguiu-se melhor a voz do que as ideias, como frequentemente lhe acontece. A voz, apesar de tudo, ainda é mais clara do que as ideias. Creio que não são verdadeiras as afirmações que atribui ao meu camarada Álvaro Cunhal. Não acredito que alguma vez ele tivesse afirmado que não há nada a discutir em relação aos acontecimentos que ocorrem nos países socialistas. Isso é contrário ao seu próprio pensamento e carácter racionalista e não é possível, o que desvaloriza bastante a sua pergunta.
Mas quero dizer-lhe, em comentário àquilo que diz ser a defesa e o debate do PSD, que o debate do PSD e, essencialmente, a defesa daquelas situações de desigualdade e injustiça que tive ocasião de caracterizar na segunda parle da minha intervenção. E é outra coisa: uma manobra de diversão em relação às dificuldades em que o PSD se encontra quanto às eleições para os órgãos das autarquias locais. Só isso explica que tivesse escolhido o dia de hoje para este debate e não qualquer outro, ate anterior a este.
Quanto ao Sr. Deputado Pacheco Pereira, é uma enorme dificuldade - devo confessá-lo - discutir consigo, porque o Sr. Deputado começa a dizer que a nossa linguagem é dupla e não acredita em nada. Vale a pena responder-lhe? E, além disso, o Sr. Deputado tem uma fixação, que é a Festa do Avante.

Risos do PCP.

Entre estas duas balizas, o que é que lhe posso dizer? Remeto-o para o programa do partido, que responde a estas questões, e para a intervenção que acabei de fazer, onde definimos a nossa posição geral em relação aos acontecimentos que o Sr. Deputado referiu e dizemos o que é o socialismo que defendemos e quais são as nossas ideias, as nossas opiniões e a nossa tradução do diálogo devido.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (Indep.): - Vai tirar de lá os americanos, Sr. Deputado Joaquim Marques? Vai acabar com o boicote económico a Cuba?

Vozes do PSD.

O Orador: - Quanto ao Sr. Deputado Duarte Lima, uma parte das questões que me colocou já está respondida por aquilo que eu disse. Quero, porém, dizer-lhe, Sr. Deputado, que este partido, o PCP, é um partido que está de pé e não um partido abatido pelos ventos, pelos temporais, pelos vendavais, como alguns dizem. E por que é que é um partido que está de pé? Porque tem grandes raízes no povo português.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Por isso, não estamos aqui desalentados, preocupados, perturbados. Estamos seguros, respondendo com as nossas posições e as nossas opiniões a estas questões.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Não foi o que eu disse. Responda à minha pergunta, Sr. Deputado!

O Orador: - O Sr. Deputado Sousa Lara questionou-me sobre a perestroika. Há muitas maneiras de definir a perestroika e poderíamos tentar alguma delas. Eu citei na minha intervenção, por exemplo, uma caracterização que o meu partido fez da perestroika. Mas referi aqui uma outra ideia, que creio ser muito importante, e que é esta: a perestroika é, para mim, uma grande mensagem, a de pôr a prática de acordo com o ideal e com os princípios proclamados. E, para mim, isso é um grande encorajamento e um grande factor de esperança.

Aplausos do PCP.

Os Srs. Duarte Lima (PSD) e Narana Coissoró(CDS): - Isso é bonito!

O Sr. Carlos Encarnação (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para defesa da consideração.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Encarnação (PSD): - E, se pudesse, também para a defesa da garganta.
Justificarei a defesa da consideração nos seguintes termos: em primeiro lugar, o Sr. Deputado Carlos Brito diz que não são verdadeiras as declarações que atribuo ao seu secretário-geral. Devo dizer que as afirmações que eu atribuo ao seu secretário-geral estão transcritas na edição do semanário O Jornal, de 10 de Novembro de 1989, e são sufragadas pelo jornalista Carneiro Jacinto.
Em relação à segunda parte - falta de clareza nas ideias, por contraposição com a clareza na voz -, terminei a minha intervenção com uma pergunta muito clara, a que V. Ex.ª não respondeu. Não iludi as questões da desigualdade, da exploração e da opressão. Foi mesmo, porventura, a parte essencial do final da minha intervenção. A pergunta a que V. Ex.ª não respondeu, que está ligada a isso, era a de saber se estava ou não o Sr. Deputado solidário com os povos dos países do Leste, como povos explorados, oprimidos e privados da sua liberdade até agora.