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13 DE JULHO DE 1990 3523

com ele? Onde ficará então o vosso socialismo democrático depois de emparedado pelo socialismo não democrático?
É esta uma situação com a qual vos confrontais e para a qual não tendes solução credível. Daí a vossa vida em sobressalto, o vosso jogo em vários tabuleiros e, com grande desgosto meu. a breve trecho a vossa morte lenta.
Lançais mão de tudo, até do ilegítimo, para vos afirmardes como vencedores antecipados num sonho irrealizável.
Usurpais a próxima reeleição do Dr. Mário Soares como se coisa vossa fosse. Não vos importa que ele não seja o vosso candidato porque, ele o disse e diz, não foi nem será o candidato de nenhum partido político. Não vos importa que ele não queira que a sua mais que certa recandidatura seja transformada em luta partidária. O que vos importa, isso sim, e sem qualquer pudor político, é dizer que se o Dr. Mário Soares se recandidatar, como nós esperamos, e se ganhar, como nós esperamos, vós poderdes dizer, como já dizeis aos quatro ventos, que foi uma vitória vossa e não uma vitória dele e das forças populacionais que o apoiarão.
É a busca de uma muleta para as legislativas, de uma muleta para quem manca muito, mas que vos não porá sãos e escorreitos.
Nada vos faz recuar para os limites do razoável e do credível. Nada vos faz construir para os outros mas apenas e egoisticamente para a vossa ânsia de poder.
E confesso que é pena. O Partido Socialista, como partido democrático que é e com as responsabilidades que daí lhe advêm, tem a obrigação de lutar de outra maneira.
Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Nós, sociais-democratas portugueses e para portugueses, somos diferentes. Diferentes para melhor, mesmo para muito melhor.
Recusamos medidas demagógicas. Atendemos apenas o que 6 razoável. Servimo-nos tão só de nós próprios e com o muito que temos. Não usurpamos qualidades alheias.
Não queremos, como vós, mais Estado, mais intervencionismo, porque isso representa menos liberdade, representa mais despesa pública. Sabemos o que isto tem custado e infelizmente ainda continua a custar ao povo português.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Batemo-nos, fundamentalmente, adentro do nosso humanismo, de que tanto nos orgulhamos, pelo direito à liberdade, pela garantia de oportunidades iguais para todos e pela justiça social. Somos firmes nas nossas convicções, mas não somos arrogantes nem pretenciosos de uma verdade única. Somos gente simples como simples é o povo português. Somos humanos porque acreditamos, acima de tudo, na capacidade dos homens e das mulheres deste país.
Lutamos por uma estabilidade política cujos frutos ninguém será capaz de pôr em dúvida.
Queremos desmantelar a infeliz herança do 11 de Março, que não podemos aceitar a benefício de inventário.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Queremos as reformas estruturais que outros apregoaram e em que tanto falaram mas nunca fizeram e que nós estamos a construir com método, com realismo e com resultados palpáveis.
Apoiamos e desenvolvemos a iniciativa privada, hoje e sempre. Apoiámo-la mesmo quando vós a consideráveis maldita no período posterior a 11 de Março, quando ninguém investia em Portugal porque não havia confiança em Portugal. Apoiámo-la em contraposição ao sector público, para que este se não transformasse, como disse o saudoso Mota Pinto, numa causa de empobrecimento do Pais e dos Portugueses.

Aplausos do PSD.

Eliminámos o marxismo da Constituição, não nos limitámos a metê-lo na gaveta, a guardá-lo para momento oportuno, como outros fizeram. E não fomos mais longe na revisão constitucional pelos entraves que vós fizestes no uso da uma política ambígua que tantos dissabores tem causado ao País.
Tivemos a sensatez e a coragem de abrir à iniciativa privada sectores vitais da nossa economia. Liberalizámos o mundo do trabalho. Possibilitámos a televisão privada. Encarámos e resolvemos a injustiça e os desperdícios de uma política agrária colectivista no Alentejo.
Integrámo-nos nas Comunidades através de uma verdadeira revolução democrática que foi nossa.
Fizemos uma reforma fiscal notável.
Encarámos e resolvemos o Serviço Nacional de Saúde.
Angariámos um prestígio internacional que é uma das vossas maiores invejas. Por muito que isso vos custe, por muito que isso vos possa custar por não ser obra vossa, foi através do nosso trabalho que Portugal se transformou num país prestigiado lá fora e cá dentro.

Aplausos do PSD.

O nosso país conhece hoje um período continuado e sustentado sem paralelo desde o pós-guerra.
Os apoios externos tiveram sem dúvida o seu papel, mas o Governo foi decisivo em dois aspectos: em obter o maior número de apoios, já que estes não resultaram automaticamente da adesão mas mais da capacidade negocial do Governo e na boa gestão dos fundos obtidos.
Daqui o saudamos com o elogio que ele bem merece.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Há alguns descontentes? Há neste país alguns descontentes? É evidente que sim. Uns por opção, outros por feitio, outros por mera oportunidade ou inveja.
Mas nunca governo nenhum, em situação alguma ou em qualquer país, agradou a todos. Contentes e descontentes haverá sempre. O problema será o de saber onde estará o maior número e a sua legitimidade.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Nós sentimos que a maioria do povo português está connosco, com este partido que o serve e dele se não serve, com este partido que lhe deu uma situação económica, um clima de estabilidade e paz, uma justiça social como ele nunca teve.
Isso nos anima, Srs. Deputados, para continuarmos.

Aplausos do. PSD.

O Sr. Presidente: - Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Alberto Martins e Raúl Rêgo.