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2862 I SÉRIE - NÚMERO 89

Os jornais dizem verdades, algumas vezes, e dirão menos verdades noutras. Agora, vir acusar-me de apenas olhar para aquilo que dizem os jornais para referir o que referi, quando há coisas por demais evidentes...

O Sr. Raúl Rêgo (PS): - E o inquérito?!

A Oradora: - ...em relação a dificuldades no interior do Partido Socialista - porque há personalidades eminentes do partido que fizeram declarações sobre questões políticas em entrevistas, as quais não desmentiram, e houve coisas que foram ditas em comentários a essas entrevistas que também não foram desmentidas -, invoco o direito de acreditar que aquilo que consta das entrevistas é de facto aquilo que as pessoas disseram, até que me provem em contrário.

O Sr. Raúl Rêgo (PS): - O seu irmão foi para a cadeia! É uma vergonha! Tenham dignidade!

Protestos do PSD.

A Oradora: - Não venham invocar-me o excessivo crédito dado a tudo aquilo que consta dos jornais, quando tanta coisa que se faz e que se cria tem termos políticos tem apenas por base a informação que daí provém.
Srs. Deputados, anoto as referências que quiseram fazer à pretensa incoerência entre aquilo que sempre fiz e aquilo que hoje disse? Enfim, será, porventura, a vossa opinião, mas perdoarão que não aceite qualquer espécie de ameaça do tipo «de que me vou arrepender».
Compreendo que, num momento de grandes dificuldades, o líder do partido Socialista tenham dirigido para dentro do seu próprio partido ameaças desse tipo e que, pelo menos, tenha constado dos jornais que aqueles que, porventura, de agora em diante, voltem a dizer alguma coisa que lhe não agrade, fiquem submetidos a qualquer espécie de reprimendas partidárias.
Srs. Deputados, não estou ao abrigo da disciplina partidária do Partido Socialista, mas estou fora do alcance das vossas ameaças...

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Reprimendas é muito mais soft!

A Oradora: - e mantenho a minha total liberdade de aqui falar do Governo, se entender que é dele que devo falar, ou da oposição. Aos senhores cabe também demonstrar que, perante o País, são uma oposição credível, que pode ser alternativa ao Governo, o que aliás, muito sinceramente desejo que um dia possa vir a acontecer.

Aplausos do PSD.

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para defesa da honra e da consideração da minha bancada.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, fá-lo-á no fim do debate.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Alberto Costa.

O Sr. Alberto Costa (PS): - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Leonor Beleza, creio que a sua intervenção, além do mais, assinala um momento grave da crise de sinceridade da mensagem política.
Na verdade, vem aqui apresentar-se como se o centro das suas preocupações, da maioria e do partido do Governo, fosse o estado da oposição, fosse o hipotético problema da liderança do principal partido da oposição, fosse o estado interno do maior partido da oposição.
Sr.ª Deputada, esse juízo é fundamentalmente hipócrita porque, neste momento, os problemas do Governo que V. Ex.ª apoia e os do partido em que V. Ex.ª se integra são de tal natureza que não podem deixar de ser essencial das vossas preocupações. Portanto, a hipocrisia política fundamental está em transmitir par o exterior a ideia de que o PSD, neste momento, tem como preocupação fundamental do PS. Essa ideia é profundamente hipócrita e absurda porque o País, não acredita que esta seja a hierarquia das preocupações do PSD.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Doeu?!

O Orador: - Como, porventura, o País fosse sentir-se ludibriado por aquele partido, a quem deu uma maioria para governar, ao Ter como principal preocupação o estado da oposição e o estado do principal partido da oposição Srs. Deputados, o País não acredita e faz bem em não acreditar.
Poderia dizer-se que a intervenção política de V.Ex.ª se insere numa operação diversiva, de criação de preocupações artificiais e insinceras. Eventualmente, poderia fazer-se um apelo no sentido de converter o vosso pensamento político nem pensamento orientado para a realidade, mas, nesta altura do campeonato, nesta altura do debate político, apetece-me dizer a V.Ex.ª e ao PSD, algo de substancialmente diferente: continuem VV. Ex.ªs a ocupar-se como até agora, com o principal partido da oposição, com o líder do partido da oposição, com o Sr. Presidente da República e fazem muito bem! Enquanto VV. Ex.ªs estiveram ocupados
Com essas matérias, porventura, distrair-se-ão tanto que as circunstâncias políticas se alterarão e ao debruçarem-se sobre os problemas da oposição e da sua liderança, estarão a preocupar-se com a vossa próxima problemática política. Porque se as vossas preocupações forem essas e se o País continuar pelo caminho em que o deixam ir, então num futuro próximo, VV. Ex.ªs poderão tirar algum partido das preocupações e considerações que hoje fazem sobre a teoria da oposição do seu líder político!

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra a Sr.ª Deputada Leonor Beleza.

A Sr.ª Leonor Beleza (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Alberto Costa, não percebo por que está tão zangado comigo, sobretudo, quando está a antever um futuro aparentemente risonho do seu ponto de vista.

Risos do PSD.

Inclusivamente, tenho alguma dificuldade em compreender que considere tão contrários aos princípios que os Deputados da maioria também, se preocupem com o que se passa nos partidos da oposição. De facto, parece-me um pouco excessiva essa zanga toda!
Sr. Deputado, compreendo que a crítica que fiz ao Partido Socialista seja dolorosa compreendo que os senhores sintam que há coisas que disse que são verdade e que vos doam; compreendo perfeitamente que era infinitamente mais cómodo Ter um partido em que as pessoas não pensam de maneira diferente e em que tanta gente não contestasse a forma como a liderança do partido e levada a cabo. Mas, daí a zangar-se desta maneira porque um Deputado da