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2864 I SÉRIE - NÚMERO 89

Ora, quando, não quis referirias picardias que a Sr.ª Deputada...

O Sr. Presidente (Adriano Moreira): - Sr. Deputado, queira terminar.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente.
Como dizia, quando não quis referir as picardias não o fiz em homenagem a si porque, sinceramente, se a Sr.ª Deputada vai levar a sério as picardias de O Independente, o seu partido, e até a Sr.ª Deputada- contra a minha opinião e convicções -, deve sentir-se muitíssimo desconfortável!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Com efeito, não há nenhum partido e, porventura, nenhum grande político que não tenha sido objecto de uma picardia do jornal O Independente, que explora, precisamente, esse tipo de jornalismo e faz o seu caminho por aí, o que é uma opção que respeito.
Mas, a verdade é que uma pessoa como a Sr.ª Deputada Leonor Beleza só se diminui levando isso a sério! Sobretudo, não me venha dizer: «até que provem o contrário» Como é isso? Temos de provar o contrário daquilo que de nós se diz no jornal!? Desde quando?
Sr.ª Deputada, finalizo dizendo que o seu partido faz muito bem em se preocupar com o Partido Socialista e com o seu líder. Penso que continuarão a ter, cada vez mais, razões para essa preocupação.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Adriano Moreira): - Para dar explicações, se assim o desejar, tem a, palavra a Sr.ª Deputada Leonor Beleza.

A Sr.ª Leonor Beleza (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Almeida Santos, deixe-me que lhe diga, com a imensa consideração que tenho por si, que vir aqui, dizer que é melhor não criticarmos aquilo que se passa no Partido Socialista e que deixemos esse julgamento aos eleitores, evidentemente, não colhe, Sr. Deputado!
Aliás, poderia responder-lhe, do mesmo modo: não critiquem o Governo e deixem o julgamento aos eleitores!...

Vozes do PSD: -Muito bem!

A Oradora: - Porém; tal não faz qualquer sentido! Estamos aqui - cada um de nós -, evidentemente, com uma voz livre para falar sobre os assuntos, sejam eles quais forem, digam respeito à maioria ou às oposições, que tenham a ver com questões que cada um de nós julgue serem importantes!
É evidente que- no dia em que isso dever sen feito:- é aos eleitores que caberá a última palavra: é em nome deles que aqui estamos. Mas francamente; Sr. Deputado, não é isso que coarcta o limite à liberdade, seja de quem for, nesta Casa, para dizer aquilo que entender, repito sobre a maioria e o partido da maioria ou sobre as oposições e partidos da oposição.
Compreendo, Sr. Deputado, que agora fale nas minhas picardias. Mas quantas picardias é que todos nós já ouvimos ao seu partido e aos outros partidos da oposição? Quantas picardias ouve esta Casa, permanentemente? Seguramente muitíssimas mais em relação a quem integra a maioria do, que em relação a quem quer que seja que integra posição!

O Sr. Silva Marques (PSD): - É evidente!

A Oradora: - Sr. Deputado, falei em termos perfeitamente correctos e aceitáveis do ponto de vista da crítica política e, por favor, não tente - com palavras como essa-1-, eventualmente, colocar aquilo que eu disse fora das normas que, permanentemente, orientam a intervenção de todos nós nesta Casa, e que tantas vezes, também, são práticas seguidas pelo seu partido.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

A Oradora: - Evidentemente que ninguém, na maioria, se pode incomodar com isso, porque tantas vezes os Deputados da oposição usam picardias - ou coisas piores - em relação a membros, do Governo ou em relação a Deputados da maioria.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - Sejamos todos suficientemente humildes e modestos pára admitir que estamos igualmente sujeitos às críticas, tal como somos, também, sujeitos delas, no sentido activo, de as fazer aos outros.
Sr. Deputado, devo dizer que foi com algum espanto que me apercebe que, tanto quanto pude julgar pelas informações disponíveis, houve alguma tentação, no PS - poderei moderar as palavras -, de criticar e de limitara possibilidade de, publicamente, se dizer mal da direcção do partido.
Nesse sentido, repito, há entrevistas - e não são só «bocas» dos jornais - de dirigentes do Partido Socialista, criticando asperamente quem, no exercício de uma liberdade- que, porventura, para alguns, será excessiva-, vem dizendo «cobras e lagartos» da liderança do partido. Isso existe! Não pretendo fazer um julgamento definitivo sobre se é bom ou mau ou se deve ser de outra maneira! Agora, o que entendo é que é preciso, mais uma vez, alguma humildade e alguma modéstia quando alguém se vira para outra bancada e, permanentemente! a invectiva dizendo que é submissa, que não exerce a liberdade e que as pessoas estão limitadas no exercício dos seus direitos.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

A Oradora: - Ouvi, com alguma preocupação e perplexidade, aquilo que se disse sobre pretensas limitações que, no âmbito do Partido Socialista, se pretenderia fazer.

O Sr. José Sócrates (PS): - Mas alguém acredita nisso!?

A Oradora: - Se os Srs. Deputados me quiserem dizer que isso é mentira, digam-no por favor!

Protestos do PS.

Só lhes peço, e assim termino, que conservem a capacidade moral de nos criticar pela mesma coisa, tendo muito cuidado com a actuação que também é a vossa. Todos aqui temos, seguramente, lições de humildade e de modéstia a aprender.

O Sr. Raúl Rêgo (PS): - E de honestidade!

A Oradora: - E desculpem-me, não há direitos rés na vossa bancada do que há na minha!