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19 DE MAIO DE 1994 2357

Continuar a olhar para o futuro, esquecendo as vinganças mesquinhas de quem não consegue aceitar todo o peso da história, deve ser o lema de quem governa, e nós esperamos que seja, em particular, o lema do Sr. Primeiro-Ministro. O PSD e o País esperam dele que se não deixe envolver num conflito que não prestigia a classe política.
Estamos cientes que foi esse o seu propósito quando, pensando no futuro de Portugal e dos portugueses, dirigiu, na passada semana, um convite do mais alto alcance a todos os parceiros sociais, para que se encontre em Portugal uma plataforma que permita celebrar um acordo social de rendimentos que vigore até 1999.
A estabilidade e a melhoria das condições de vida dos portugueses merece que todos- Governo, parceiros sociais e oposição - dêem o seu contributo para que aquele objectivo seja alcançado.
Esta será, seguramente, uma excelente oportunidade para distinguir os que, trabalhando no presente, constróem o futuro de Portugal e dos portugueses, daqueles que, enchendo a boca com interrogações e angústias sobre o futuro, mais não fazem do que reeditar as misérias do passado. E esse passado, Sr. Presidente e Srs. Deputados, esperamos que não volte.

Aplausos do PSD, de pé.

O Sr. Presidente: - Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Almeida Santos, António Lobo Xavier, Alberto Costa e Octávio Teixeira.
Tem a palavra o Sr. Deputado Almeida Santos.

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Duarte Lima: Ouvi, com toda a atenção, aquele seu discurso de quem não quer interferir na vida interna do PS.
Fiquei preocupado com a sua tristeza (disse que está triste), por vê-lo assim tão compungido com o que se passa no interior do PS, e fiquei cativado com a sua postura de defensor oficioso do PS, do Presidente da República e das principais personalidades do meu partido que teriam sido afectadas por aquilo que disse ser grave, muito grave.
Julgávamos nós, até hoje, que grave era a situação do País, que graves eram os problemas a que temos de responder, que grave era a falta de respostas para esses problemas, que grave era aquilo que o Presidente da República, do alto da sua autoridade, disse ao País que era grave.
Vejo agora que não, que grave é o facto de termos um partido que, apesar de ter órgãos que determinam quem são os nossos aliados, os nossos concorrentes, os nossos candidatos e as nossas políticas, é suficientemente aberto para recusar o monolitismo e para se não impressionar com o facto de alguns elementos do PS, usualmente - isto não é de hoje, é de sempre -, emitirem, a título pessoal, opiniões que não coincidem com as determinações aprovadas nos orgão do mesmo partido.
Somos assim, não deixaremos de sê-lo e não nos impressiona minimamente a circunstância de continuar a haver no PS vozes desafinadas pelo diapasão oficial do partido. Custa-me, sim, que o Sr. Deputado esteja preocupado com isso. Acho que devíamos dispensá-lo dessa sua preocupação e pedir-lhe que esteja tão como nós, que dedique todo o seu tempo não à defesa oficiosa do que se passa no PS mas às suas responsabilidades de maior líder parlamentar do maior partido português.
Devo dizer-lhe que não esperava ouvir de si - e eu reproduzi aqui, no outro dia, grande parte do discurso do Presidente da República, mas sempre é o Presidente... - a citação do discurso do Dr. Cunha Rêgo...

O Sr. José Vera Jardim (PS): - Mas quem é o Dr. Cunha Rêgo?!...

O Orador: - De facto, parece que, para si, a partir de agora, o Dr. Cunha Rêgo seria uma espécie de oráculo que diz verdades sobre o que se passa e não passa no interior do PS.
Bom, respeitamos o Dr. Cunha Rêgo como analista político que é, senhor das suas opiniões, mas não abdicamos de ter vontade e opiniões próprias sobre aquilo que mais convém ao PS e até sobre aquilo que ele diz do PS. Aliás, isso não nos afecta, nada!
Agora, dizer que nós fomos o principal lesado deste congresso, Sr. Deputado, se isso lhe dá prazer, se acha que isso é uma bem-aventurança de que precisa, então mantenha-se nesta felicidade, pois eu não quero retirar-lhe esse prazer, essa beatitude!...
Este congresso foi contra nós, não foi contra vocês, nada!... O discurso do Sr. Presidente não foi, como a princípio parecia, uma marretada na cabeça do Sr. Primeiro-Ministro e uma crítica feroz à sua política, à ausência de soluções, etc. Não foi nada disso!...

Protestos do PSD.

O que foi, na sua opinião, foi um discurso contra o PS, que ficou a sangrar com o discurso do Sr. Presidente da República. Bom, seja o Sr. Deputado Duarte Lima servido dessa bem-aventurança e já agora digo-lhe mais, e isto para não pôr mais sal no molho: deixe-nos mandar no nosso partido; deixe-nos preocupar com aquilo que, efectivamente, nos preocupa e não nos preocuparmos com aquilo que não nos preocupa; deixe-nos continuar com a liberdade de denunciar os problemas do País e de exigir de vós respostas para eles!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Finalmente, e como sei que o meu amigo gosta de ler os textos sagrados, vá ao Sermão da Montanha e ponha lá mais uma bem-aventurança: bem-aventurados os que julgam que vencem os adversários, ganham eleições e, sobretudo, resolvem os problemas do País com doses maciças de auto-ilusão e de intriga.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Duarte Lima, havendo mais oradores inscritos para pedir esclarecimentos, V. Ex.ª deseja responder já ou no fim?

O Sr. Duarte Lona (PSD): - Respondo já, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Lima.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - O Sr. Deputado Almeida Santos disse eu que estou compungido com o que se passa no interior do PS...

Vozes do PS: - Deixem-nos trabalhar!