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2358 I SÉRIE - NÚMERO 73

O Orador: - Deixem-nos trabalhar? A quem se dirigem? A mim? Ou é a outra instância externa à Assembleia da República? É que eu já ouvi essa frase ontem, creio que da boca do Dr. Jorge Lacão...

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Não, era do Primeiro-Ministro!

O Orador: - Repare, Sr. Deputado Almeida Santos não estou compungido com o que se passa no interior do PS e só referi o que referi, porque este conflito e esta polémica extravasam o próprio partido, passando a ser uma questão de relacionamento entre um partido com assento parlamentar, um conjunto de Deputados, que são, eles próprios, membros de um órgão de soberania, que têm uma legitimidade própria aliás, todos nós temos, como a tem o Sr. Presidente da República, pois somos igualmente eleitos por sufrágio universal, directo e secreto...
Portanto, é o maior partido da oposição quem critica o Presidente, através de um seu alto dirigente, que não foi desautorizado e que invocou, embora de passagem, o seu estatuto de secretário nacional do partido mas mesmo que não fosse ele é Deputado e como tal merece-nos o nosso respeito.
Jamais responderei, como fez o Deputado da sua bancada, António Campos, dizendo que os portugueses não podiam levar a sério que seja o Jorge Lacão a falar do Sr. Presidente da República...

Vozes do PSD:- Muito bem!

O Orador: - O Deputado Jorge Lacão é um Deputado da República, com a mesma responsabilidade que o senhor tem, que eu tenho, que tem o Deputado António Campos e que também tem o Sr. Presidente da República. Agir desta forma é que é desvalorizar a Assembleia e os seus Deputados! Isso é que eu acho indigno!

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Portanto, Sr. Deputado Almeida Santos, foi neste sentido que eu referi este assunto, procurando não discutir as questões internas do PS, mas no domínio em que esta polémica extravasa uma questão do foro interno - porque o Sr. Presidente da República não é membro do PS, e, sim, o Presidente de todos os portugueses - e é colocada a questão deste ponto de vista que eu tenho de falar e lembro que o Dr. Jorge Lacão, no artigo que escreveu ontem disse coisas 10 vezes piores do que aquelas que eu disse aqui num discurso que produzi no fim da Presidência Aberta de Janeiro do ano passado. Nessa altura «caiu o Carmo e a Trindade» na vossa bancada.
Portanto, não compreendo que dizendo o Sr. Deputado Jorge Lacão coisas 10 vezes mais graves os senhores digam: «Bom, nós somos assim, deixem-nos ser, etc.,..» É claro que vos deixo ser assim, mas como político responsável não posso deixar de me interrogar sobre o significado institucional que isso tem, porque se as suspeições que são levantadas ao Sr. Presidente da República fossem levantadas por mim, pela bancada do CDS-PP ou pela do PCP, elas teriam em VV. Ex.ªs o devo acusador a dizer: «Isto é muito grave...!»

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E alguém tinha de se explicar: ou se explicava o Presidente ou nos explicávamos nós!

Aplausos do PSD.

Depois, o Sr. Deputado Almeida Santos disse que eu reproduzi aqui o Dr. Cunha Rêgo, enquanto que V. Ex.ª reproduzia o Presidente da República, mas. enfim, sempre era o Presidente...
Bom, o Dr. Cunha Rêgo e um escritor e analista eminente da nossa praça, foi um dos principais organizadores do congresso. Em todo o caso. lembro que há cerca de um ano o Sr. Deputado Almeida Santos, num dos seus muito notáveis discursos, fez aqui uma camiliana contra o Governo citando, praticamente, só jornalistas, nomeadamente o Dr. Paulo Portas, o Dr. Vasco Pulido Valente e ouros...
Portanto, Sr. Deputado, dê-me o mesmo direito de eu poder citar um homem que não é menos brilhante do que esses, que é conhecido pela sua frontalidade e que, creio, é militante do PS de base- não tenho a certeza, nem isso é muito relevante.
Mas, seja como for, a verdade é que ele é um dos principais organizadores do Congresso, cujas conclusões, o senhor pela sua boca, aqui veio elogiar na semana passada, dizendo, numa profissão-de-fé incontida: «Nós vamos fazer destas conclusões um conjunto muito grande de propostas políticas para o futuro». Bom, mas o que eu vejo, ao longo dos últimos dias, é o congresso a desabar sobre a cabeça do PS!
V. Ex.ª disse, ainda, que o discurso do Sr. Presidente da República foi uma marretada na cabeça do Governo. Ó Sr. Deputado Almeida Santos, vamos ver o seguinte: tanto quanto me lembro, não! Aliás, os senhores deviam ser leitores mais atentos do discurso do Sr. Presidente, que a cada altura diz, mais ou menos isto: «Já sei que a minha intervenção vai lançar polémica, mas eu quero esclarecer que eu não falo da conjuntura, nem do presente, nem do Governo: eu só falo do futuro! O futuro é a minha preocupação!» Quer, então, dizer que o Sr. Presidente da República mentiu? Não acredito nisso, Sr. Deputado Almeida Santos! É muito grave da sua parte, não só como Deputado, mas também como amigo, pensar que era um acto de hipocrisia o que ele estava a fazer.

Aplausos do PSD.

De facto, eu quero continuar a acreditar no Sr. Presidente da República, porque ele é o Chefe de Estado legitimamente sufragado.
Finalmente, o Sr. Deputado Almeida Santos falou-me no Evangelho, e eu gostava também de me referir a ele, dizendo-lhe que, se calhar, é uma recomendação de São Paulo que está por detrás de todo este vendaval do PS dirigido ao seu Sr. Secretário-Geral. São Paulo diz: «Cuida-te, não caias!»

Risos do PSD.

Se calhar é este o recado implícito que este congresso quer mandar para o interior do seu partido.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Lobo Xavier.

O Sr. António Lobo Xavier (CDS-PP): - Sr. Deputado Duarte Lima, está visto, é isto que deu, que dá e