O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

2788 I SÉRIE - NÚMERO 86

O Sr. Presidente (Adriano Moreira): - Espero poder verificar.

O Orador: - Gostava de perguntar ao Sr. Deputado Nuno Delerue, ao PSD e também, por vosso intermédio, ao Governo em que papel vai ficar o Governo e em que papel vão ficar as instituições quando, no dia 1 de Setembro próximo, a população se recusar não só a pagar o aumento da portagem mas também a verba que já pagava antes desse aumento. Gostava que me respondesse a esta questão.
Sr. Presidente, é também sobre isto que quero defender a consideração da minha bancada: foram feitas acusações ao PS, mas penso que se alguém pode ser acusado e responsabilizado pela arrogância com que tratou toda esta questão é o Primeiro-Ministro.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E não podemos esquecer a forma arrogante e sobranceira como o Sr. Primeiro-Ministro tratou este problema. Ele brincou com coisas sérias. Ao dizer que também buzinava, brincou com problemas de pessoas, como se elas fossem coisas menores e não tomassem atitudes sérias. Isto não pode passar em claro!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Vocês estão inocentes!

O Orador: - V. Ex.ª persistiu no erro da arrogância e só lhe faltou vir aqui falar nos trocos e dizer que o problema da Ponte 25 de Abril era um mero problema de trocos.
Sr. Deputado, devolvo-lhe as acusações que fez ao PS, porque não faz sentido - e os portugueses sabem muito bem disso - acusar o PS de falta de sentido de Estado ou de responsabilidade.

O Sr. Silva Marques (PSD): - O PS está inocente! O PS não fez nada!

O Orador: - Srs. Deputados, em momentos graves da vida nacional, o PS soube sempre estar à altura das responsabilidades, tal como aconteceu agora.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Adriano Moreira): - Para dar explicações, se assim o entender, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Delerue.

O Sr. Nuno Delerue (PSD): - Sr. Presidente, quero, telegraficamente, dizer o seguinte: reconheço com espanto que o PS, nesta matéria, vai mudando sucessivamente de opinião, sendo, por isso, difícil manter-se actualizado.
Depois desta intervenção do Sr. Deputado Armando Vara, já não percebo se o PS continua a ser a favor das portagens na ponte, como anteriormente, ou se, agora, talvez devido à tal pequena influência na margem sul, deixou de o ser. Qual é, afinal, a solução do Partido Socialista para esta questão?

O Sr. Armando Vara (PS): - Sr. Deputado, responda ao que lhe perguntei, que é uma questão de Estado!

O Orador: - São as questões concretas que levantei! O Partido Socialista entende que é socialmente justo colocar os cidadãos do País a pagar, através de impostos, aquilo que é um bem obviamente indispensável mas não nacionalmente distribuído?

O Sr. Armando Vara (PS): - Deixe isso e responda à questão que lhe coloquei!

O Orador: - É preciso que o Partido Socialista seja mais claro do que foi em relação a estas matérias. Por exemplo, em relação à localização da nova ponte, o Partido Socialista tem, no seu manifesto eleitoral, uma localização, mas hoje publicamente defende outra.
Percebemos que o Partido Socialista, nesse como em outros domínios, tenha de apanhar sempre o vento de frente, só que as pessoas têm memória e ela faz legitimar a acusação de que o Partido Socialista não tem qualquer legitimidade para falar em coerência.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Adriano Moreira): - Para defesa da consideração, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - Sr. Presidente, o meu pedido de palavra para defesa da consideração tem a ver com a acusação genérica que o Sr. Deputado Nuno Delerue fez a quem, naquele dia, esteve na Ponte 25 de Abril.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Mas o senhor está incluído na extrema esquerda!

O Orador: - Não é por as declarações do Sr. Deputado virem no seguimento das declarações ridículas do Primeiro-Ministro e do Sr. Dr. Nunes Liberato que deixam de ter peso e importância. Quero dar-lhe importância e, por isso, estou aqui a defender a consideração.
Considero totalmente inaceitável que faça insinuações em relação à atitude e ao papel de quem, como cidadão, esteve, naquele momento e naquela altura, na ponte, junto à portagem, junto aos manifestantes e junto aos camiões, e não tenha em consideração o papel dos Deputados desta Câmara que, como eu e outros, foram lá, para se inteirarem do que se passava e tentarem compreender os fenómenos sociais e a atitude das populações. Os senhores também deviam ter ido lá!
Mais: lamento que o Sr. Deputado, em todo o discurso que fez, não tenha tido uma palavra para condenar a intervenção da polícia...

O Sr. Nuno Delerue (PSD): - Não há nada a condenar!

O Orador: - Não há?! Aceita o tiro?!

O Sr. Nuno Delerue (PSD): - Não!

O Orador: - Não houve tiros da polícia? O rapaz que está no hospital em risco de ficar paraplégico não foi atingido pela PSP?

O Sr. Presidente (Adriano Moreira): - Sr. Deputado, agradecia que defendesse a consideração e não procedesse a um interrogatório.

O Orador: - Vou terminar, Sr. Presidente.
Como estava a dizer, lamento que o Sr. Deputado não tenha tido uma palavra contra a actuação da polícia e de solidariedade para com o jovem que está na situação que