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2784 I SÉRIE - NÚMERO 86

cia, pois até uma má decisão permite a sua rectificação, enquanto que a hesitação sistemática não possibilita coisa nenhuma
Infelizmente para o País algumas oposições não têm este entendimento, que antes de ser de bom-senso é de senso comum, e procuram que a vida política seja uma repetida amostragem de cartões amarelos, sucessivamente exibidos e renovadamente amnistiados.
As últimas eleições europeias são, de resto, um bom exemplo da afirmação anterior. Eleitas, há meses, como o ponto mais baixo na saúde da maioria, preparava-se um cenário a partir do qual para o PS tudo seria possível e para o PSD tudo seria impossível. A imagem de um PS suficiente e auto-suficiente vergou ao peso dos números e nem a animação da festa da comemoração dos resultados, que não aconteceram, permitiu disfarçar a incomodidade.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Acresce que o Partido Comunista, também eleitoralmente penalizado, aperta o cerco, o que condiciona a estratégia socialista que, entre o abismo e o abraço, se prepara para cair para trás. Veremos todos se os Estados Gerais são para uma nova maioria ou para uma pretensão antiga de maioria e se a estratégia presidencial de um não impõe o abandono da estratégia de alguns.
Todos sabemos - o PS incluído - que é impossível ganhar eleições contra a carteira dos cidadãos. Hoje, a palavra mais lida é retoma e não crise. A riqueza do País está de novo a crescer. A taxa de utilização da capacidade produtiva na indústria transformadora, o consumo de energia eléctrica e de cimento e as exportações estão a crescer e a inflação paulatinamente a descer.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - Bestial!...

O Orador: - Mas, melhor do que estes indicadores, é o aumento do emprego que, embora ténue, é sempre socialmente valorizável. Ocorre-me, de resto, a este propósito, lembrar aqui a afirmação do Deputado António Guterres, vai para nove meses, que anunciava, para os dias de hoje, 10 % de desemprego em substituição dos 6,7 % actuais.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Entendemos que a responsabilidade política não é exclusiva da maioria e, como tal, o líder do PS está publicamente desafiado a prestar um esclarecimento ao País, sobre tão grosseira afirmação que gerou desconfiança e que, felizmente, para 3,3 % da população activa portuguesa, mais não foi do que um suspiro de quem teima em só conhecer duas cores: o preto claro e o preto eseuro.

Aplausos do PSD.

Trata-se, de resto, da mesma postura de quem, analisando as linhas de acção que o Primeiro-Ministro propôs aos seus parceiros comunitários, a propósito do combate ao desemprego, insinuava, em vésperas de eleições, que o projecto só existia para ser apresentado no Canal 1 da televisão. Constatamos todos, depois de Corfu, com evidente orgulho nacional, que o comunicado final da Cimeira elogia explicitamente a televisão portuguesa, ao assumir como pertinentes teses que o Deputado António Guterres julgava só se destinarem a ocupar espaço televisivo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: A distância que nos separa da nossa própria consciência de missão cumprida é ainda longa; é um trabalho persistente, que procuramos executar com sentido de responsabilidade, é um caminho com muitas curvas e algumas pontes. E, a propósito destas últimas, mal ficaríamos se não tratássemos dos acontecimentos da passada 6.ª feira na Ponte 25 de Abril.
Não estamos na política só para o que corre bem, estamos também para o que corre menos bem. E os aumentos das portagens, ao não serem acompanhados de medidas de discriminação positiva em relação a situações que importaria acautelar, não foram, claramente, um sucesso.
A este propósito, elogia-se, aliás, o Ministro Ferreira do Amaral, por reconhecer o erro e emendar a mão.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Aí é o Perdoa-me!

O Orador: - Como já disse, só não tropeça quem não anda e a estatística haverá um dia de demonstrar que um homem, como o Eng.º Ferreira do Amaral, com gosto pelo risco, com a convicção de que as necessidades do País se não compadecem com hesitações continuadas, ao tomar centenas de decisões, agiu com certeza acertadamente na esmagadora maioria delas.

Aplausos do PSD.

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - Para isso, foi preciso darem um tiro no moço!

O Orador: - Mas os partidos da oposição têm, também neste domínio, uma decisão fundamental a tomar: ou criticam a arrogância de quem não estava disposto a recuar, ou elogiam quem, com humildade democrática, foi sensível a argumentos melhor reflectidos.
A nossa posição clara exige-vos uma clarificação e, pelo nosso lado, desde já, fica a expressão inequívoca do nosso reconhecimento e aplauso sincero ao Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações pelo volume e qualidade das revoluções que vem operando nos sectores sob a sua tutela. Tem muito crédito do seu lado.
Mas o que se passou na Ponte e os aproveitamentos políticos subsequentes ultrapassam, em muito, a diferença entre 100 e 150$.
Desde logo, porque, tratando-se, num momento inicial, de um movimento genuinamente popular, logo houve quem, com mestria e até, por que não dizê-lo, habilidade, o aproveitou a seu favor.
Cabem aqui, de resto, algumas interrogações para respostas que alguém poderá fornecer.
Como explicar cabalmente os panfletos distribuídos na quarta e quintas-feiras, apelando à desobediência, o anúncio prévio num vespertino do que se vai passar sexta-feira,...

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - É a intentona!

O Orador: - ... o pré-aviso a órgãos de comunicação social, criteriosamente seleccionados, a explicitação a uma rádio dos preparativos, a recusa da reunião da Comissão respectiva, aqui na Assembleia, na tarde de quinta-feira, a tarja partidária na ponte do Pragal a apoiar a abolição da portagem, a recusa em implementar o acordo atingido com a Junta Autónoma de Estradas por uma comissão de genuínos, que outros, porventura menos genuínos, se encarregaram de classificar como não representativos?
E como explicar a solidariedade anunciada por um taxista de Lisboa no caso da GNR intervir, ou as tentativas