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29 DE OUTUBRO DE 1994 171

que nada se construísse e que, na parte restante, algumas das construções consideradas inevitáveis fossem feitas com o mínimo de corte de árvores. Foram essas as indicações que foram dadas.
Para além disso, quero referir que está em curso O estudo global de reordenamento que dará origem às abras consequentes, uma vez que, neste momento, o acesso à lagoa é razoavelmente indiscriminado - qualquer pessoa tem acesso a qualquer local da lagoa. Vamos, portanto, fazer obras que consistem essencialmente em restringir o acesso a alguns locais e providenciar parques de estacionamento - no fundo, coordenar a utilização da lagoa.
Para finalizar, devo dizer que se proeurou conter a urbanização existente, restringir-se aquela que estaria a emergir, resolvendo-se, portanto, o problema do acesso e da utilização no perímetro da Lagoa de Óbidos num prazo curto.
Todos estes aspectos, para além de estudados, estão com um financiamento garantido, pois são obras que estão contempladas no Fundo de Coesão.
O Sr. Presidente: - Srs. Membros do Governo e Srs. Deputados, a segunda pergunta, que vai ser formulada pelo PS, é dirigida ao Ministério da Indústria e Energia e incide sobre o tema «Perspectivas do Projecto Auto-europa (Ford/Wolkswagen): participação nacional no valor acrescentado; relevância da indústria nacional de componentes no processo produtivo; contributo esperado para o crescimento económico e para o aumento das exportações em 1995».
Para formular a pergunta, tem a palavra o Sr. Deputado Ferro Rodrigues.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Sr. Ministro da Indústria, é sempre um prazer tê-lo aqui connosco para podermos aprofundar algumas questões concretas sobre a indústria portuguesa, embora, infelizmente, ainda não seja desta que podemos dizer que já passou a quebra pronunciada da produção industrial e a crise em que a nossa indústria tem estado mergulhada...!
Como o Sr. Ministro da Indústria e Energia sabe, tem havido uma mudança de paradigma em relação à importância estratégica do investimento estrangeiro. Com a internacionalização, com a modernização tecnológica, com os problemas de desemprego, em geral, aquilo que é hoje verdade, tanto nos Estados Unidos como na Europa, a caminho da moeda única, como em Portugal, é que mais importante do que o valor exportado é o valor acrescentado exportado; que mais importante do que o efeito líquido sobre a balança comercial que o investimento estrangeiro proporciona é o efeito multiplicador sobre o emprego em qualidade (qualificação), em quantidade e também em intensidade tecnológica do investimento.
Por outro lado, tão importante como isto é a importância, sob o ângulo da fixação no país destino do investimento, neste caso, em Portugal, do próprio valor acrescentado criado.
Assim, o tema proposto envolve várias questões no que se refere à empresa Auto-europa, ao chamado projecto Ford/Wolkswagen: como é explicitado, a parte nacional no valor acrescentado, no sentido de se saber qual é a importância relativa do valor acrescentado que será fixado nacionalmente, não apenas em salários mas também em impostos e noutras partes do excedente - o directa e o indirectamente gerado; a importância dos lucros reinvestidos; mas, também, além disto, a importância do valor acrescentado nacional na produção, o que se liga com o tema, da relevância da indústria nacional de componentes no processo produtivo; o contributo esperado para o aumento das exportações e do produto, para já, em 1995 e depois de ser atingida a «velocidade de cruzeiro» nos anos subsequentes.
Tudo isto são questões globais que nos parecem de extrema importância.
Para além disso, há algumas questões mais concretas e imediatas, colocadas, aliás, porque, nos últimos tempos, têm surgido algumas afirmações públicas de preocupação por parte dos industriais de vários sectores sobre os efeitos multiplicadores do projecto.
Portanto, passaria a colocar algumas dessas questões concretas, para além das que estão enunciadas. Em primeiro lugar, qual é a verdadeira importância relativa do investimento privado, no conjunto do investimento proporcionado também pelos apoios comunitários e pelos apoios nacionais?
Em segundo lugar, que análise é que o Governo faz das questões que são colocadas por vários industriais portugueses, fornecedores ou não da Auto-europa, no que diz respeito à frustração de expectativas quanto ao número e à importância dos fornecedores nacionais, pois parece haver apenas cerca de duas dezenas quando, logo no início, se falava em várias centenas?
É que existe a ideia de que são poucos os fornecedores que são totalmente portugueses e que são importantes numericamente os que estão envolvidos num sistema de alianças com fornecedores tradicionais da Ford e da Volkswagen; põe-se a questão da importância desses fornecedores tradicionais situados em Espanha e da possibilidade de o efeito multiplicador do projecto ser, a montante, mais importante para a indústria espanhola do que para a portuguesa; do perigo de acontecer, ao contrário do que aconteceu há anos, com o projecto Renault, não haver qualquer obrigatoriedade de incorporação nacional mínima e, portanto, de as coisas não correrem como estava previsto...

O Sr. Presidente: - Atenção ao tempo, Sr. Deputado!

O Orador: - Vou terminar, Sr. Presidente.

Como estava a dizer, da existência, também, de uma situação de concorrência no futuro, que não estava prevista à partida, nomeadamente o facto de existirem muito mais concorrentes do que se pensava para modelos do mesmo tipo - desde a Chrysler, a Fiat, a Peugeot, a Citroen, a Lancia, a Mitsubishi, a Nissan, a Pontiac, a Opel; a possibilidade ou não de o projecto ter alguma flexibilidade, tendo essa flexibilidade limites, impondo-se mínimos de produção. É ou não verdade que as metas de produção e do emprego previstas inicialmente já foram reduzidas, com implicações para os próprios fornecedores nacionais de componentes, visto que as firmas (algumas delas) ou foram obrigadas a reduzir investimentos ou a limitar a importação de Espanha, ficando-se numa lógica meramente comercial? Em suma, o risco deste projecto Ford/WoIkswagen não acabará por ser pesado, sobretudo, para o País?
O que é que se pode fazer se o mercado tornar o projecto menos rendível? Que hipóteses de reconversão é que existem?
Desejamos - e estou a dizê-lo com o máximo de sinceridade- que este projecto tenha êxito! Aliás, eu e o Secretário-Geral do PS já tivemos ocasião de visitar a empresa, há alguns meses atrás, e de colocar na própria empresa essas questões, antes mesmo de algumas delas terem sido postas perante a opinião pública.
Agora, é evidente que persistem dúvidas e interrogações. Apesar de sabermos que o Sr. Ministro, de certa