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18 DE NOVEMBRO DE 1994 509

ser, desde logo, um fazer- e aí não sigo muito a diferença dicotómica, há pouco referida pelo Sr. Ministro, D «dizer» tem de ser um «fazer». Por isso, embora especialidade da oposição seja o «dizer», tem de ser um «fazer», e é isso que os Srs. Deputados da oposição não fazem.

Risos do PS.

O Sr. Luís Amado (PS). - Essa tem graça.

O Sr. José Magalhães (PS): - Essa é metafísica!

O Orador: - ... porque o vosso «dizer» e de um grau de gravidade que não tem como consequência um comportamento em conformidade. Lembro-lhe que ontem - e o Sr. Deputado, hoje. incorre no mesmo vício - um colega seu, o Deputado Carlos Candal. fez aqui afirmações gravíssimas, injuriosas, com identificação dos destinatários, som se dar ao incómodo, sem se sentir na obrigação de, no mesmo momento, adiantar o mínimo indício, o mínimo fundamento, das suas graves acusações. Acusou aqui entidades, singulares e colectivas, de corrupção, lançando gravíssimas suspeições sobre destinatários identificados, sem se dar ao trabalho de fazer a mínima fundamentação. E agora o Sr. Deputado incorre no mesmo vício?
Os senhores pensam que a força do verbalismo constitui a força da acção política. É falso! É o contrário!
Os senhores desacreditam-se a vós mesmos, mas não só também às instituições, ao Parlamento. É isso que faz dos discursos parlamentares o vazio. É isso que cria a desconfiança em quem nos ouve. As pessoas ouvem afirmações e não vêem as actuações em conformidade. Os senhores conhecem actos de corrupção e vêm aqui referi-los, no Plenário, no Hemiciclo, sem dar-lhes consistência, sem fundamentação. E mais sem carrear para quem de direito esse conhecimento concreto!

Aplausos do PSD.

Que contributos estão os senhores a dar para a solução deste gravíssimo problema, que tomamos de facto a sério, Srs. Deputados?
O Sr. Deputado Manuel Alegre, há pouco, socorreu-se de uma entrevista, guardou-a para, aqui, lhe fazer referência, e, de duas uma, ou não a levou a sério, o que é lastimável, ou levou-a a seno, e, então, por que esteve à espera de a referir neste Hemiciclo? Por que é que a não carreou para quem de direito. Mais. Sr Deputado, visto ter sido o seu colega quem evocou o caso da eventual corrupção da Câmara Municipal de Lisboa, pensa o Sr Deputado que e através do partido minoritário na assembleia municipal da Câmara Municipal de Lisboa que se poderão reflectir as decisões da Câmara?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Admite o Sr Deputado que isso assim aconteça. O que pensa o Sr. Deputado do testemunho evocado há pouco pelo seu colega Manuel Alegre. Responda, Sr. Deputado, tem a obrigação de fazê-lo aqui mesmo! Só lhe digo que é um pouco tarde, mas nunca é demasiado tarde quando as pessoas querem levar até ao fim, com seriedade, os problemas que abordam e as afirmações que fazem. Desafio o Sr Deputado a dizer aqui o que pensa do testemunho invocado pelo seu colega Manuel Alegre, relativamente à eventual inflexão das decisões da Câmara Municipal de Lisboa, por interferência de agentes corruptores.
Sr. Deputado, lembro-o do seguinte há pouco, o líder da sua bancada, pela forma como se exprimiu, temos de concluir que considerou pouco 21 prisões relacionadas com casos de corrupção. Sr Deputado, que número acha que seria razoável? 2700?

Risos do PSD.

21, 37 e 527? Se os senhores querem abordar estas questões, que são da maior seriedade, têm de ser coerentes! Têm de ser rigorosos! E permitam-me a expressão, têm de ser sérios, politicamente. Não vos quero ofender no plano pessoal, sabem muito bem de que sou incapaz de o fazer, mas os senhores têm obrigações políticas

Risos do Deputado do PS José Magalhães.

Não se não, Sr. Deputado José Magalhães, porque aqui, em debate, nunca ofendi ninguém, só que nunca me calei, sempre levei as questões até ao fim. E é isso o que estou a fazer! Estou a desafiar-vos para isso mesmo. Nem os senhores saem daqui de cabeça levantada se não me responderem a duas ou três perguntas que acabei de colocar.
Infelizmente, é o vosso colega Alberto Martins a vítima neste momento. É ele quem tem de responder aqui sobre o que pensa acerca da afirmação e do testemunho evocado pelo Deputado Manuel Alegre Os senhores não saem daqui de cabeça levantada se não responderem à questão que o vosso próprio colega levantou

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E já não talo da questão levantada ontem pelo vosso colega Carlos Candal nem da levantada pelo Sr Deputado Alberto Martins, quando diz que a corrupção- foi a sua expressão- está a progredir impunemente. Pergunto-lhe, como chega a essa conclusão, Sr Deputado? E, aí, tem de se pronunciar sobre as 27 prisões. Tem de dizer se as considera suficientes ou não. Mas há uma coisa que o senhor não pode negar, desde que as considere poucas, elas acontecem Elas são a prova de que os processos vão até ao fim. E, antes desta maioria ter as responsabilidades da governação, nada ia até ao fim.

Vozes do PSD:- Muito bem.

O Orador: - A diferença está precisamente aí e não na perfeição das soluções está na diferença da atitude, está na diferença da força política para resolver as questões ou para deixá-las na mesma. Esta é a grande diferença, Sr. Deputado!

Vozes do PSD: - Muito bem.

O Orador: - E porque não somos nem cegos nem tão pretensiosos que julguemos estar a resolver todos os problema da Terra. Sabemos muito bem que eles são enormes e que, por isso, também são enormes o tempo e o esforço que implicará a sua solução. Mas somos senos e, por isso mesmo, damos um contributo positivo no sentido de as coisas caminharem para a frente e não de se afundarem no lamaçal.

Aplausos do PSD.

Desde logo, não queremos que o debate político seja um lamaçal, queremos que o combate à corrupção comece aqui mesmo, com a frontalidade das nossas posições.