O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1352

I SÉRIE - NÚMERO 37

setenta e oitenta? Não resultaram? Ficaram pelo caminho e «morreram na casca», como soi dizer-se? Porquê, afinal? Onde estava a vossa propagada credibilidade no meio rural português? Em lado nenhum, pois claro, como foi evidente e ainda o é no momento presente!
Mas, mais, Sr. Deputado Luís Capoulas Santos: o que querem os senhores afinal da Europa comunitária? Querem-na ou não? Os senhores não podem dizer «somos europeus» e, ao mesmo tempo, protestarem porque determinadas regras do jogo foram por nós cumpridas. Os senhores não podem criticar inconsequentemente, não se podem contradizer da forma que o fazem, têm de definir a vossa própria identidade política neste sector.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - Sr. Deputado Lino de Carvalho, consigo, admita que lhe diga, «a coisa fia mais fino». Na verdade, se com os nossos colegas anteriores as contradições são inúmeras, com o ilustre Deputado Lino de Carvalho, do Partido Comunista Português, a sua postura não dá mesmo para entender.
Repare porque lho digo, Sr. Deputado: ainda há bem pouco tempo, os senhores eram pela colectivização da propriedade e, antes, pela sua expropriação a qualquer título. Faziam o discurso do latifúndio e não conheciam regras na vossa estratégia, tendo criado as denominadas UCP.
E, agora, o que vemos nós? Passada «meia dúzia» de anos, o Alentejo e aquilo a que impropriamente chamaram «latifúndio» já não vos interessa e viraram-se para o norte. Agora, já falam muito menos na grande propriedade e, embora sem serem objectivos, defendem a sua dimensão pequena e média.
Apesar disso, os senhores não param. Viraram-se para o norte do País, como disse, e mudaram radicalmente a vossa estratégia, mascarando a ideologia comunista através de uma confederação que apanha alguns bem intencionados. Porém, dentro em breve todos perceberão que a confederação que conhecem é, nem mais nem menos, do que o próprio Partido Comunista e os senhores não mais terão do que dar o vosso trabalho por terminado. Desculpem que vos diga, mas as coisas são, de facto, assim!
Posto isto, ilustre Presidente e Srs. Deputados, o que temos? Temo-nos, de facto, e para já, a nós próprios, sociais democratas, com o nosso reformismo e corri uma vontade inquebrantável para desenvolver o mundo rural.
Ficamos nós, maioria e Governo, para continuar a lutar junto de todos os agricultores e trabalhadores que, na sua esmagadora maioria, em nós tem confiado e que vão continuar a confiar, permitindo que o esforço desenvolvido há anos continue, permitindo um virar do século muito mais igual aos que se nos adiantaram, para que os fundamentos e filosofia portugueses e europeus atinjam a sua máxima expressão.
Logicamente, não estamos sós: temos a nossa oposição para o pleno exercício da nossa vida democrática.
Temo-vos, senhores da oposição, com todo o gosto, pelo que sinceramente vos peço, a vós interventores no sector agrícola, façam-no com rigor e tenham a gentileza de admitir o muito de bom que tem sido possível fazer.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - Vou terminar, Ilustre Presidente.
Permita-me, apenas, mais que diga que os nossos amigos da oposição que intervêm nesta problemática da agricultura dão azo a um fenómeno que dá pelo nome de «sinistrose», ou seja, têm tendência para o sinistro, vêem tudo negro, perdem o discernimento para verem o que está bem e o que está mal.
Os senhores da oposição evidenciam, na verdade, esta atitude - fenómeno detectado já na Europa e que agora instalaram entre nós - e nem querem ir visitar, como no PSD fizemos, alguns bons exemplos que se concretizaram na nossa agricultura. Exemplos que falam de aumento de rendimento, aumento de produção, aumento de produtividade, factores que, sem se perceber porquê, os senhores se negam a aceitar.
E pena que assim seja e já no momento presente, mas sobretudo o futuro, se encarregará de nos dar razão, impondo a verdade que vos trará. nessa ocasião, aquela que será uma indisfarçável sensação de mal-estar.

Aplausos do PSD.

0 Sr. João Amaral (PCP): - Sr. Presidente, peço a palavra para interpelar a Mesa

0 Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

0 Sr. João Amaral (PCP): - Sr. Presidente, o Sr. Deputado Costa e Oliveira diz que vemos tudo negro.--- mas ele vê tudo careca nesta bancada! ... De facto, como o Sr. Deputado bem sabe, o Sr. Deputado Lino de Carvalho não se encontra presente.

0 Sr. Silva Marques (PSD): - Mas tinha a obrigação de estar!

0 Orador: - 0 Sr Deputado, que é membro da Comissão de Agricultura e Mar, sabe muito bem que uma delegação da referida comissão se deslocou, em visita, ao estrangeiro, da qual faz parte o Sr. Deputado Lino de Carvalho.

0 Sr. Presidente: - Na verdade, deslocou-se ao estrangeiro uma delegação, que, suponho, até é chefiada pelo Sr. Deputado Lino de Carvalho.

0 Sr. João Amaral (PCP): - Sim, Sr. Presidente!

0 Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Capoulas Santos.

0 Sr. Luís Capoulas Santos (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Costa e Oliveira, se não o conhecesse como técnico reconhecidamente competente, ex-dirigente associativo de méritos reconhecidos, alto funcionário do Ministério da Agricultura, até há bem pouco tempo membro do Governo do Professor Cavaco Silva, com a competência que todos lhe reconhecemos, e como saiu há pouco tempo do Governo, só posso concluir que o fez por discordar da política prosseguida, o que, aliás, o seu discurso acaba por ilustrar. De facto, o que o Sr. Deputado fez não foi uma declaração política mas, sim, uma antevisão da sua futura posição enquanto Deputado da oposição nesta Câmara.

Protestos do PSD

É que não podia ter feito maiores acusações à política do PSD do que aquelas que acabou de fazer. Digo isto porque acabou por traçar um quadro da agricultura, a que o Sr. Deputado acusou a oposição de considerar negro, tendo-o considerado como um quadro risonho.
Sr. Deputado, se há um sector da economia portuguesa onde a crise atingiu maiores dimensão, esse sector é precisamente o da agricultura. Aliás, se, porventura, tiver o azar