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1786 I SÉRIE-NÚMERO 53

Como dizia, falar de desenvolvimento não é fácil, porém a verdade é que ele já existe, está a acontecer. Por isso me revolto perante a dificuldade quase doentia que alguns dirigentes com responsabilidades manifestam, quando num acto de profunda injustiça procuram fazer significar o contrário. Só por má fé ou total ignorância se pode dizer que apesar dos milhões gastos no Alentejo não existe uma única exploração de sucesso. Meus senhores, a má fé também deve conhecer limites e a ignorância é ultrapassável quando existe disponibilidade para constatar as realidades e dimensão política para as aceitar.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: De há muito se defende no Alentejo a necessidade do armazenamento dos parcos recursos hídricos de que dispomos de forma a alargar as áreas regadas ou simplesmente complementar o sequeiro com pequenos regadios.
Prevê-se, no futuro, que áreas hoje ocupadas com a cultura dos cereais venham a dispor de água e se encaminhem para a pecuária, nomeadamente para a ovinicultura. Parte das áreas hoje produtoras de carne de bovino, poderão, quando regadas, alcançar produções competitivas através de culturas herbáceas ou arbóreas.
No Alentejo a água e não só importante como absolutamente decisiva. Esta sensibilidade existe, quer da parte dos agricultores, quer do Governo, por isso, no âmbito do PEDAP foram criados mais de 1000 ha de regadios em Portalegre e mais de 6000 no Alentejo. Tenho o maior gosto em vos informar que existem estudos que prevêem a criação de mais oito barragens. A título de exemplo, referir-vos-ei apenas aqueles que respeitam ao distrito de Portalegre Ribeiro do Freixo, em Monforte; Ribeira da Estação, em Portalegre Ribeira da Caniceira, em Avis; Ribeira das Mulheres, em Sousel; Apartadura, em Marvão; Abrilongo, em Campo Maior; Sume em Ponte de Sor e Pisão, em Crato. Estas oito barragens significarão 10 000 ha e oferecerão novas condições e perspectivas a muitas centenas de agricultores gerando emprego e riqueza.
Não pretendo, no entanto, deixar de mencionar a preocupação que hoje assalta o distrito de Portalegre quanto à eventualidade de podermos ver reduzida a área regada em Campo Maior pela barragem de Abrilongo, pelo suposto prejuízo, não claro a meu ver, de algumas espécies da fauna avícola
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Hoje, já ninguém tem dúvidas de que a agricultura, a transformação dos produtos e a sua comercialização, são absolutamente indissociáveis. Por isso. assistimos a leilões de gado semanais dos mais concorridos do País. Apontarei ainda o caso da Sotonisa, uma moderna queijaria que importou em cerca de 300 000 contos e muitas outras igualmente da região demarcada do queijo de Nisa em fase de modernização; da Cersul, Associação de Produtores de Cercais, em Santa Eulália e Elvas; do Centro de Comercialização de Castanhas, em Marvão, do Centro de Inseminação e Transplantação de Embriões, igualmente em Marvão ou da Fábrica de Enchidos em Arronches.
Do mesmo modo foram recentemente criadas as regiões demarcadas com vista a certificação do queijo, da castanha, da cereja, da maçã, do azeite e da ameixa, decorrendo o processo da região demarcada para o queijo mestiço, o enchido de carne de porco alentejano, o melão de Campo Maior, os cogumelos, o borrego e o novilho alentejanos.
Peço naturalmente as maiores desculpas pelo pormenor porventura desinteressante da minha intervenção, porém, a verdade é que mesmo assim fico com a amarga sensação de que entre nós haverá sempre aqueles que continuarão a afirmar nada ter sido feito no Alentejo, não existirem explorações com êxito ou ainda que o Alentejo se encontra em absoluta falência e irremediavelmente perdido.
Nós conhecemos muito bem esse discurso. Na nossa região também há quem o profira, envergonhada e despudoradamente, embora com muito menos impacto e sem quaisquer consequências por não serem levados a sério. Afigura-se-me oportuno lembrar que os alentejanos já se encontram suficientemente temperados pela história e pelas dificuldades do passado recente para que acreditem em atoardas de circunstância e alterem o rumo que traçaram e se propõem prosseguir com firme determinação.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Pese embora o facto de a agricultura constituir ainda a principal actividade económica no norte alentejano e de me ter revelado optimista quanto ao seu futuro, não pretendo esconder alguma preocupação quanto aos apoios futuros de que carece, à necessidade imperiosa de elevar o nível de instrução dos muitos que nela trabalham e ao rejuvenescimento que se impõe e se encontra intimamente ligado à criação de condições que levem os jovens a fixarem-se a terra. Tais condições levaram-nos a privilegiar uma formação profissional que consideramos adequada e lutámos, com êxito, pela criação de uma escola superior agrária, a qual, conjuntamente com a Escola Superior de Educação já existente e a Escola Superior de Tecnologia e Gestão cujas novas instalações abrirão em Outubro, completará um parque escolar verdadeiramente notável nos vários graus de ensino.
Contudo, não pretendemos alimentar ilusões. O desenvolvimento que almejamos não tem só que ver com a melhoria das condições da nossa agricultura e dos seus agentes, mas passa por uma revolução que se vem operando e que envolve todas as oportunidades e todos os sectores com grande destaque para o importante desempenho das autarquias locais, das quais tenho de destacar as que são da responsabilidade do Partido Social Democrata e muito injusto seria se não referisse, uma vez mais e expressamente, o quanto a Câmara de Portalegre tem contribuído para o enriquecimento do distrito ao dotar o concelho de infra-estruturas que têm tornado possível atrair investimentos de grande volume, criando novos postos de trabalho, ao mesmo tempo que não esquece a habitação, a parte cultural e a parte histórica.
Apostar no desenvolvimento e na modernização é também o que, teimosa mas responsavelmente, fizeram os empresários que investiram 15 milhões de contos, na indústria têxtil, nos mármores e granitos, nas confecções, nos componentes para o ramo automóvel, nas águas minerais ou nas corticeiras, de que destaco a nova e moderna empresa Subercentro, em Ponte de Sor Revelar vontade de ver os nossos campos harmonizados e aquilo que pretendemos e conseguimos com a Leadersor e com o novo Leader que vamos procurar instalar no distrito Honra-nos o Centro de Formação Profissional.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP)- - E os desempregados?

O Orador: - Sr Presidente, estou a tentar ser extremamente rápido e, por isso, gostaria que o Sr. Deputado Lino de Carvalho me desse oportunidade de concluir a minha intervenção.

O Sr. Limo de Carvalho (PCP) - Não se perturbe! A esta hora não se perturbe!

O Orador: - Como dizia, o Centro de Formação Profissional, em apenas quatro anos, formou já cerca de 2000