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2726 I SÉRIE - NÚMERO 85

lhe: «Faz o que quiseres!». O futuro que muitos nos apresentam é chocante porque, nele, a imaginação será controlada e a novidade será impossível.
A pós-modernidade de que falei, quando ingressei no PSN, repetia, afinal, o Evangelho: «Ninguém põe remendo novo em pano velho, nem vinho ainda não fermentado em odres velhos». Construamos a pós-modernidade! Os poderosos não podem fazê-lo! Os poderosos nunca se revoltam, só podem ser realistas. Como diz Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe: «Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos». Tem razão a pós-modernidade: construamos a solidariedade!

Aplausos do PSD, do PS e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção sobre assuntos de interesse político relevante, tem a palavra o Sr. Deputado Lemos Damião.

O Sr. Lemos Damião (PSD): - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados: Ao aproximar-se o fim de um mandato de legislatura, parece-me ter chegado o momento de fazer um balanço à acção política desenvolvida no círculo eleitoral de que faço parte.
Numa altura em que tanto se propala a imperiosa necessidade de aproximar os eleitos aos eleitores, impõe-se que se informem uns e se recordem outros de que os titulares dos diferentes órgãos de soberania se preocupam com o bem-estar dos cidadãos, pugnando pelo progresso e desenvolvimento das populações.
Compete, por isso, aos Deputados demonstrar às populações o seu empenhamento enquanto seus representantes. Os Deputados não podem continuar a ser acusados de que nada fazem, de que não trabalham, de que estão no Parlamento apenas para obedecer às suas direcções e outras conotações que por aí campeiam como vaga alterosa em mar encapelado.
Exige-se que, neste momento em que se fala da transparência do estatuto dos cargos políticos, se faça a pedagogia do seu trabalho, do seu empenhamento e da sua dedicação ao compromisso assumido perante os eleitores.
Não há, quanto a mim, Sr. Presidente e Srs. Deputados, conquista de estatuto de cargos políticos se antes não se tiver conquistado estatuto pessoal e profissional. Cada um de nós tem de defender, junto dos que lhe estão próximos, o seu estatuto de cidadania, através da prática do exemplo, conquista que seja em função do que é capaz de realizar e não em função do prestígio da instituição que representa.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Na minha qualidade de Deputado eleito pelo círculo eleitoral de Braga, tenho de reconhecer que o meu distrito enfrentou uma enorme crise, quiçá das maiores crises da sua existência.
Situado na região dos Vales do Cávado e do Ave, onde pontificam com grande prevalência os sectores do calçado e dos têxteis, era compreensível, por razões conjunturais da economia, que estes sectores sentissem dificuldades.
Nos concelhos onde tem as suas raízes mais profundas, como são os casos de Guimarães, Fafe e Famalicão, a indústria têxtil representa uma cultura peculiar, visto haver famílias que apenas se identificam e vivem do trabalho dessa monoindústria.
O País e a região devem, por isso, a esta gente generosa e trabalhadora a admiração por, contra ventos e marés, fazerem dos produtos que manipulam contributo importante para o produto interno bruto.
Apesar do anúncio velho de que o sector é para extinguir e das cíclicas crises, ei-los entregues à sua firme determinação de persistentemente dizerem que o têxtil e a região se confundem.
E não é preciso grandes investigações' para concluirmos que é tão-só a tradição feita cultura que leva os empresários a investir no sector, os operários a aderir a este segmento laborai e os comerciantes e viajantes a serem os embaixadores destes concelhos e desta região.
É, pois, de uma forma consciente que esta gente se revê na riqueza que produz, no prestígio que grangeou para aquelas empresas e no valor acrescentado que adicionou ao progresso e ao bem-estar da sua comunidade e do País.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Reconhecendo como real a existência da crise no Vale do Ave, tenho de dizer, porém, que tais dificuldades não atingiram o dramatismo que alguns apregoaram e, muito menos, tomaram foros de catástrofe. Não foi preciso declarar planos de emergência, arranjar engenharias sociais para socorrer a região e pôr a localidade em estado de intervenção social.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E sabem porquê, Srs. Deputados? Porque naquela terra faz-se do trabalho o slogan permanente da subsistência, da dignidade e da riqueza.

Aplausos do PSD.

Lá existe o entendimento de que o trabalho liberta o homem e é por ele e através dele que as pessoas se realizam e se dignificam. E por isso que quem tem um posto de trabalho o procura manter e se considera rico.
Mas, infelizmente, nem todos têm um posto de trabalho. Há, efectivamente, desemprego na região do Vale do Ave e, por isso, o consideramos uma chaga social.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Que chaga!

O Orador: - Cada desempregado é um dedo acusador que se aponta para a consciência de cada um de nós e uma mão que se estende para engrossar o descontentamento.
Apesar de sabermos que tal fenómeno não é exclusivo, apenas, do nosso país e que continuamos a ter um dos índices de desemprego mais baixos da Europa comunitária, não podemos estar de consciência tranquila se não fizermos tudo para que se criem condições de trabalho a quem queira contribuir para a riqueza nacional.
Porém, a nossa tristeza é grande, quando vemos que alguns agitam a bandeira do desemprego como arma de arremesso político e sem em nada contribuírem para a solução dos problemas.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Só por desonestidade política se cai na tentação de arregimentar quem tem a desdita de cair nesta situação.
Só por demissão patriótica se proeurou empolar a crise do Vale do Ave para valores que, felizmente, não se confirmaram. Quem isso tentou não conseguiu o sucesso pretendido, apesar de reconhecermos que criaram dificuldades às empresas e perturbação aos trabalhadores. Por isso, os denunciamos.