936 I SÉRIE - NÚMERO 24
A iniciativa privada soube compreender e apostar na região, aliando-se, assim, ao poder político e autárquico para dar um forte impulso ao desenvolvimento económico, à criação de emprego e afixação das pessoas.
Estas três vontades, conjugadas com a situação geográfica, possibilitaram que os visienses passassem a ter uma melhor qualidade de vida que há cinco ou 10 anos atrás, atendendo a que os muitos equipamentos hoje existentes são dos melhores do País.
A título de exemplo salientava: a Escola Superior de Tecnologia de Viseu; mais de 50 pavilhões gimnodesportivos; hotéis de qualidade em todo o distrito; centros de saúde; o novo hospital de Viseu; empresas prósperas nos diversos sectores; centros comerciais; o novo balneário das Caldas de Felgueira; parques de exposições; centro de juventude; cooperativas; centros de férias; novas instalações do INATEL; Palácio do Gelo, da Saúde e do Desporto; o IP5 e o IP3; inúmeras estradas nacionais; centros de emprego e formação profissional, e muitos outros exemplos, poderia continuar a verter nesta listagem.
E óbvio que subsistem, porém, assimetrias económicas e sociais, apesar do muito que foi feito para debelar esses males.
Tanto assim que ficaram por solucionar questões muito importantes, das quais destacava: a universidade pública; a auto-estrada A14 e outras ligações rodoviárias secundárias; o parque tecnológico; a rede de gás natural; a reforma da Administração Pública e melhores condições para a fixação dos jovens.
Hoje, e passado mais de um ano, quanto vale a governação socialista no poder? Quantas destas questões resolveu? Nenhuma ou muito poucas! Todos começam a reconhecer que, afinal de contas, a única coisa que mudou no distrito, com o novo Governo, foram as pessoas dos lugares políticos, numa clara contradição com o apregoado enquanto oposição.
Isto até se poderia considerar normal, não fosse a promessa pública do Eng.º António Guterres, perante as câmaras da televisão, de realizar concursos públicos para o recrutamento dos quadros superiores da Administração Pública. Mas, mesmo aí, ainda sou daqueles que pensam que ele, afinal, nada pôde fazer face à sede de poder dos homens do aparelho do seu partido.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, chegar-se, depois destas substituições todas, ao limite de fazer saneamentos desmedidos, com ameaças e mentiras, porque nestes casos é disso mesmo que se trata, verdadeiros saneamentos de simples técnicos, professores destacados ou requisitados, já no corrente ano, que se vêem afastados com desculpas esfarrapadas, autênticas difamações!...
É caso para perguntar: que País é este? Que Governo é este? Que politiqueiros são estes, que preferem que pessoas qualificadas estejam sem fazer nada, pagando-lhes, em vez de cumprirem as suas funções nos serviços onde estavam como funcionários competentes?
Nos Estados Gerais, diziam: "(...) os partidos e, em especial os que estão no poder, não podem usar o Estado para servir clientelas e tentar controlar a sociedade".
Srs. Deputados socialistas, levem a mão à consciência, porque ela pesa-vos, com certeza!
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!
O Orador: - É por tudo isto que devemos ser implacáveis na denúncia da demagogia com que o PS iludiu, e continua a fazê-lo, muitos portugueses, nas últimas eleições legislativas.
Veja-se, a propósito, ainda o "Governo em diálogo", em Viseu, e a posterior prova dos nove, no Orçamento do Estado para 1997.
Foi com grande expectativa que todos aguardámos a resolução das muitas questões e promessas feitas. Estranhamente, todos ficaram apreensivos em relação ao futuro, porque muito pouco do que havia sido prometido foi objecto de decisão deste Governo, tanto mais quanto
o PIDDAC para 1997 é um mero rol de intenções propagandísticas.
É importante saber o que o Sr. Primeiro-Ministro fez aos milhões que anunciou para: a duplicação do IP5 nos próximos três anos; o novo hospital de Lamego; os novos troços do IP3; a Polícia Judiciária; a recuperação do património; etc.
Com franqueza, poupem a população de Viseu a tanta demagogia!
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Voltando às grandes questões já enunciadas, que foram promessas eleitorais, gostava de falar em duas, muito importantes, sobre as quais o PS nada diz.
Em primeiro lugar, a universidade pública. Queremos, sempre o dissemos, uma verdadeira universidade pública, que promova a produção de massas críticas a partir de um investimento na investigação científica, e não um "polozinho universitário", orientado para o ensino de saberes produzidos noutras universidades. Não podemos permitir que os nossos melhores quadros técnicos continuem a emigrar para outras regiões e jamais se fixem aqui.
Em segundo lugar, a fixação dos jovens. Um rápido olhar pela paisagem rural dos nossos dias, dá-nos um quadro onde predomina o idoso, a quase ausência de crianças. Este fenómeno de quase desertificação humana do nosso meio rural revela, de imediato, a falta de condições capazes de prender e fixar pessoas.
São notórias as marcas de progresso no espaço rural, mas estas ainda não se transformaram em elemento fortemente motivador à fixação da população jovem.
Para lá da electricidade, da água, do saneamento básico, da estrada asfaltada e do telefone, há outras necessidades a satisfazer que, em conjugação com as primeiras, poderão despertar o tão ingente estímulo para que os jovens possam principalmente fazer do meio rural um espaço de realização e de vivência apaixonada. Para tal, a cidade deve emigrar para o campo. Dito de outra forma: dos centros urbanos, fortemente avançados em termos infra-estruturais, devemos levar o teatro, a piscina, os gimnodesportivos, os centros de lazer e recreio, as bibliotecas, as escolas profissionais, a formação tecnológica para os pequenos centros. Esta é a verdadeira política de irradiação cultural.
A fixação de pessoas deve ainda contemplar outras formas de apoio, de formação e de sensibilização e creio que os milhões anunciados por este Governo são fictícios, quando badalados e desacreditados, por nada se concretizar verdadeiramente. Se não, vejamos: fala-se em milhões para o Projecto Vidas só se for para pagar concertos musicais onde o Sr. Primeiro-Ministro apareça; para o apoio à criação de pequenas e médias empresas - a burocratização impera com novos diplomas, novos formulários e novos requisitos, ou seja, com tudo o que afasta os potenciais interessados; e para programas de juventude o fosso é cada vez maior entre as associações, os jovens e o IM. Registe-se, a título meramente informativo, a inexistência, hoje, de qualquer política de juventude neste país. Resume-se tudo a meros recortes de outros tempos,