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932 I SÉRIE - NÚMERO 24

dessa nossa dimensão atlântica. Mas aqui estamos perante uma área e uma dimensão em que, provavelmente, é fácil estabelecer grandes consensos no seio da sociedade portuguesa.
Relativamente aos critérios de convergência, pegando nas minhas palavras, a Sr.ª Deputada interrogou-me objectivamente no sentido de saber se, na minha opinião, os critérios de convergência são um instrumento ou se são um desígnio. Sr.ª Deputada, os critérios são sempre um instrumento, mas o cumprimento dos critérios neste momento histórico preciso constitui, no nosso ponto de vista, um relevante desígnio nacional. Mas um desígnio não no sentido fatalista de destino mas, sim, de afirmação activa de uma vontade de influenciar e de construir o nosso futuro de uma determinada forma e obedecendo a um determinado conjunto de princípios.
Aliás, em política nunca podemos permanecer no campo puro das abstracções. Provavelmente, a razão de um certo insucesso de alguns filósofos na política é o facto de terem tendência para ficar excessivamente perdidos no campo das abstracções diáfanas e, depois, não serem capazes de gerir os problemas objectivos e de encontrar soluções e respostas para os problemas concretos com que se confrontam.
Neste momento, a fronteira tangível, objectiva, da Europa, o local onde se está a discutir o processo de integração e de construção de uma nova identidade europeia passa claramente pelos critérios de convergência. Podemos duvidar da bondade desses critérios, podemos ter avaliações distintas em relação aos critérios, mas a verdade é que passa pela capacidade de cumprirmos esses critérios estarmos verdadeiramente dentro do núcleo mais denso do processo de construção europeia ou estarmos arredados desse núcleo, isto é, estarmos submetidos às decisões que são tomadas nesse núcleo sem dartros qualquer contributo activo e positivo para a sua formulação.
De resto, a sua intervenção, Sr.ª Deputada, nesta matéria - sendo certa a minha profunda admiração, do ponto de vista intelectual, pelos seus escritos, que leio habitualmente e que me levam, naturalmente, a estabelecer alguma diferença entre o seu posicionamento político e o de alguns colegas do seu partido -, leva-me a colocar esta questão: qual é, verdadeiramente, a política económica do CDS-PP nessa matéria?
O PP seria, naturalmente, o partido com uma propensão mais natural para adoptar enfaticamente uma política económica de cariz monetarista, como é aquela que, de alguma maneira, tem estado associada, em termos europeus, ao processo de construção europeia.

O Sr. Presidente: - Agradeço-lhe que termine, Sr. Deputado.

O Orador: - A última questão que me colocou foi a de saber se devemos ou não valorizar a coesão cultural da sociedade portuguesa - pelo menos, foi assim que entendi - e a minha resposta é, obviamente, positiva. Agora, se me pergunta se tem sido feito tudo o que está ao nosso alcance cote o intuito de garantir o sucesso dessa aposta, terei de dizer que não terá ainda sido feito tudo, provavelmente haverá sempre novas coisas a realizar,...

O Sr. Presidente: - Muito obrigado, Sr. Deputado.

O Orador: - Sr. Presidente, dê-me só mais um minuto .
... haverá sempre novos instrumentos...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, desculpe, mas não posso dar-lhe mais tempo.

O Orador: - Nesse caso, terminei, Sr. Presidente.

Aplausos do PS.

Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Calçada.

O Sr. José Calçada (PCP): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, já estamos um pouco habituados a que quando o PS ou o seu grupo parlamentar não sabem o que hão-de dizer ou quando têm de repetir até ao limite do absurdo aquilo que já ouvimos variadíssimas vezes, é preciso que o façam através de alguém e, para isso, têm de encontrar sempre um Deputado. Esse Deputado já é conhecido: é o Sr. Deputado Francisco de Assis, que, sistematicamente, vem a esta Casa fazer grandes discursos sobre o nada ou, em alternativa, sobre o nada fazer grandes discursos.

Risos do PSD.

É sempre assim, tem sido sempre assim e auguramos-lhe um grande futuro neste domínio.

Risos do PSD.

Mas vamos agora a outras questões, essas, sim, mais substanciais e que, apesar de tudo, com algum esforço, diga-se, podem retirar-se do seu discurso, Sr. Deputado Francisco Assis.

Vozes do PS: - Ah!!!

O Orador: - Pode, pode-se sempre. Com certeza está admirado, mas consegue-se!

Aplausos e risos do PCP e do PSD.

É só para lhe dizer, Sr. Deputado Francisco de Assis, o seguinte: é que começou por um autêntico acto de contrição quando disse, quase lamentando-se, que os Governos - disse-o ele e não eu -, independentemente das suas opções ideológicas e programáticas, coitados!, lá têm de saber adaptar-se à História. Ou seja, lá têm de fazer o frete, pelos vistos, a Maastricht; lá têm de entrar numa de demissionismo; lá têm de abrir outra vez a gaveta, para lá meter o socialismo, e voltar a fechar a gaveta; enfim, lá têm de entrar pelas vias do não liberalismo, do pensamento único. Não deixa de ser interessante este acto de contrição, sendo certo que, pelos vistos, o Partido Socialista, particularmente o Sr. Deputado Francisco de Assis, deve andar com gravíssimos problemas de consciência pela sua terrível necessidade de se adaptar à História.
Em contrapartida, diz que o Grupo Parlamentar do PCP, e, em termos mais amplos, o próprio Partido Comunista Português, está obsoleto, não tem criatividade, é incapaz de se adaptar à História.
Sr. Deputado Francisco de Assis, Srs. Deputados do Partido Socialista, o que lhe queremos dizer muito claramente é isto: se ser europeu é ser maastrichtiano - até me custa dizer a palavra -, então, provavelmente, nesse quadro, não somos europeus; se ser europeu é não trazer a esta Casa os problemas concretos dos trabalhadores por-