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1126 I SÉRIE - NÚMERO 30

novidades: uma, por aquilo que disse, e outra, por aquilo que não disse.
Quanto ao que disse, quero felicitá-lo! Coitados dos alemães se não tivessem a ajuda do Governo português, de Portugal e dos portugueses!... Nisso, está de parabéns!...

Risos e aplausos do PSD.

Por outro lado, o seu discurso também tem uma novidade, por aquilo que não disse. O Sr. Primeiro-Ministro exaltou muito o crescimento económico, e isso é sempre bom e positivo, mas aquilo que o Sr. Primeiro-Ministro não disse foi que o crescimento económico que aqui invocou, como sabe, e bem, está ligado, no essencial, a quatro grandes empreendimentos: a Expo 98, a Auto-Europa, a nova travessia sobre o Tejo e o comboio na antiga travessia sobre o Tejo. Isto foi aquilo que o Sr. Primeiro-Ministro não disse, como também não disse que esses quatro grandes empreendimentos são da iniciativa do governo anterior que o senhor tanto critica e tanto recrimina.

Aplausos do PSD.

Mas aquilo que é espantoso no Sr. Primeiro-Ministro é que considera tudo o que aconteceu, todos os problemas que se registaram nos últimos dois meses, desde que aqui esteve, como coisas menores. Faz de conta que não existem, faz de conta que não têm importância, faz de conta que não justificam a relevância de o Sr. Primeiro-Ministro se esforçar por ter uma palavra e uma explicação para os portugueses. Até pelo exemplo dos alemães, parece verdadeiramente que há um país imaginário e, depois, há um país real, que os, portugueses sentem!
Mas vejamos dois ou três exemplos, Sr. Primeiro-Ministro: aconteceu, entretanto, o aumento do custo de vida, em grande medida pelo aumento brutal, nalguns casos injustificado económica e socialmente,...

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Disparate!...

O Orador: - ... de alguns produtos e bens essenciais: aumentos de gás - dois no espaço de um mês, seis vezes acima da inflação -, aumentos de electricidade e de combustíveis. O Sr. Primeiro-Ministro sobre isso nada diz! Ou seja, em matéria de salários, pede, e bem, moderação salarial, mas, em matéria de aumento de produtos e bens essenciais, o Sr. Primeiro-Ministro carrega exageradamente, e mal, no bolso dos contribuintes, no bolso dos portugueses. Sobre isto, nada diz!

Aplausos do PSD.

E também nada diz sobre o efeito preocupante que estes aumentos podem ter numa variável importante para chegarmos à moeda única, como é a inflação - oxalá não suceda!... -, com a importância que também tem no bolso das famílias, porque é verdadeiramente um imposto escondido. Quanto a isto, o Sr. Primeiro-Ministro faz de conta que nada existe!
De resto, o mesmo se regista - algo vindo a público nos últimos tempos - sobre os resultados conseguidos, em contradição com os resultados esperados, relativamente ao plano de recuperação de empresas, aquele que, de tão pomposo, até tomou o nome de um ministro que e senta ao lado de V. Ex.ª. Apresentado para salvar 3000 empresas em Portugal e lançado há vários meses, até. ao momento, tendo em conta o que foi dito na semana passada, apenas 140 empresas se candidataram a esse plano. Sr. Primeiro-Ministro, de duas uma: ou, de facto, o senhor avaliou mal a realidade das empresas e, afinal, há menos empresas em dificuldade do que pensava que existiam, ou, então, o plano é muito bom em teoria, mas, na prática, é um total e completo falhanço. Também sobre isto, o Sr. Primeiro-Ministro nada diz!

Aplausos do PSD.

O mesmo se refira relativamente à agricultura. Segundo se diz, o Sr. Primeiro-Ministro teve até de dar um murro na mesa, para tentar pôr um ponto final naqueles episódios "muito edificantes" entre um Eurodeputado do seu partido e um Ministro do seu Governo. Falou-se muito do Ministério da Agricultura e o senhor até falou do Ministério da Agricultura, o grave é que nem o Sr. Primeiro-Ministro nem o seu ministro tiveram uma palavra sobre a agricultura e sobre os agricultores. E dou-lhe um exemplo em particular, já para não falar de promessas mas de propostas e medidas em concreto que o senhor anunciou ao País: em Junho do ano passado, já lá vai bastante tempo, o senhor anunciou ao País uma linha de 150 milhões de contos de crédito para aliviar o endividamento dos agricultores portugueses.

Vozes do PSD: - É verdade!

O Orador: - Sr. Primeiro-Ministro; passado este tempo todo, onde está essa linha de crédito, onde está essa ajuda aos agricultores portugueses?

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Será que não conseguiu negociar em Bruxelas essa linha de crédito que o senhor anunciou com pompa e circunstância? Será por essas dificuldades em Bruxelas, e outras, como, por exemplo, a do caso do Alqueva, que já é necessária a intervenção do Sr. Presidente da República, para conseguir. aquilo que o Governo, afinal, não consegue?

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Já passaram seis minutos, Sr. Deputado.

O Orador: - Vou terminar, Sr. Presidente.

Por último, Sr. Primeiro-Ministro, também sucedeu durante este período que, para além da degradação da autoridade do Governo - e, enfim, essa corrige-se, mais dia menos dia, designadamente com eleições -, se degradou a autoridade do Estado.

Risos do PS.

Sr. Primeiro-Ministro, no espaço de um mês, houve a demissão de um comandante da, polícia, de um director do serviço de informações e de um comissário da Expo 98. Durante um mês, assistiu-se, em redor destas situações, a conflitos em que o Governo foi directamente envolvido. Durante este mês, assistiu-se até, no clima de autogestão que hoje em dia existe no seu Governo e na sua administração, a ministros dizerem o contrário do que o senhor