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12 DE JUNHO DE 1997 2815

Quanto à questão fundamental que está em discussão, vêm sempre falar-me no betão, e falam-me no betão em duas situações distintas, isto é, ou pedindo mais betão ou censurando-me por dar mais betão. Esta é a situação em que me encontro constantemente! Vou a qualquer sítio, falo com qualquer dos Srs. Deputados do PSD, do PP, do PCP, e dizem-me sempre «mais estradas, mais estradas!». Dou-lhes mais estradas, dou-lhes três vezes mais estradas do que lhes deram até aqui e dizem logo «não se faz mais nada senão betão!».
Pois bem, Srs. Deputados, faz-se muito mais do que betão,...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Só se não se vê!

O Orador: - ... fazem-se coisas como habitação - faz-se duas vezes e meia mais habitação do que se fazia anteriormente -, mas também se faz mais do que habitação, faz-se política de transportes. O que antigamente se fazia, o que o PSD fez foi investimento em transportes, sem política de transportes.

Aplausos do PS.

O que estamos a fazer são 14 000 lugares de estacionamento na outra margem...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Não se vê!

O Orador: - O Sr. Deputado não vê, porque o Sr. Deputado anda como eu, num Saab, e não atravessa da outra margem do Tejo para Lisboa em metade do tempo que se demorava quando o seu partido estava no Governo. Portanto, não vê! Não vai lá, não vê! É óbvio! Mas há milhares de pessoas que vão lá e vêem!
Quanto às acessibilidades, não as fazemos como o Governo do PSD as fez, nomeadamente em favor do Sr. Deputado Silva Marques, quando, em 1991, fez passar à porta de Leiria a auto-estrada...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Mesmo assim não passou tão perto como eu pedi! E estou muito amargurado por isso!

O Orador: - ... e deixou para nós o penoso, diria, afinal, o honroso encargo de fazer a ligação da auto-estrada à cidade de Leiria.

Risos do PSD.

E porquê? Porque não havia política de transportes no seu Governo, não havia política de acessibilidades, não havia política de mobilidade, o que havia era política de investimento e essa é que é a política do betão. Para nós, há uma coisa diferente, que é a mobilidade, e há a intermodalidade, palavra que, embora antiga - hão-de concordar que não fomos nós que a inventámos -,estava esquecida e fomos nós que a pusemos no mapa. E porquê? Precisamente porque, nos nossos tempos, qualquer política de transportes, qualquer política de mobilidade e acessibilidade é radicalmente uma política de intermodalidade.
Ora, o que fui encontrar no Ministério do Equipamento foram várias direcções-gerais e três secretarias de Estado, onde a mão direita não sabia o que fazia a esquerda, onde o secretário de Estado A fazia o seu programa - bom ou mau, não estou agora a critica-lo -, na completa ignorância do programa do Secretário de Estado B.

O Sr. Jorge Ferreira (CDS-PP): - Há quanto tempo é que o Sr. Ministro encontrou isso?!

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Isso foi um recado para dentro do seu partido!

O Orador: - Já agora, porque estamos a falar de intermodalidade, gostaria de dizer aos Srs. Deputados o seguinte: com o apoio do Conselho e da Comissão, mudámos a posição de Portugal no mapa das redes transeuropeias. Onde antigamente se via um risco que era o fim da picada,...

Risos do PS.

... hoje encontra-se um sistema intermodal, sistema, esse, que deixou de ser a favor do litoral contra o interior e passou a ser a ligação do litoral e do interior do País à Europa.
Assim, quando me perguntam «então, e o interior?», respondo que, no interior, por exemplo, Srs. Deputados de Santarém e de Castelo Branco, me dizem que. quando o IP6 estiver construído, haverá investimento até no concelho do Pinhão, pois há 7 fábricas aqui e 8 fábricas acolá a aguardar o investimento no IP6. Dois comentários: não havia essas fábricas no Governo do PSD, logo,...

O Sr. António Galvão Lucas (CDS-PP): - Nem há!

O Orador: - ... primeiro e grande ganho, há investimento produtivo e iniciativa e quem acredite, segundo ganho, haverá IP6, ligado ao IP2, de tal modo que a linha diária de Lisboa à Guarda será uma realidade até ao ano 2000. E vai haver a duplicação do IP5, que se opunha a este em mútua exclusão!
Srs. Deputados de Viseu e de Castelo Branco, vai haver IP3 completo!

O Sr. Silva Marques (PSD): - E IC8?

O Orador: - Já vou ao IC8!
Srs. Deputados do Algarve, vai haver IC4 completo até ao ano 2000!

Aplausos do PS.

O Sr. José Calçada (PCP): - Basta de estradas!

O Orador: - Sr. Deputado Silva Marques, tendo encontrado 23% de IC completos, vamos fazer 45% e deixar 23%, porventura para o seu Governo mas mais provavelmente para o nosso, para depois do ano de 1999.
Portanto, não queira mais, não queira que façamos tudo! Mas, mesmo que façamos tudo o que o Sr. Deputado possa imaginar, quero dizer-lhe que temos ambição, temos propósito, temos projectos para este País que excedem muito tudo quanto possa ambicionar.

Aplausos do PS, de pé.

O Sr. Presidente: - Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, encerrámos o debate.