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12 DE MARÇO DE 1998 1593

real, como reais permanecem os homens e as suas circunstâncias, nestas incluindo a Terra e os problemas que nela vivem. É por aí que o desenvolvimento tem de passar, por esse par indissociável: a Terra e os homens que nela habitam.
Pois bem, Sr. Presidente e Srs. Deputados; lá em cima, no Noroeste de Portugal, encostada à Galiza e espraiando-se desde o mar à serra, há uma terra de 2222 km2 e 260000 habitantes. É o Alto Minho.É esta terra e as suas gentes quem me traz hoje, uma vez mais, a esta tribuna uma vez mais, pelas mesmas razões de ontem e de há muitos anos. É que, por ali, o relógio que mede o tempo do desenvolvimento atrasou-se em muitas décadas e tarda em recuperar, acertando a hora já nem direi pela da Europa mas, ao menos, pela de Lisboa é Vale do Tejo. Sou. dos que entendem que o desenvolvimento de uma terra é, fundamentalmente, obra da inteligência e da criatividade, do querer e da audácia dos que nela querem viver, seja por nascimento ou opção. Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, sendo esta uma condição necessária, não o é, porém, suficiente. O Estado tem de a complementar responsabilizando-se pelas grandes infra-estruturas determinantes do mais amplo e estratégico investimento dos cidadãos, da produção e da distribuição, do alargamento e diversificação dos mercados, do crescimento económico e da promoção social, da qualidade de vida, desde a saúde à educação, à cultura e ao conhecimento.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O Alto Minho continua a esperar por muitas destas condições essenciais ao seu desenvolvimento.
Espera, por exemplo, que se estugue o passo pelo caminho das grandes acessibilidades, as quais, passando embora pela próxima conclusão da A3 e do IC1, ficarão ainda assim tão longe dos objectivos quanto confundidas com a desilusão se, por exemplo, o IC1 ficar algures, por alturas de Viana ou de Âncora e não chegar a Valença - aí permitindo opções de viagem igualmente confortável já pelo interior, já pelo litoral, por aqui, com Viana no caminho -, e se a rede viária transversal, que deve aproximar do grande eixo, que é a A3, os concelhos do interior (Arcos de Valdevez, Ponte da Barca e Paredes de Coura), por tempo demais se atardar. Há-de isto justificar o vivo protesto do Alto Minho interior, que não pode consentir em ser eternamente menorizado.
_ É, pois, urgente que o lanço do IP9 até Nogueira e a sua prossecução para Ponte de Lima com o IC28 para Arcos de Valdevez e Ponte da Barca até ao Lindoso passe das promessas, que saltam de data em data; à realidade no terreno.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Como é imperioso, outrossim, que, a partir do nó de Sapardos da A3, se criem acessos expeditos a Vila Nova de Cerveira e a Paredes de Coura, prosseguindo daqui para Arcos de Valdevez, dando-se por essa forma corpo à já antiga pretensão, justa de resto, da diagonal do Alto Minho interior.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A par da relevância das rodovias, menos importante não é o caminho-de-ferro, aquele por onde há tantas décadas se vai do Porto à Galiza. Se vai penosamente, acrescente-se!
É consensual que o futuro dos transportes passará muito pela ferrovia. A linha do Minho até Valença reclama, de há muito, a modernidade para o futuro a que ela e os alto-minhotos têm direito.
Para quê aduzir argumentos que justifiquem o óbvio? E óbvia é a importância do eixo ferroviário atlântico galaico-português de ligação entre Lisboa e a Galiza, por onde deve correr boa parte da potencial animação económica de toda esta distante periferia europeia.
Depois, sendo Viana cidade filha do mar e do seu porto, que de sempre habita no mais belo estuário, a ambos só pode querer. bem, reclamando para um e outro - o porto e o estuário - asseado visual e meios necessários com que hajam de continuar a cumprir a sua missão, numa dimensão ponderada e realista. Para que plenamente a realize, dêem-se-lhe, definitivamente, ao porto e ao estuário, acessos, rodo e ferroviários, capazes, ultrapassadas que sejam, de preferência pelo diálogo, clivagens que empatam e nada resolvem.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Seria redutor afirmar que as infra-estruturas para o desenvolvimento do Alto Minho se esgotam na construção das acessibilidades. Hoje, é, já indiscutível que o mais poderoso factor de desenvolvimento é o conhecimento.
Por isso, o Alto Minho quer - e justifica-se plenamente esse querer - transformar-se num território onde se promovam a ciência e os saberes, sem os quais não há caminhos para o futuro. O Alto Minho quer e justifica o que desde há sete anos me honro de reclamar, inclusivamente desta tribuna, tal como há oito dias o fez também o meu colega de bancada, uma universidade pública vocacionada para áreas de ponta, como as ciências marinhas e de zonas costeiras, ciências do ambiente, da saúde e engenharia naval.
Entretanto, o Instituto Politécnico, que, desde há mais de uma década, vem cumprindo um papel notável, poderia descentralizar algumas das suas escolas para outros pontos estratégicos dos vales do Lima e do Minho, sabido como é da experiência quanto as escolas superiores são um poderoso meio de animação e promoção, não só cultural como social e económica, das terras onde se implantam, e quanto disto está carecido todo o interior do Alto Minho!
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Há dias, ouviu-se o Sr. Ministro João Cravinho, quando. anunciava a remodelação e ampliação do aeroporto Sá Carneiro, dizer que deste se faria um dos maiores do Noroeste da Península Ibérica. Pouco depois, de um muito conhecido autarca do Grande Porto, ouviu-se também a afirmação de que o Porto há-de ser uma metrópole de pedir meças às metrópoles europeias mais desenvolvidas.
Só posso desejar que assim aconteça desde que, à porta e nas periferias dos megacentros, não haja cada vez mais pobres, esquecidos e envergonhados filhos da injustiça.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Da injustiça que passa pelo concentracionismo do excessivo investimento público, com prejuízo de novas centralidades, que alarguem e adensem a teia do desenvolvimento, aquele que deve cobrir todo o