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1588 I SÉRIE-NÚMERO 47

vra, uma certa aspereza, mas que, simultaneamente, e para quem a conheceu melhor esse é um facto inesquecível, era uma mulher profundamente sensível e amiga, sempre disponível para ouvir, sempre disponível para frontalmente criticar ou apoiar e sempre, mas sempre, aberta e empenhada em auxiliar.
Recordamos, ao fim e ao cabo, a Alda com muita amizade, com muita ternura, com muito respeito e já com muita saudade.
Aproveito esta oportunidade para, em nome do grupo parlamentar do partido a que ela sempre pertenceu, enviar aos seus familiares o nosso abraço de solidariedade e de penalização por este momento difícil que atravessam.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Roseta.

A Sr.ª Helena Roseta (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em nome da bancada do PS, quero associar-me a este voto, deixando aqui uma nota pessoal de admiração por essa grande mulher que foi Alda Nogueira.
Já aqui foi dito o essencial. No entanto, gostaria de lembrar um traço que me impressiona muito na figura da Alda. Era uma grande intelectual, uma cientista que teve a oportunidade de, com uma bolsa do Estado, ir para Paris trabalhar com a filha da Madame Curie, portanto, no topo de uma carreira química, difícil nessa geração, mais difícil ainda para uma mulher, mais difícil ainda para uma portuguesa, mais difícil ainda para uma portuguesa que lutava contra o regime. A verdade é que a Alda Nogueira foi capaz de prescindir desta carreira que se abria na sua frente para lutar pela nossa liberdade, num tempo em que todos pensam que o sucesso individual e o chegar aos mais altos lugares das várias carreiras é o mais importante. Este é um exemplo que me cala muito fundo.
Tive ocasião de privar com a Alda aqui, na Assembleia. Em várias ocasiões estivemos em grande confronto, noutras estivemos em grande solidariedade. Guardo dela uma imagem paradoxal: era simultaneamente muito firme e de uma ternura extraordinária, e isso é muito difícil. Viver o que ela viveu, passar pela provas que ela passou e não perder a ternura é talvez a principal lição que uma grande mulher e uiva grande portuguesa como a Alda Nogueira nos deixa, e aqui fica também a minha saudade.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero dizer, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista Os Verdes, que reputamos da maior importância este voto. Alda Nogueira, do que foi dado conhecer, é alguém que desde muito jovem dedicou toda a sua vida à causa da liberdade e que, como já foi referido, trocou Paris e uma carreira promissora, do ponto de vista pessoal, pelo seu país e pela luta nele, profundamente envolvida pela liberdade. E alguém que, pela luta por essa mesma liberdade, durante muitos anos dela foi privada.
Creio que a sua passagem por este Parlamento - quem teve o privilégio de com ela privar nessa altura verificou-o e a leitura do que ela na altura dizia demonstra-o mostrou que é alguém que, tendo toda a vida sofrido, se manteve sempre muito próxima e fiel à sua condições também de mulher. Pela causa das mulheres, pela sua emancipação, pelos seus direitos, agiu e lutou neste Parlamento, suscitando há muitos anos discussões que hoje, afinal, tantos anos mais tarde, ainda estamos a reiniciar.
Esta é uma mulher que marca, seguramente, a vida e a passagem das mulheres por este Parlamento, onde elas são tão escassas, é uma mulher a quem aqui prestamos homenagem, apresentando, ao mesmo tempo, as nossas condolências ao PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Eduarda Azevedo.

A Sr.ª Maria Eduarda Azevedo (PSD): - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados: Maria Alda Nogueira foi um verdadeiro símbolo do combate ao antigo regime, luta que abraçou com a convicção, o empenho e a dedicação de uma vida.
Quando tinha pela frente uma carreira científica brilhante, tudo pressagiava que fosse brilhante, os ideais foram mais fortes e levaram-na a abandonar a segurança pessoal e familiar e um merecido reconhecimento público e o sucesso.
Deputada à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República, como já aqui foi sublinhado, Alda Nogueira evidenciou qualidades que, apesar de não ter tido o prazer de privar com ela e de a conhecer pessoalmente, acredito piamente ter tido.
Por isso mesmo, o PSD associa-se à homenagem a esta mulher, que claramente marca a mudança, o seu tempo e a História.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Conhecia Dr.ª Alda Nogueira durante longos anos nesta Assembleia e tive ocasião de apreciar o alto valor humano que esta senhora tinha.
Sempre vi nela uma enorme convicção na defesa das ideias em que acreditava e, ao mesmo tempo, uma afabilidade e uma simpatia trasbordante. Penso que a Dr.ª Alda Nogueira fez em todos os Deputados que conviveram com ela no Parlamento - e já não serão muitos os que cá estão - verdadeiros amigos. Fui um deles, tive várias oportunidades de falar com ela sobre variados assuntos, de ver a vastidão da sua cultura e, principalmente - e era isso que gostaria que aqui ficasse assinalado -, a afabilidade de uma pessoa que tem uma enorme dimensão humana. Aliás, só com essa dimensão as pessoas são capazes de se dedicar inteiramente àquilo em que acreditam. Alda Nogueira teve-a. Tenhamos nós as ideias que tivermos sobre as ideias dela, ela merece-nos o nosso respeito.
Apresento, em nome do meu partido, condolências à sua família.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, quero associar-me pessoalmente às vossas palavras e aos vossos sentimentos, porque também privei com a Dr.ª Alda Nogueira durante muitos anos nesta Casa, habituei-me a admirá-la e a considerá-la e creio que chegamos mesmo a, sinceramente, estimar-nos mutuamente.
Ressaltava dela um fundo pouco expansivo, ela não era uma pessoa expansiva, talvez em resultado do muito que sofreu, mas havia nela a beleza das convicções, das ideias e da sinceridade que punha na defesa dessas ideias e dessas convicções. Guardo dela a melhor recordação. Estou, sinceramente, muito penalizado por termos perdido esta nossa ex-colega.