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21 DE MAIO DE 1998 2417

exactamente, levantar a minha voz contra aqueles que, olhando para a realidade, acham que é melhor escondê-la e tapá-la, fingir que ela não é essa. E V. Ex.ª, não de uma forma sincera mas, porventura, para dar mais ânimo a este debate,
personificou-os.
Isso faz-me lembrar um pouco, Sr. Deputado, aquele cidadão que, sendo anão, pretende disputar, num jogo de basquetebol, as bolas altas com os gigantes da modalidade. É isso que V. Ex.ª está a dizer-nos quando refere que os números são exactos mas é demagogia falar neles, que os números são exactos mas é miserabilismo falar neles.
Sr. Deputado, estou tão feliz pela inauguração da Expo 98 como qualquer um dos senhores...

O Sr. José Saraiva (PS): - Não parece!

O Orador: - ...e concordo inteiramente consigo quando diz que Portugal teve ao longo da sua história muitos momentos de grande glória. Aliás, espero que, no futuro, continue a tê-los, ao longo da história que há-de ainda ser vivida. Portanto, nisso, estou inteiramente de acordo consigo!
Agora, é exactamente nos momentos de grande glória, nos momentos em que temos razões para nos congratularmos por determinadas vitórias que o País alcança que temos de pensar nas situações que têm de ser resolvidas. Não podemos deitar-nos ao sol, e o seu discurso pareceu-me significar que o seu partido quer deitar-se ao sol. E, aí, felicito-o pela coerência, porque, de facto, o seu discurso passou a encaixar, na perfeição, a prática do seu partido no Governo. Isto é, se corre bem unia coisa, por exemplo, a Expo 98, então não vamos falar mais das misérias, das assimetrias, das desigualdades ou das injustiças, mesmo que tenhamos ganho as eleições a prometer ao "Zé Pagode" que íamos, justamente, acabar com essas assimetrias, com essas injustiças, com essas desigualdades.
É isso que os senhores estão a demonstrar, tanto na prática como no discurso e, portanto, Sr. Deputado, felicito-o pela sua coerência.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Amaral.

O Sr. João Amaral (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro da Vinha Costa, a questão que trouxe aqui é muito relevante, porque todas as zonas do País têm muitas carências, mas a realidade é que as carências da área central do País, da Zona da Grande Lisboa, têm sido atendidas a uma velocidade maior do que as carências de outras zonas. E o que, se passa com o Grande Porto passa-se também com outras regiões, ou seja, com o Alentejo, com Trás-os-Montes, com a Beira Interior ou com o Algarve.
Em todas estas regiões, há motivos para dizer que a política devia de ser mudada, que devia haver um maior equilíbrio no investimento público, por forma a promover uma maior harmonia no desenvolvimento, porque o desenvolvimento deve ser, antes de tudo, harmonioso e isso não tem sido feita. Ora, essa é uma questão que deve ser colocada.
Agora, vamos ter de saber - e os filhos do Sr. Deputado também - ...

Risos do CDS-PP.

...quem são os responsáveis, porque é importante que eles não se esqueçam disso.
Relativamente aos investimentos feitos em Lisboa, o Sr. Deputado não ignora que muitos daqueles que referiu também foram decididos pelo seu governo. São investimentos, não tenho dúvida!... A construção da nova ponte sobre o Tejo e do Centro Cultural de Belém - que era muito necessário -,foram decididos pelo governo do PSD.
Mas não é nada disso o que me leva a intervir. O que me leva a fazê-lo são duas questões muito directas: a Expo 98 e o norte.
Há muita gente, no norte, que entende que o País ganharia se fosse chamada a atenção do mundo para a importância daquela região, com uma grande realização centrada no Porto mas envolvendo outras áreas do norte. Há muita gente que o entende e o desafio que está feito ao Governo é o de ser capaz, em conjunto com as autarquias, com a respectiva Área Metropolitana, encontrar uma solução para que isso se concretize.
A segunda questão que me leva a intervir é por eu achar, Sr. Deputado Pedro da Vinha Costa, que a sua intervenção deve ser publicada em toda a parte, para vermos como o País é coeso. Ela foi a demonstração da. coesão que os senhores tanto dizem que o País tem e que pode ser atingida através da regionalização.
O Sr. Deputado fez aqui uma intervenção acusatória, mostrando e exemplificando aquilo que dizemos, ou seja, que o País não é coeso a esse nível porque tem profundas assimetrias e porque as profundas assimetrias levam a discursos como aquele que o Sr. Deputado fez.
E quando se trata de resolver esse problema, quando se trata de caminhar no sentido da sua resolução, por exemplo, criando as regiões, aí o Sr. Deputado e o seu partido, em vez de se colocarem francamente ao lado desse processo, procuram contrariá-lo por todas as formas.
Essa foi uma contradição sem saída que o Sr. Deputado teve no seu discurso.

Aplausos do PCP e do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o entender, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro da Vinha Costa.

O Sr. Pedro da Vinha Costa (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado João Amaral, concordo consigo quando diz que estas assimetrias não existem só no que diz respeito à comparação entre Lisboa e Porto. Falei do Porto porque fui eleito por lá, aliás, como V. Ex.ª e, portanto, se amanhã o Sr. Deputado falasse sobre a questão do desemprego em Portugal, eu perceberia que se centrasse mais no Porto do que em qualquer outra região, até porque aí, como sabe, o desemprego é substancialmente mais elevado do que em qualquer outra zona do País.
Portanto, Sr. Deputado, concordando consigo no que diz respeito às assimetrias regionais que existem entre a capital e o resto do País e concordando até com os termos, que eu classificaria de elegantes, com que se referiu à questão da resolução mais rápida dos problemas em Lisboa do que no resto do País, quero também dizer-lhe que acho que V. Ex.ª tem razão quando diz que importa saber quem são os respon-