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21 DE MAIO DE 1998 2421

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Deputado Octávio Teixeira, o senhor é um homem inteligente, é um excelente parlamentar, é um. homem de carácter, portanto, peço-lhe que, intelectualmente, evolua um bocadinho, sobretudo quando tiver de fazer referências, faça-as de uma maneira mais explícita e não tão implícita.
Também não posso deixar sem reparo a referência que fez às eventuais vantagens de natureza material que teriam alguns elementos que participaram nos governos anteriores. Não percebemos bem o que é que o senhor queria dizer. Será que o senhor, agora, é o porta-voz de uma folha informativa que circula por aí, que já, aliás, ofendeu várias pessoas desta Casa, com sucessivos processos transitados em julgado e com condenações adequadas?... Se V. Ex.ª não foi apenas o porta-voz disso ou se tem qualquer informação mais precisa, mais consistente, que nos pudesse transmitir, nesse caso, talvez fosse bom que a colocasse.

O Sr. Presidente: - Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O Orador: - Vou terminar, Sr. Presidente.
Basicamente, o que quero dizer-lhe, Sr. Deputado, é que esse tipo de discurso está ultrapassado. V. Ex.ª deve fazer um esforço, a bem da esquerda, que o senhor também quer representar, para que o seu discurso possa evoluir.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Teixeira.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr: Presidente, Sr. Deputado Manuel dos Santos, se tem dificuldade em conversar comigo, o problema é seu, há-de compreender que não vou preocupar-me com uma coisa dessas. Mas julgo que se tratou mais de uma questão de retórica do que de outra coisa, pelo que vamos às questões de fundo.
V. Ex ' acabou por dizer, na sua intervenção, que se eu também quiser fazer alguma coisa pela esquerda... Sr. Deputado, está completamente deslocado, o problema é saber se VV. Ex.ª querem fazer alguma coisa pela esquerda, porque quanto a nós não há qualquer dúvida.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Há, há!

O Orador:'- Principalmente, quando V. Ex.ª vem dizer que ser de esquerda, hoje - aliás, há três anos, o actual Primeiro-Ministro veio dizer que o paradigma da nova esquerda era o Sr. Clinton e V. Ex.ª, agora, sem referir o Clinton, vem dizer a mesma coisa -, é intervir no mundo empresarial.
O problema é que os senhores não estão a intervir apenas no mundo empresarial, os senhores estão a intervir com o mundo empresarial, estão colados ao mundo empresarial, apoiados nele, admitindo e permitindo que o mundo empresarial se apoie em VV. Ex.as. Certamente, esse não pode ser o caminho da esquerda! Esse será outro caminho mas não é o da esquerda, é um caminho completamente diferente e inverso.
O Sr. Deputado disse que eu fiz algumas referências im. políticas. Quais? Eu disse claramente que ao Sr. Primeiro-Ministro lhe faltava tempo para as questões essenciais, porque entre as inaugurações, etc., andava preocupado com o bem-estar material dos ex-membros do Governo...

Risos.

Isso é público, é conhecido! Não sei qual é a folha a que se referiu, vi isto em vários jornais, com a listagem completa e, até hoje, nunca foi desmentido, nem pelo Governo nem por nenhum dos beneficiados com essas sinecuras. Essa é a questão e não é profecia nem nada que se pareça! Não é uma referência implícita, é uma verdade que se verifica.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - O Manuel dos Santos falou nisso porque é uma excepção!

O Orador: - O que acabei de ouvir, leva-me a dizer que talvez tenha razão a sua referência a esta problemática: é que V. Ex.ª - e aqui penitencio-me, com toda a sinceridade - será, possivelmente, a única excepção desta preocupação do Sr. Primeiro-Ministro em relação aos seus ex-governantes. Com toda a sinceridade, não me tinha lembrado que V. Ex.ª fazia parte desse lote dos ex-governantes e não daqueles em relação aos quais o Sr. PrimeiroMinistro está preocupado com o bem-estar material.

Risos do PCP.

Quanto à questão das profecias, Sr. Deputado, aquilo que aqui referi sobre a Comissão Europeia não são profecias. Referi aquilo que a Comissão Europeia se prepara para exigir, aliás, já declarou que o vai exigir. Não estou a fazer profecias, o que lhe digo, e o que disse aos Srs. Deputados do Partido Socialista, é que talvez comece a ser tarde para um discurso que, além de ser meramente de promessa, é retórico, mesmo que eventualmente tivesse algum fundo de verdade em termos de vontade política. De facto, começa já a ser demasiado tarde e esta é que é a questão!
A questão, Sr. Deputado Manuel dos Santos, é a que lhe referi inicialmente: um governo que se diz de esquerda tem de sê-lo! Um governo não é de esquerda só pelo facto de dizer que é de esquerda, só o é se fizer política de esquerda, se for orientado pela esquerda para, fundamentalmente, beneficio de todos os trabalhadores, da população, com justiça e solidariedade, coisa que o Governo do PS não tem feito.

Aplausos do PCP

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para uma defesa da honra.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, dar-lhe-ei a palavra no fim da última resposta aos pedidos de esclarecimentos do Sr. Deputado Octávio Teixeira, visto a defesa da honra não ser da bancada.
Assim, para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Encarnação.

Aparte inaudível do Deputado do PS António Reis.