O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1634 I SÉRIE-NÚMERO 44

permita enfim realizar a mais generosa de todas as utopias a que associa a liberdade à igualdade e à fraternidade».
Como poderia não me emocionar essa referência à divisa da República Francesa, herdada da nossa Revolução? Como se poderia deixar de ver esta comunidade de ideais que nos convida, portugueses e franceses, a lançarmos juntos, na Europa e no resto do mundo, os grandes combates, para abolir, como dizia V. Ex.ª, Sr. Presidente, na «família universal, as fronteiras entre dominantes e dominados, privilegiados e excluídos, ricos e pobres, cultos e analfabetos»?
Portugal presidirá a União Europeia a partir de uma data que marca o imaginário dos povos l de Janeiro do ano 2000 E e a França que lhe sucederá, no segundo semestre desse mesmo ano Pois bem, aproveitemos esse ano 2000 sob a presidência luso-francesa para fazermos progredir a nossa visão comum da Europa!
Como eu já disse, não estamos a construir os Estados Unidos da Europa, mas a Europa unida dos Estados.

Aplausos do PS do PSD e do CDS-PP.

Uma Europa exemplar na pratica da democracia Uma Europa que assegura a justa representação dos seus membros, bem como a tomada em consideraçâo equitativa dos interesses e das preocupações de cada país e de cada povo. E neste espírito que a Europa deverá concluir a reforma das suas instituições antes de se alargar Deverá procurar alcançar a eficácia colegial, sem diluição de identidade, dentro do respeito pelas nossas nações livres, soberanas, orgulhosas da sua história, apegadas às suas tradições e à sua cultura, mas desejosas de construir juntas uma comunidade unida pelo mesmo destino A França e, sei muito bem, Portugal compartilham a mesma preocupação de alcançar este equilíbrio sem precedente na Historia.
Uma Europa democrática, mas também uma Europa solidária, atenta a sorte dos mais fracos Uma Europa generosa, que alie os sucessos económicas e o progresso humano Portugueses e franceses compartilham, também nesta área, a mesma preocupação com a dimensão social da Europa Para Portugal, como para a França, a defesa e ci aprofundamento do nosso modelo social estão entre as nossas maiores prioridades, assim como a nossa determinação em combater por todos os meios os flagelos do desemprego e da exclusão Portugueses e franceses têm militado para a adopção de um pacto europeu para o emprego.
A União Europeia, reforçada pelos seus valores e o seu modelo social, confortada na sua construção económica pelo lançamento bem sucedido do euro, deve agora dedicar se a elaboração de uma política externa e de segurança comum, indispensável ao surgimento de um mundo multipolar harmonioso.
Tendo tido em tantas ocasiões, no decorrer da nossa historia, de lutar pela nossa liberdade, a vossa pátria e a minha conhecem o preço da paz A paz, que está no âmago do projecto europeu A paz, em primeiro lugar, no nosso continente, mas também a paz que devemos ajudar a construir em todo o mundo Por isso, portugueses e franceses desejam dotar a União Europeia dos meios que lhe permitam agir quando julgarem necessário, quando os seus interesses estiverem em jogo, quando os seus ideais humanistas estiverem ameaçados
Sei muito bem que serão necessários tempo e perseverança. Mas este ano, com a implementação do Tratado de Amesterdão e a próxima Cimeira que marcará o cinquentenário da Aliança Atlântica, poderão ser realizados progressos significativos.
No âmbito de uma parceria transatlântica mais forte em virtude de um maior equilíbrio, a Europa da defesa poderá ser construída sobre a pedra fundamental que representa a declaração franco-britânica de Saint-Malo Regozijo-me pelo acolhimento favorável que lhe foi reservado em Lisboa, como nas outras capitais europeias Doravante, deveremos agir todos juntos para que a União Europeia possa desempenhar plenamente o seu papel na solução das crises que a afectam
Compartilhando uma mesma visão de um mundo mais justo e em paz, portugueses e franceses deverão, por fim, trabalhar de mãos dadas no plano internacional
Há mais de cinco séculos, Portugal tem exercido, graças à sua vocação marítima, a sua influência no mundo Ao longo da História, tem tecido laços privilegiados com numerosos países e tem um papel importante a desempenhar no concerto das nações.
Assim, o vosso país tem acolhido e dirigido, nestes últimos anos, grandes encontros internacionais, como a Cimeira da OSCE e a Conferência Ministerial da NATO Assim, 1998 foi um ano marcado, com brilhantismo, pelo vosso interesse pelas questões mundiais A Exposição Internacional de Lisboa constituiu um acontecimento internacional excepcional Para alem do seu tema, o dos Oceanos, sem dúvida crucial para o nosso planeta, constituiu uma ocasião que possibilitou encontros e diálogos políticos, manifestações internacionais, como a primeira Conferência Mundial dos Ministros da Juventude, ou a Reunião de Ministros Europeus do Meio Ambiente, que permitiram que fossem abordados os grandes desafios do futuro.
A vossa voz é ouvida nas grandes instâncias internacionais e nomeadamente nas Nações Unidas A vossa participação nas operações de manutenção da paz e a vossa recente presença no Conselho de Segurança salientam o vosso papel de actor fundamental e dinâmico na gestão das grandes crises com que se depara a comunidade internacional
Em primeiro lugar, nos Balcãs, onde os nossos soldados estão empenhados ombro a ombro, devemos, com todos os nossos parceiros da Europa e da Aliança, unir os nossos esforços, como já fizémos na Bósnia, para extinguir, no Kosovo, um incêndio que ameaça cada vez mais estender-se ao conjunto da região Para que a democracia e o respeito pelos direitos do homem terminem por vencer a agressão e o terror
Em segundo lugar, em África, nesta África que Portugal e França conhecem tão bem e que tão sinceramente amam Como sabem, a França tem-se empenhado, há muitos anos, num esforço de renovação da sua relação com África, para a instauração de uma relação de fidelidade e abertura A época dos territórios isolados pertence ao passado Portugueses e franceses, que exerceram responsabilidades em África e que se preocupam com o seu futuro, devem unir os seus esforços para contribuir para uma maior estabilidade, num continente muitas vezes dilacerado pelos conflitos, pelas lutas étnicas e pela fragilidade dos Estados Preocupa-me em particular a região dos Grandes Lagos, mas também Angola, que havia iniciado o processo de reconstrução nacional, que havia retomado a confiança e que, no entanto, voltou a sofrer a violência dos combates Devemos juntos sustentar com todas as nossas forças o processo de paz angolano, conclamando à estrita observância do protocolo de Lusaka Juntos ainda