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0340 | I Série - Número 10 | 13 De Outubro De 2000

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Não podemos deixar passar este momento sem transmitir que os resultados alcançados pela selecção olímpica em Sidney ficaram muito aquém das expectativas. Podemos dizer que foram uma desilusão para a esmagadora maioria dos atletas e para todos os portugueses.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - É por isso que temos o direito e o dever de aqui perguntar: de quem foi a responsabilidade? Quem falhou? Os treinadores? Os atletas? Os dirigentes? As federações?
Há cinco anos, então na oposição, o Eng.º Guterres afirmava que tudo seria diferente para o desporto português se ele viesse a ser Primeiro-Ministro.
Os portugueses e as portuguesas fizeram-lhe a vontade e, passados que são cinco anos de governação socialista, o desporto em Portugal está sem rumo, sem orientação e sem planeamento.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Protestos do PS.

O Orador: - O PS não pode esconder esta realidade.
Por isso, é possível, agora, fazer um primeiro balanço do ciclo «cor-de-rosa» do desporto nacional.
Em 1996, depois dos Jogos Olímpicos de Atlanta, o então Secretário de Estado Miranda Calha considerava a nossa presença naqueles jogos como globalmente positiva, não tanto pelo número de medalhas mas, sobretudo, pelo conjunto de resultados obtidos. Tivemos a oportunidade, nesta Casa, de lhe dizer que estávamos de acordo, mas que os resultados então obtidos, como era bom de ver, nada tinham a ver com a governação socialista.
Era, também, o reconhecimento tardio, por parte deste então membro do governo, da justeza das políticas seguidas pelo PSD no apoio ao movimento associativo desportivo.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Significava isto, tão-só, que estávamos no bom caminho.
Logo nesse momento, o então Ministro do Desporto, Jorge Coelho, anunciava que a partir daí o esforço de apoio a atletas e às respectivas federações iria ser aumentado, iniciando-se, desde logo, uma aposta séria na preparação dos jogos de Sidney.
Como podemos agora verificar, os resultados obtidos e as declarações dos diferentes responsáveis demonstram que não ouve aposta nenhuma. O PS e o Eng.º Guterres esqueceram-se do desporto!
Em cinco anos de governo socialista, tivemos quatro Ministros do Desporto e dois Secretários de Estado. É muita gente para tão pouco trabalho.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador:- É por isso estranho que, depois da ressaca dos resultados dos jogos de Sidney, o novo Ministro do Desporto venha repetir as mesmas promessas dos anteriores e, para desviar as atenções de todos os portugueses, tenha dito que «nas próximas duas ou três semanas será apresentado um novo plano de desenvolvimento, com o objectivo de, no horizonte de oito anos,» ganhar «mais cedo jovens para a prática desportiva e elevar o nível competitivo do País em competições olímpicas».
O ciclo «cor-de-rosa» está à vista e, se havia dúvida sobre os culpados do insucesso nos recentes jogos olímpicos, o novo Ministro veio confirmar as nossas suspeitas. O plano de desenvolvimento para oito anos agora anunciado é a confissão clara e inequívoca de que muito pouco ou quase nada foi feito nos últimos cinco anos, e, se nos esquecermos das palavras de circunstância e dos discursos oficiais, não é difícil reconhecer que nos últimos anos não houve qualquer projecto coerente e global para o desporto nacional.
Foram, pois, incapazes de projectar e desenvolver o desporto nacional, Ministro atrás de ministro, todos socialistas mas todos incapazes de dar um novo sentido, um novo rumo ao desporto em Portugal.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Também o Presidente do Comité Olímpico de Portugal e, ao mesmo tempo, Presidente do Conselho Superior do Desporto - nomeado pelo poder socialista - dizia, depois dos resultados de Sidney: «já disse ao Sr. Ministro que é importante que os apoios sejam adequados e surjam a tempo e horas.» O que isto quer dizer? Que «há modalidades e federações que esperam tempo sem fim pelos dinheiros que lhes são atribuídos e que, devido aos atrasos, impedem uma planificação adequada das suas tarefas.» E dizia ainda que «não cabe na cabeça de ninguém que o atleta tenha apoio médico e, de um momento para o outro, o deixe de ter. É preciso ter em acção um centro de alto rendimento que funcione 24 horas por dia e com condições.»
Igualmente, Fernando Mota, Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo dizia: «exigimos condições melhores de organização, exigimos centros de alto rendimento, exigimos condições de estabilidade social aos atletas. Se o País quer outra representação, então, que proceda a intervenções de fundo que, aparentemente, não condizem com os orçamentos de desporto.»
Mas muitas outras declarações de outros responsáveis e de outros dirigentes aqui podíamos transcrever e em todas elas, como em cada um dos portugueses, há a convicção forte de que não há em Portugal uma política desportiva.
Sempre nos recusámos a avaliar o desenvolvimento desportivo em função das medalhas conquistadas nesta ou naquela competição. É um erro que não cometemos. O PS, então na oposição, não resistiu à tentação demagógica de aproveitar, por vezes, resultados menos conseguidos nas competições internacionais para criticar os governos do PSD.
Não responsabilizamos o Governo do PS pelas medalhas que não foram conquistadas, responsabilizamos o Governo do PS por não ter uma política para o desporto.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Protestos do PS.