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0342 | I Série - Número 10 | 13 De Outubro De 2000

dos e não os oito que mencionei há pouco. Eles vão pululando! Há última hora, surgiram mais quatro!
Tem a palavra o Sr. Deputado Laurentino Dias, para formular o seu pedido de esclarecimento.

O Sr. Laurentino Dias (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Marta, depois de terminados os jogos olímpicos, o «país desportivo», e não só, tem procurado fazer um balanço ou uma análise da participação portuguesa naqueles jogos. Faltava, de facto, o seu contributo e do PSD para que esse assunto ficasse arrumado.
A vossa posição é a de que a participação portuguesa foi uma desilusão e têm um culpado. Foi um desilusão porque os resultados foram maus e têm um culpado que é o Governo. Assunto arrumado! O País pode, a partir deste momento, ficar descansado. O sistema desportivo, as federações, os atletas, os técnicos podem ficar descansados que já têm o seu problema resolvido por si, de uma penada!

O Sr. António Capucho (PSD): - Exactamente!

O Orador: - Sr. Deputado Carlos Marta, a participação de Portugal nos jogos olímpicos é coisa séria.
Devo dizer-lhe, aliás, que, em minha opinião, as participações portuguesas nos jogos olímpicos, neste como em anteriores, têm muito pouco a ver com as governações do País, com esta ou com as anteriores, com este ou com outro qualquer governo. Têm a ver, sobretudo, com a capacidade de esforço, de sacrifício, de empenhamento e de dedicação às diversas modalidades dos atletas e dos dirigentes que têm programado, trabalhado e participado nas competições e nas preparações dos jogos olímpicos.
Aquilo que tem a ver com os governos, Sr. Deputado Carlos Marta, gostava de o ter ouvido antes da partida dos portugueses para Sidney. No entanto, o que ouvi antes da partida dos portugueses para Sidney foi que, finalmente, tinha havido um programa de apoio e de incentivação da participação portuguesa, de forma a criar condições para que a participação de Portugal fosse digna. Foi isso que ouvi, à partida, e não o ouvi criticar por V. Ex.ª e pelo PSD. Porém, é isso que, infelizmente, ouço quando faz, apenas no final, a análise dos resultados e lhes chama desilusão.
Estes resultados não tiveram foi ouro, ouro que ofusca os olhos e que afasta aquilo que, de facto, é verdade, que é de hoje e é de há muito atrás, ou seja, as debilidades estruturais claras do desporto português, as debilidades claras na estrutura do sistema desportivo português, na definição, ou não, de uma política forte e incentivadora da promoção e do desenvolvimento do desporto português em geral e do desporto de alto rendimento.

O Sr. Presidente: - Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O Orador: - Esta é que é a questão, Sr. Deputado Carlos Marta, e é sobre ela que gostava de o ouvir falar.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Carlos Marta.

O Sr. Carlos Marta (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Laurentino Dias, muito obrigado pela questão que colocou.
O Sr. Deputado fez o diagnóstico da situação, que, de facto, é grave em termos do desporto nacional, pois todos sabemos que, hoje, não há uma política desportiva em Portugal.
Quero dizer-lhe que estamos plenamente de acordo: os resultados foram maus, como, aliás, foi reconhecido por todos os quadrantes políticos, por todos os dirigentes desportivos, por todas as federações, por entidades responsáveis, como, por exemplo, o Presidente da Federação de Atletismo e o Presidente do Comité Olímpico Português, que, simultaneamente, é o Presidente do Conselho Superior do Desporto e foi nomeado pelos socialistas. Portanto, os resultados foram maus e o culpado é o Governo. Estou de acordo consigo!

Protestos do PS.

É que, apesar das promessas feitas pelo Engenheiro Guterres, em 1995, não foi desenvolvido qualquer projecto nacional e coerente para o desporto português. Praticamente nada foi feito!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Aliás, se ainda havia dúvidas sobre esta matéria, o novo ministro da tutela, logo após ter visto os resultados de Sydney, deu-nos a resposta, dizendo que «vamos agora preparar um novo plano de desenvolvimento para os próximos oito anos», o que equivale a uma confissão clara, objectiva, de que o Governo nada fez nos últimos cinco anos.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Creio que é necessária e urgente uma reflexão sobre o desporto em Portugal, mas parece-me ridículo responsabilizar este Governo pelos resultados obtidos pelos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos de Sydney. Considero isso tão ridículo como seria se, agora, eu acusasse o governo de Cavaco Silva pelo facto de Portugal ter sido um dos três países europeus que não obteve qualquer medalha nos Jogos Olímpicos de Barcelona.
O problema não é esse, o problema é que não há, nem nunca houve, uma política desportiva em Portugal. Houve excepções, mas os resultados das prestações portuguesas em jogos olímpicos foram quase sempre maus. Repito que houve excepções à regra, houve atletas excepcionais, nascidos, aliás, da luta contra a pobreza e as dificuldades, como Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro,...

Aplausos do PS.

... mas são excepções!
Num país periférico como o nosso, com atrasos ancestrais como os nossos, o Estado não pode demitir-se das suas responsabilidades. E qual é a responsabilidade do Estado? É a de fomentar a prática do desporto como parte