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1487 | I Série - Número 37 | 18 de Janeiro de 2001

 

e, pela nossa parte, continuamos a contar com muito eleitores da CDU que votaram no Dr. Jorge Sampaio.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Medeiros Ferreira.

O Sr. Medeiros Ferreira (PS): - Sr. Presidente, gostava de dizer que, tendo sido membro das comissões políticas das candidaturas presidenciais de Ramalho Eanes, de Salgado Zenha, em 1986, de Mário Soares, em 1991, e de Jorge Sampaio, das duas vezes, a única surpresa que tive de defrontar até hoje foi a não desistência do Partido Comunista nestas eleições presidenciais!
Penso que essa capacidade de surpresa por parte do Partido Comunista é bem-vinda ao sistema democrático, é bem-vinda à pugna eleitoral e não queria retirar nenhuma lição especial da vossa participação até ao fim, a não ser aquela que produzi da tribuna desta Assembleia. Ou seja, acentuar que Jorge Sampaio ganhou as eleições à primeira volta, apesar de ter como concorrentes um candidato único à direita e três candidatos que se reclamam da esquerda, uns com maior representatividade, outros com menor.
É óbvio que o candidato do Partido Comunista, à escala das percentagens e dos votos, demonstrou que dos outros três candidatos à esquerda era o mais representativo.
E, já que felicitou o candidato Jorge Sampaio por ter atingido o objectivo que se propunha, ou seja, ser eleito Presidente da República, pressupondo que o vosso objectivo era o de ter mais votos entre os outros candidatos da esquerda, também não quero deixar de felicitar, talvez na percentagem desses votos, o Partido Comunista pelo efeito.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Medeiros Ferreira, ouvi a sua intervenção e julgo que, eleito o Presidente da República na primeira volta, é importante, agora, que a Câmara reflicta sobre um fenómeno, o da abstenção.
Penso que todos os partidos devem reflectir politicamente sobre as suas causas, pois não temos para nós que haja qualquer fatalismo ou que a chamada «estabilidade» seja sinónimo do afastamento e do desinteresse das pessoas em participarem em todas as questões que lhes dizem respeito. Em todo o caso, o Presidente Jorge Sampaio, qualquer que tivesse sido a percentagem de abstenção, tem a legitimidade de alguém que é eleito directamente pelos cidadãos portugueses.
Como o Sr. Deputado sabe, Os Verdes não apoiaram qualquer dos candidatos presidenciais que concorreram nestas eleições, mas não quero deixar de dizer que Os Verdes esperam vivamente que o segundo mandato do Presidente Jorge Sampaio seja marcado pelo exercício pleno dos poderes que a Constituição lhe atribui, seja um mandato de respeito e de relação com todos os partidos representados na Assembleia da República, seja um mandato que favoreça, propicie e estimule a participação dos cidadãos. É esse o nosso voto e é nesse sentido que saudamos o novo Presidente eleito.
Não gostaria de deixar de dizer, Sr. Deputado, porque referiu que o Presidente Jorge Sampaio é «um homem para todas as estações», que as estações têm estado a mudar, e é essa mudança que esperamos vivamente neste segundo mandato.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Medeiros Ferreira.

O Sr. Medeiros Ferreira (PS): - Sr. Presidente, não quero deixar de responder à Sr.ª Deputada Isabel Castro pela intervenção que fez e, de certa maneira, tendo em conta a «constelação» e a coligação em que está envolvida, quase que ousaria pensar que, não tendo Os Verdes concorrido a estas eleições, os outros 5% que, em princípio, a sua coligação poderia ter talvez venham a pertencer a essa corrente.
Refiro esse aspecto, porque, durante a campanha eleitoral, o candidato Jorge Sampaio demonstrou sempre um interesse, um empenhamento e um seguimento de todas as questões ambientais, de todas as questões de futuro, de todas as questões relacionadas com a juventude, a educação e de tantos temas que a Deputada Isabel Castro tem trazido a este Plenário que estou convencido de que o eleitorado de Os Verdes se sentirá, certamente, representado, como, aliás, todos os portugueses, nesta eleição de Jorge Sampaio.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Também para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Neves.

A Sr.ª Helena Neves (BE): - Sr. Presidente, Sr.as Deputadas, Srs. Deputados: As eleições presidenciais sugerem três grandes reflexões a que esta Assembleia da República não se deve furtar - acerca da estrutura da relação de forças política no País, acerca das questões essenciais que estiveram em debate e, finalmente, acerca da abstenção e dos meios de a evitar.
Em primeiro lugar, a vitória clara da recandidatura de Jorge Sampaio perante a ausência de contendores por parte do PSD e do PP provou que, no ciclo político de recomposição da direita, se acentuam as divisões, as crispações e as dificuldades de constituição de uma alternativa de referência. A atitude do candidato e Deputado Ferreira do Amaral, que de manhã e com o seu partido se opunha ao envio de novos contingentes para o Kosovo para à tarde votar a favor desse mesmo envio, diz tudo acerca da coerência, da complacência institucional e do funcionamento de um bloco central que nunca falha nas ocasiões. A direita perdeu por falta de comparência, porque não tinha alternativa nem de pessoas nem de políticas.
A direita não teve voz nesta campanha, mas a vozearia começou logo na noite das eleições com o debate acerca dos candidatos das eleições que se seguem.
Em contrapartida, a esquerda apresentou vários candidatos e dispersou-se por vários votos. Como sabem, é